Projeto retrô é influenciado pelas barbearias nova-iorquinas de meados do século passado.
Passar pelas portas desta barbearia é quase uma viagem no tempo. É que as arquitetas Barbara Gomes da Silva e Giulliana Savioli fizeram uma reforma cuidadosa no que antes era um bar, inspirando-se em espaços nova-iorquinos de 1950. O projeto tem 800 m² e três pavimentos que ainda dispõem de cervejaria, área para jogos e estúdio de tatuagem. Mergulhando no universo masculino – com uma proposta para aproveitar muito mais do que um corte de cabelo –, a aposta é no estilo retrô e na irreverência do tijolo aparente. Os pilares foram pintados com tinta de lousa, para anotar recados. Elas ainda restauraram móveis de antiquário, abusando do couro natural e do capitonê nos sofás e poltronas.
“A escada helicoidal em aço corten, o tijolo e o piso de cimento queimado, com tapetes de ladrilho hidráulico, conferem personalidade. A identidade do local está inspirada nos estabelecimentos de Nova Iorque de 1950. Aqui, tudo conversa – logo, mobiliário e até o uniforme dos garçons”, Barbara Gomes da Silva e Giulliana Savioli, Studio 011 Arquitetura.
A barbearia, localizada em São Paulo, soma soluções marcantes, detalhes remetem aos meados do século passado, como a luminária com formato do símbolo da paz, a máquina fotográfica de sanfona e o tambor de açúcar. Toda a decoração segue o estilo retro. O lounge ao lado do balcão da cervejaria conta com móveis de couro envelhecido, com reforço de capitonê, como no célebre sofá Cheesterfield. Os objetos decorativos são da LS Selection e do acervo pessoal do proprietário. Os aparelhos de ar-condicionado (Springer) garantem clima agradável aos frequentadores e se mesclam com o teto pintado de preto. Amplo, o piso térreo tem a bancada dos barbeiros desenhada pelas arquitetas e executada em marcenaria (Luiggi Contini). As cadeiras originais das décadas de 1950 a 1970 foram restauradas. Uma bicicleta aparece pendurada do teto, enquanto uma moto repousa ao lado das poltronas, reforçando o clima masculino do local. Ao fundo, o maior quadro é de Gabriel Wickbold.
Os móveis – como as poltronas Egg, devidamente restauradas, como se tivessem um estofado de automóvel – foram adquiridos em antiquários e ajudam a compor a identidade da barbearia. Detalhe divertido de algo muito comum nos anos de 1950: a cadeira de engraxate que, restaurada, parece sempre ter pertencido ao local. Atrás dela, a sala envidraçada foi pensada como um estúdio de tatuagem.
Por Redação
Imagens: Ricardo Bassetti