Conheça o projeto de reconstrução da Escola Estadual Plinio Gonçalves de Oliveira Santos, destruída pelas fortes chuvas que atingiram o Litoral Norte paulista
Em fevereiro de 2023, o Litoral Norte de São Paulo foi atingido por um temporal que ficou marcado por ter as maiores chuvas em 24h da história do país. As chuvas deixaram rastros devastadores, principalmente em São Sebastião, onde muitas residências, e instituições públicas e privadas foram destruídas.
Dentre as instituições afetadas na região, está a Escola Estadual Plinio Gonçalves de Oliveira Santos que sofreu danos e perdeu praticamente toda a sua infraestrutura, com exceção do ginásio do colégio, que teve sua configuração preservada e desde então adaptada para abrigar as aulas.
Com a tentativa de resolver o mais breve possível as urgências que surgiram com o acontecido, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Educação e a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), vem tomando diversas medidas para amenizar e aos poucos reconstruir a região, um projeto inovador e futurístico do renomado arquiteto Fernando Brandão foi o escolhido para aproveitar a forte estrutura do antigo ginásio e reinventar a E.E. Plinio Gonçalves de Oliveira Santos.
Fernando é natural da cidade de São Paulo, onde se formou em 1983 como arquiteto, e desde então vem recebendo diversos prêmios do setor. O profissional já foi diretor e vice-presidente da AsBEA (Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura), além de ter um escritório em Shangai/China e lecionar desde 2010 na DeTao Masters Academy em parceria com a Peking University e Fudan Shanghai University.
Foi com esse currículo, e um viés futurista e revolucionário, que Fernando Brandão desenvolveu o projeto que reinventa a arquitetura escolar brasileira. Economizar o máximo financeiramente sem comprometer e até potencializar a qualidade do ambiente e da infraestrutura educacional são os pilares do trabalho.
Como em diversos setores, a educação está em constante evolução, as necessidades e as demandas estão mudando, assim como as tecnologias e abordagens pedagógicas, e o arquiteto acredita que as salas de aulas precisam acompanhar essas tendências. Para destrinchar e entender as principais características do projeto é necessário pontuar os destaques do ponto de vista físico. Confira!
Flexibilidade e Eficiência Espacial – Mobiliário Modular
Visando espaços mais flexíveis, o mobiliário será fácil de mover e reconfigurar, permitindo múltiplos arranjos para acomodar diferentes estilos de aprendizagem, como aprendizagem colaborativa, instrução direta ou aprendizagem baseada em projeto, desde aulas expositivas até atividades práticas.
A eliminação dos corredores tradicionais também significa mais eficiência, onde cada metro quadrado pode ser usado de forma mais eficaz para fins educacionais. E menos espaço desperdiçado pode resultar em menores custos de construção e manutenção, bem como em maior eficiência energética.
Tecnologia Integrada
O projeto conta com equipamento de alta tecnologia, como quadros interativos e telas sensíveis ao toque, que facilitarão a interatividade e o engajamento. A realidade aumentada e virtual também estará presente, podendo ser integrada para oferecer experiências mais imersivas.
Conforto e Bem-Estar
A proposta ainda conta com iluminação adaptável, que poderá se ajustar automaticamente de acordo com as necessidades, melhorando o bem-estar e o foco dos alunos. Uma acústica aprimorada será implantada, e os painéis acústicos e o design focado na redução de ruído ambiental asseguram melhorar a qualidade do ambiente de aprendizagem.
Sustentabilidade e Acessibilidade
Outro ponto importante do projeto é a utilização de materiais reciclados e sustentáveis para o mobiliário e a construção, além da incorporação de energia solar ou outras formas de energia renovável para alimentar as salas de aula.
Espaços Dedicados e Acessíveis
Para conseguir distribuir todas as áreas essenciais da escola aproveitando a estrutura do ginásio, todos os espaços estão dedicados para suas específicas propostas, como zonas de silêncio, espaços projetados especificamente para leitura ou estudo silencioso, e áreas para colaboração, espaços designados para trabalhos em grupo e colaboração.
A escola conta com um design inclusivo e as salas de aula são acessíveis para pessoas com diferentes necessidades, incluindo rampas para cadeiras de rodas, legendas para audição prejudicada, entre outros.
A ausência de corredores e a presença de zonas de transição incentivam a interação e a colaboração entre alunos e professores. Em um layout mais aberto e integrado, os educadores ainda podem ter uma visão mais clara das áreas comuns, o que pode melhorar a segurança e a supervisão.
Desafios
Como em todo projeto, existem algumas adversidades que precisam ser analisadas. Neste caso, dentre os maiores desafios está a privacidade e o ruído, onde a proposta pode apresentar dificuldades no controle desses aspectos pois o design é consideravelmente aberto. Para isso, soluções acústicas e o uso de materiais de isolamento sonoro podem ser necessários. Um design não tradicional enfrenta obstáculos regulatórios, como códigos de construção e segurança, que requerem corredores para evacuação de emergência. Isso requer planejamento cuidadoso e possivelmente soluções de design inovadoras.
Imagens: Divulgação