Além de abrigar mais crianças, novas aldeias pretendem aumentar a autoestima das crianças através da utilização de técnicas locais, criando uma ponte entre o vernáculo e um novo modelo de habitação sustentável.
Segundo as equipes que assinam o projeto da Aldeia Infantil – Escola Fazenda Canuanã, Rosenbaum + Aleph Zero, a imensidão da savana tropical brasileira, a infinidade do céu e o saber popular foram a inspiração central para elaboração deste espaço. “É a amplitude que nos toca, juntamente com a beleza das pessoas que ali vivem”, comentam.
Algumas perguntas que permearam o início – Como a arquitetura marcada por memórias, técnicas, estéticas e ritmos se tornaria relevante para este local? Como lidar com esse site em que a cultura atual se moderniza e se abstém de qualquer memória por um sonho reproduzido? Como intervir em um lugar marcado pelo trabalho manual da agricultura e da natureza indígena? – orientaram o projeto que caminha para a transformação, resgate cultural, incentivo às técnicas construtivas locais, belezas indígenas e seus saberes, juntamente com a construção da noção de pertencimento, necessária para o desenvolvimento das crianças da escola Canuanã.
A nova organização nas aldeias baseia-se, em primeira instância, na necessidade de agregar valores a todo o complexo existente, bem como potencializar a ideia de pertencimento dos alunos a Canuanã. Desmistificar o estatuto da escola como único espaço de aprendizagem e transformá-la num território com valor de casa.
Para isso, a nova residência está organizada principalmente em duas aldeias, uma para estudantes do sexo masculino e outra para estudantes do sexo feminino. Essa separação já estava presente no esquema da escola e foi mantida. Neste novo momento, as casas não serão mais conformadas por grandes dormitórios, mas por 45 unidades de 6 alunos cada. Com este ato de redução do número de alunos por sala, pretendemos melhorar a qualidade de vida das crianças, a sua individualidade e, consequentemente, o seu desempenho académico.
Adjacentes aos dormitórios encontram-se diferentes espaços de interação como sala de TV, espaço de leitura, varandas, pátios, redes, entre outros. Todos esses programas complementares foram elaborados em conjunto com os alunos com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e refinar o vínculo entre os alunos e a escola.
Desta forma, para além de albergarem um maior número de crianças, as novas aldeias pretendem aumentar a autoestima das crianças através da utilização de técnicas locais, criando uma ponte entre as técnicas vernaculares e um novo modelo de habitação sustentável.
Além de abrigar um número maior de crianças, as novas aldeias pretendem aumentar a autoestima das crianças através da utilização de técnicas locais, criando uma ponte entre o vernáculo e um novo modelo de habitação sustentável.
A localização das moradias não reside mais no coração da fazenda como costumava ser, pois ela deve ser preenchida com programas diretamente relacionados ao ato de aprender. As novas habitações, maiores e mais arejadas, localizam-se em pontos estratégicos que orientam o novo crescimento da quinta, organizando o território e possibilitando uma melhor leitura espacial e funcional da escola.
Imagens: Leonardo Finotti