Concurso tem como objetivo valorizar o design nacional e conta com premiação de até US$ 5 mil dólares, além de viagens a Milão aos três primeiros colocados.
No último dia 15, ocorreu a entrega do 1º Prêmio Adriana Adam de Design aos vencedores anunciados no final de 2021, no teatro do WTC, junto do Shopping D&D. Na ocasião, o arquiteto italiano e designer Gaetano Pesce, um dos maiores nomes da cena internacional ainda em atuação, e Marcelo Lima, arquiteto e crítico de design, que também é curador da premiação estiveram presente para celebrar esta primeira edição. Nascida sob a inspiração de Gaetano Pesce, a premiação, que tem como objetivo primordial revelar novos talentos do design brasileiro, visa trabalhar, igualmente, pela inserção dos jovens profissionais nos mercados nacional e internacional.
Cada um dos três vencedores foi contemplado com a execução de um protótipo de seu projeto para exibição promocional em mostras dentro e fora do país; valores em dinheiro, a depender de sua colocação e, ainda, uma viagem a Milão, Itália, para acompanhar a exposição coletiva das propostas vencedoras prevista para acontecer durante a 61ª edição do Salone del Mobile, de 7 a 12 de junho deste ano.
A sabedoria ímpar de Gaetano em reconhecer capacidades criativas e artísticas o levou, apesar da distância cronológica, a fazer questão de homenagear neste concurso um grande talento feminino brasileiro, jogando luz a uma história provavelmente ainda desconhecida pelos próprios brasileiros. O concurso busca de criadores dispostos a imaginar soluções verdadeiramente inovadoras para os objetos que povoam o nosso cotidiano: de móveis a luminárias, de tapetes a acessórios. Indivíduos aptos a compreender toda a complexidade das questões contemporâneas e, ainda assim, capazes de surpreender.
A avaliação final dos projetos foi conduzida por um corpo de jurados formado por especialistas do Brasil e do exterior e terá a originalidade de linguagem, a inovação técnica e o uso de novos materiais como critérios decisivos. A presidência de honra do júri ficará a critério de Gaetano Pesce. Para compor a banca, foram selecionados seis renomados e importantes profissionais da área no Brasil e no exterior. São eles: Glenn Adamson, curador, escritor e historiador radicado em Nova York, Estados Unidos. Acumula no currículo postos notáveis, como a direção do Museu de Artes e Design de Nova York e o cargo de Chefe de Pesquisa do Victoria & Albert Museum, de Londres; Silvana Annicchiarico, arquiteta, curadora de design independente, palestrante, crítica, pesquisadora e que desde 1998 é curadora da Coleção Permanente de Design Italiano do Triennale Milano, exercendo de 2007 a 2018 o cargo de Diretora do Triennale Design Museum de Milão; Christian Ullmann, formado em desenho industrial pela Universidade de Buenos Aires, Argentina, reside no Brasil desde 1996 e é coordenador de projetos do centro de inovação IED Brasil. Giancarlo Latorraca, arquiteto e doutorando em Design pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, FAU/USP, é Diretor Técnico do Museu da Casa Brasileira, MCB. Fernanda Sarmento, pesquisadora, curadora de exposições sobre design e também professora nos cursos de Arquitetura e de Design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, FAU/USP e, para completar o time, Marva Griffin, fundadora e curadora do SaloneSatellite, evento especial dentro do Salone Internazionale del Mobile de Milão.
Afinadas com os objetivos e ideais do concurso, três empresas nacionais foram selecionadas como as grandes parceiras desta primeira edição: by Kamy, Itens Collections e Odara.
Projetos premiados
1° Lugar ESPELHO GUILHOTINE
Autor: Ricardo Lanfredi Peruzzolo
Criado por Ricardo Lanfredi Peruzzolo, 22, natural de Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul, Guillotine é um espelho de piso, que tem como inspiração os antigos aparelhos de decapitação mecânica, inventados por Joseph Ignace Gillotin, em 1738, durante a Revolução Francesa. “Resolvi contrapor neste objeto duas ideias aparentemente antagônicas. O espelho, no que ele traz de prazer e a guilhotina.: um aparelho ligado à morte, à dor, ao sofrimento. Unindo a função do objeto (a de refletir o corpo), com sua inspiração formal, a guilhotina, minha intenção foi provocar uma reflexão sobre como a aparência perfeita pode hoje impactar negativamente a vida das pessoas. ”, explica o estudante de arquitetura e urbanismo.
Peruzzolo comenta ainda como, por meio de um objeto decorativo é possível realizar um alerta sobre os perigos da obsessão pelo ‘corpo perfeito’. Assunto de extrema relevância nos dias atuais, sobretudo nas redes sociais. “ A questão estará sempre presente, quer a peça esteja em um quarto, em um hall de entrada ou em um estabelecimento comercial”, pontua ele.
2° Lugar LUMINÁRIA AURIS
Autoras: Manoela de Assumpção Gazze, Victória Munhoz e Verônica Ribeiro.
Inspirada pelos troncos de árvores recobertos por urupês, cogumelos popularmente conhecidos no Brasil como orelhas de pau, Manoela de Assumpção Gazze, estudante de design da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, segunda colocada no 1o. Prêmio Adriana Adam de Design, explica que sua principal intenção, ao compor a luminária Auris, foi simplesmente levar um pouco da leveza e do frescor das matas para o agitado contexto urbano.
“Pensei em pétalas de papel vergê combinadas a delicadas hastes de alumínio. Ambos materiais, recicláveis. Já as pastilhas de LED, de onde provém a luz, garantem boas condições de luminosidade, consomem pouca energia e, por emitir pouco calor podem ser enclausuradas entre as pétalas com toda segurança”, explica a designer.
3° Lugar COLEÇÃO 22
Autor: Welison Barbosa dos Santos
Desenvolvida pelo designer curitibano Welison Barbosa dos Santos, 22 é uma coleção que traz à tona três conceitos da mais alta relevância no mundo contemporâneo: design, arte e empoderamento feminino. “A pluralidade é marca desta coleção, (composta por mesa, espelho e poltrona), que combinou, desde o primeiro momento de sua concepção, diferentes técnicas de produção: da tapeçaria à tornearia”, como pontua dos Santos.
Para o idealizador do concurso, porém, todas as atenções foram diretamente dirigidas ao desenho da mesa Cogumelo, à qual Gaetano Pesce atribui a terceira colocação no presente concurso. “Minha atenção se fixou imediatamente no desenho da mesa. O aspecto figurativo deste projeto é muito interessante. As diferentes alturas e formas são uma reminiscência das silhuetas orgânicas da natureza. E, com toda certeza, os recursos técnicos que dispomos hoje vão possibilitar a floração de todos os ‘brotos’ dessas superfícies, explica Gaetano.
Fonte: Prêmio Adriana Adam de Design e by Kamy.
Imagens: Rafael Renzo e Divulgação.