Escritório de arquitetura marcado pela diversidade de escalas e pela ênfase na dimensão pública tem oito de seus projetos publicados.
O terceiro livro da Coleção Arquitetos da Cidade, que elucida o destaque de escritórios brasileiros no enfrentamento dos desafios inerentes à cidade contemporânea, traz o trabalho do escritório MMBB, coletivo de arquitetura com destaque no cenário nacional e internacional, que pela primeira vez apresenta seu trabalho reunido em publicação específica. Organizado por Guilherme Wisnik, o volume conta com colaborações de Paulo Mendes da Rocha e Roberto Andrés, além de entrevista com Marta Moreira, Milton Braga e Fernando de Mello Franco, que coordenam o escritório.
Com mais de 20 anos de atuação, o escritório de arquitetura mmbb vem traçando uma produção precisa e consistente. De sua extensa obra, marcada por uma ampla gama de usos, escalas e tipologias, além de uma forte ênfase na dimensão pública da arquitetura, oito de seus projetos foram escolhidos pelo organizador Guilherme Wisnik na mais recente publicação dedicada ao escritório: a Coleção Arquitetos da Cidade – MMBB, realizada em parceria entre a Editora Escola da Cidade e as Edições Sesc São Paulo.
m sequência ao depoimento prestado por Paulo Mendes da Rocha (1928-2021) e aos textos de Guilherme Wisnik e Roberto Andrés elaborados especialmente para esta edição, o primeiro dos projetos apresentado no livro se trata do Pavilhão de Dubai na Expo 2020 (2018-2021). Vencedor de um concurso público, o pavilhão se articula através de uma estrutura tênsil em membrana e aço que configura e ampara uma grande “praça d´água”, trazendo à tona, tanto por meio de sua rica espacialidade como pela multiplicidade de projeções que incidem sobre suas superfícies, as águas brasileiras, seus rios, mangues e florestas.
Outro projeto de destaque é o Jardim Edite (2008-2013), conjunto habitacional desenvolvido em parceria com o escritório H+F e construído pela Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo. Com 252 unidades, levanta uma série de reflexões projetuais sobre a habitação popular em escala. A ele se somam projetos de notável inserção na cidade, tais como o Sesc 24 de Maio (2002-2017), em colaboração com o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, e o Projeto Urbano para o Córrego do Antonico (2009-2015), o qual estabelece fortes laços com Vazios de Água (2007), premiado na 3ª bienal de Roterdã, também presente na publicação. Integram igualmente a seleção projetos substanciais como o Edifício RDR 30 (2016-2020) em Santiago, Chile, a Residência City Boaçava (2004-2007) e a Escola FDE Campinas F1 (2003-2004).
Ao final, Wisnik, em entrevista com Marta Moreira, Milton Braga e Fernando de Melo Franco, promove um valioso debate acerca da prática dos arquitetos e das questões latentes em seus trabalhos. Contudo, mais do que a produção específica de um escritório, o rico material aqui apresentado levanta discussões amplas acerca da arquitetura e os desafios a ela colocados pela cidade contemporânea.
O MMBB foi fundado em 1992 por Fernando de Mello Franco, Marta Moreira e Milton Braga, graduados pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) no final dos anos 1980. Fernando de Mello Franco saiu da sociedade em 2012 e, em 2019, Maria João Figueiredo, graduada na FAUUSP em 2009, a ela se integrou. O escritório contou ainda com a participação de Angelo Bucci entre seus sócios de 1996 a 2002.
Sobre a Coleção
A série Arquitetos da Cidade pretende registrar e divulgar o trabalho de arquitetos cujas ações não perdem a oportunidade de concretizar uma gentileza urbana, ou seja, de qualificar o espaço público com ações positivas. A série busca mostrar projetos que entendem que a arquitetura urbana é arte complexa, determina o desenho da paisagem, influi nas relações sociais e qualifica o espaço para as pessoas. O primeiro livro da série foi dedicado ao escritório paulistano SIAA, lançado em dezembro de 2021 e organizado por Francesco Perrotta-Bosch.
Sobre o organizador
É professor Livre-Docente na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Autor de livros como Lucio Costa (Cosac Naify, 2001), Estado crítico: à deriva nas cidades (Publifolha, 2009), Espaço em obra: cidade, arte, arquitetura (Edições Sesc SP, 2018) e Dentro do nevoeiro: arte, arquitetura e tecnologia contemporâneas (Ubu, 2018). Recebeu o prêmio “Destaque 2018” da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) em 2019. Foi curador de exposições como o projeto de Arte Pública Margem (Itaú Cultural, 2008-10), Paulo Mendes da Rocha: a natureza como projeto (Museu Vale, 2012), São Paulo: três ensaios visuais (Instituto Moreira Salles, 2017), Ocupação Paulo Mendes da Rocha (Itaú Cultural, 2018), Conversas na praça: o urbanismo de Jorge Wilheim (Sesc Consolação, 2019), e Infinito vão: 90 anos de arquitetura brasileira (Casa da Arquitectura de Portugal, 2018). Foi o Curador-Geral da 10a Bienal de Arquitetura de São Paulo (Instituto de Arquitetos do Brasil, 2013). Foi curador do Pavilhão do Brasil na Expo 2021 em Dubai.
Fonte: Escola da Cidade