Sob o título Terra, a representação do Pavilhão do Brasil na Biennale Architettura 2023, com curadoria de Gabriela de Matos e Paulo Tavares, propõe repensar o passado para projetar futuros possíveis.
A Fundação Bienal de São Paulo tem o prazer de anunciar que, nesta manhã de sábado, 20 de maio de 2023, na Ca’ Giustinian, em Veneza, o Pavilhão do Brasil recebeu o Leão de Ouro de melhor Participação Nacional na 18ª Exposição Internacional de Arquitetura – La Biennale di Venezia. Esta é a primeira vez que este renomado prêmio internacional é concedido ao Pavilhão do Brasil. O Leão de Ouro distingue a exposição Terra, que tem curadoria de Gabriela de Matos e Paulo Tavares. Os curadores, juntamente com representantes da Fundação Bienal de São Paulo, comissária da exposição, receberam o prêmio na abertura oficial da 59ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia, em Veneza.
“Estamos muito felizes por ter recebido esta oportunidade, inspirados por Lesley Lokko, de apresentar o Brasil como um território diaspórico, com grandes contribuições ancestrais das comunidades afro-brasileiras e indígenas. Acreditamos que essas são as tecnologias que devem fazer parte das soluções para criar um futuro diferente e mais igualitário para a humanidade e para restaurar e proteger nosso mundo natural.” – Gabriela de Matos e Paulo Tavares.
O Pavilhão propõe repensar o passado para projetar futuros possíveis, destacando atores esquecidos pelos cânones arquitetônicos, em diálogo com a curadoria da Bienal de Veneza, edição 2023, Laboratório do Futuro. A partir de uma reflexão sobre o Brasil do passado, do presente e do futuro, a exposição coloca a terra no centro do debate, tanto como elemento poético quanto como elemento concreto no espaço expositivo. Para isso, todo o pavilhão foi preenchido com terra, colocando o público em contato direto com a tradição dos territórios indígenas, as moradias quilombolas e as cerimônias do candomblé.
E conta com a colaboração dos seguintes participantes: povos indígenas Mbya-Guarani; povos indígenas Tukano, Arawak e Maku; tecelãs Alaká (Ilê Axé Opô Afonjá); Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca do Engenho Velho); Ana Flávia Magalhães Pinto; Ayrson Heráclito; Day Rodrigues em colaboração com Vilma Patrícia Santana Silva (Grupo Etnicidades FAU-UFBA); coletivo Fissura; Juliana Vicente; Thierry Oussou e Vídeo nas Aldeias.
“Nossa proposta curatorial se baseia em pensar o Brasil como terra. Terra como solo, fertilizante, terreno e território. Mas também terra em seu sentido global e cósmico, como planeta e casa comum de toda a vida, humana e não humana. Terra como memória e também como futuro, olhando para o passado e para o patrimônio para ampliar o campo da arquitetura diante das questões urbanas, territoriais e ambientais mais urgentes” – Gabriela de Matos e Paulo Tavares.
Elementos das habitações populares brasileiras estão presentes na entrada do pavilhão brasileiro e contrastam com as características modernistas do prédio, como as cercas com o símbolo sankofa – pertencente a um sistema de escrita africano chamado Adinkra, do povo Akan da África Ocidental, que tem sido amplamente usado em designs de cercas e pode ser visto na maioria das cidades brasileiras, significando “olhar para o conhecimento de nossos ancestrais em busca de construir um futuro melhor”, afirmam os curadores.
A decisão de conceder o Leão de Ouro foi tomada pelos membros do júri internacional da 18ª Exposição Internacional de Arquitetura: o arquiteto italiano e curador Ippolito Pestellini Laparelli (presidente); a arquiteta e curadora palestina Nora Akawi; a diretora americana e curadora do The Studio Museum di Harlem, Thelma Golden; o fundador zimbabuano e coeditor da Cityscapes Magazine, Tau Tavengwa; a polonesa Izabela Wieczorek, arquiteta na Espanha, pesquisadora e educadora baseada em Londres. O júri é nomeado pelo Conselho de Administração da Bienal de Veneza, por recomendação de Lesley Lokko, curadora da 18ª Exposição intitulada O Laboratório do Futuro. De acordo com o júri, o “Leão de Ouro de Melhor Participação Nacional [foi concedido] ao Brasil por uma exposição de pesquisa e intervenção arquitetônica que centra as filosofias e imaginários das populações indígenas e negras em direção a modos de reparação”.
Serviço
Pavilhão do Brasil na 18ª Mostra Internacional de Arquitetura – La Biennale di Venezia Exposição: Terra
Comissário: José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo
Curadoria: Gabriela de Matos e Paulo Tavares
Participantes: Ana Flávia Magalhães Pinto; Ayrson Heráclito; Day Rodrigues com colaboração de Vilma Patrícia Santana Silva; coletivo Fissura; Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca do Engenho Velho); Juliana Vicente; povo indígena Mbya-Guarani; povos indígenas Tukano, Arawak e Maku; Tecelãs do Alaká (Ilê Axé Opô Afonjá); Thierry Oussou; Vídeo nas Aldeias
Local: Pavilhão do Brasil
Endereço: Giardini Napoleonici di Castello, Padiglione Brasile, 30122, Veneza, Itália
Data: 20 de maio a 26 de novembro de 2023