Além de uma casa de moda de alto luxo, o espaço foi planejado para abarcar eventos, desfiles, exposições de artes, sede administrativa da empresa, além de diversas áreas técnicas.
Uma ideia ousada atribuiu novas narrativas e grande poesia para este projeto assinado por Andrea Bazarian e Aldo Urbinati, sócios do escritório Estudio Tupi: replicar uma escada inteira de 30 toneladas desenhada por Oscar Niemeyer para o Palácio do Itamaraty e pousá-la no meio da galeria em grid da NK STORE, com fé e coragem. “Uma presença gigantesca que entrou no recinto sem nem ter sido convidada, afirmando ter a solução única”, afirmam os arquitetos responsáveis por ressignificar a loja de 1.550m², com acessos para as ruas Haddock Lobo e Sarandi, em São Paulo. O sistema de circulação determinado e forçado pela presença da escada em concreto aparente orientou outras decisões, como manter duas portas, uma para cada rua ao redor da esquina, fazendo com que a área da loja se tornasse uma galeria, um pequeno dispositivo urbano ao invés de um salão.
O principal sistema construtivo implantado foi o concreto armado, que dá suporte a todas as principais peças arquitetônicas, como vigas, pilares e a escada. A loja é composta por três imóveis interligados internamente e as duas entradas por ruas perpendiculares entre si configuram uma planta em forma de T. A divisa entre os dois imóveis localizados na rua principal apresenta um volume com pé-direito mais baixo todo revestido por pau-ferro que abriga nichos para exposição de produtos, além de esconder as instalações e a estrutura. O terceiro imóvel conecta-se à loja, abrigando as áreas de apoio e o acesso aos pavimentos administrativos. No lado oposto à entrada, foi criado um grande fosso de aproximadamente 11 metros de altura, conectando visualmente a loja às áreas administrativas e abrigando a escultural escada niemeyeresca.
Quanto à escolha dos materiais, buscou-se certa austeridade, utilizando concreto aparente como base para os acabamentos, madeira, espelhos, cortinas de linho, carpete, latão e mosaico português. Criou-se, assim, uma caixa onde os produtos poderiam estar escondidos por cortinas translúcidas (duplicadas também como revestimento das paredes) ou trancados dentro de armários de pau-ferro, cujos nichos já citados, com portas deslizantes, revelam os tesouros de moda e constituem superfícies opacas quando fechados, trabalho de fina marcenaria.
Tanto o tamanho e a disposição de galeria quanto à sua largura e comprimento proporcionam à casa de moda a possibilidade de celebrar festas e desfiles como nos dias antigos das Maisons de Paris. “Moda e arquitetura: esses são os únicos trabalhos de arte onde seres humanos podem habitar o interior”, refletem Andrea e Aldo.
“Hoje, visitantes dessa casa de moda podem aproveitar um cafezinho ou uma bela leitura embaixo do artefato monumental. Um objeto arquitetônico que afirma ser a primeira citação na história da arquitetura. Quer dizer, a primeira autenticamente aprovada. Nosso trabalho foi além do projeto e do programa da loja para chegar aos arquivos de Oscar Niemeyer para apresentar a ideia como um objeto de arte.” – Estudio Tupi
Peças icônicas de designers brasileiros como Sérgio Rodrigues, Zanine Caldas e Geraldo de Barros completam os ambientes desenhados com sofás em pau-ferro e couro, concreto e camurça. Aqui, exemplo dos bancos produzidos a partir do desenho original da Cadeira M110, de Geraldo de Barros. Essa adequação foi idealizada pelo Estudio Tupi juntamente com a designer Baba Vacaro, diretora de criação da Dpot.
Por Redação
Imagens: Andres Otero