Bem integrados ao espaço público, empreendimentos com fachada ativa qualificam a experiência de morar e valorizam a circulação urbana, privilegiando acessos e melhorando a qualidade de vida local.
Edifícios com pavimento térreo destinado a comércios, serviços, espaços culturais e livre circulação configuram um modelo de empreendimento cada vez mais crescente, que promove valorizar o espaço público e a convivência entre as pessoas, prevendo interação ativa com o espaço urbano ao seu redor.
Apesar de não ser uma novidade – vide o Conjunto Nacional, projetado pelo arquiteto David Libeskind, e o Copan, assinado por Oscar Niemeyer, ambos em São Paulo – foi em 2014 que o novo Plano Diretor passou a estimular o recurso urbanístico das fachadas ativas ao torná-las áreas não computáveis nos novos empreendimentos, fomentando assim um novo desenho urbano e transformando a maneira como as pessoas circulam e se veem no espaço público. Não somente, ao inserir fachadas ativas em um empreendimento, a incorporadora ganha o benefício de mais área, lucrando ainda com a venda ou aluguel dos imóveis que ocupam o térreo do edifício, estimulando o comércio qualificado.
Não à toa, trazer às calçadas lojas, restaurantes, mercados, farmácias e galerias, é algo que se alinha à ideia da “Cidade de 15 minutos”, um dos grandes conceitos do urbanismo atual, criado pelo pensador franco-colombiano Carlos Moreno. Resumidamente, significa planejar o tecido urbano de maneira que os habitantes encontrem o que precisam (escola, trabalho, serviços, compras, lazer) a uma distância de 15 minutos a pé ou de bicicleta. Ainda, a facilidade de acesso à serviços essenciais diminui a necessidade do carro, algo que vai de encontro a sustentabilidade e impacta diretamente a qualidade de vida urbana.
Outro aspecto crucial que se destaca nas ruas com edifícios que possuem fachadas ativas é a qualidade do caminhar. Calçadas largas, arborizadas ou sombreadas, valorizadas como espaços de interação e descanso, trazem benefícios para a saúde pública, estimula o comércio local e reforça a identidade de bairros urbanos, além de contribuir para uma experiência mais aprazível, incentivando a convivência e proporcionando um refúgio em meio ao cenário urbano.
O fomento a presença contínua de transeuntes é também uma crítica aos conceitos modernistas predominantes nos anos 1960, que defendiam a construção de edifícios elevados sobre pilotis, recuados e murados, de modo que os espaços públicos permeassem toda, e somente, a vizinhança. A escritora e ativista social norte-americana Jane Jacobs é referência quando o assunto é o desenho dos municípios e em seu livro Morte e Vida de Grandes Cidades (1961) defende construções que permitam o contato visual entre seus interiores e os espaços públicos, possibilitando a atuação dos “olhos das ruas”: observadores urbanos que exercem uma forma de vigilância natural sobre as atividades locais, gerando maior segurança uma vez que desencoraja confrontos e distúrbios graças a sua presença ativa e circulação dinâmica.
Dentre incorporadoras que inovaram e viraram uma tendência de mercado, a Idea!Zarvos revolucionou o cenário urbano ao apostar justamente em prédios residenciais e corporativos que miram um consumidor que valoriza a qualidade arquitetônica e a relação do edifício com o entorno, sendo responsável pela idealização de empreendimentos emblemáticos com alto potencial de valorização, de projetos únicos assinados por arquitetos e escritórios premiados, como Isay Weinfeld, Marcio Kogan, Nitsche Arquitetos, Andrade Morettin, FGMF, Jacobsen, Gustavo Utrabo e Carvalho Araújo.
“Fachadas ativas são um valor e uma prioridade para a Idea!Zarvos, mesmo antes de serem formalizadas no Plano Diretor em 2014. Essa é uma das formas que arquitetura pode contribuir para uma cidade mais generosa e humana”, explica Otavio Zarvos, sócio fundador da incorporadora. O pioneirismo, inclusive, é marca registrada de Otavio: foi dele a ideia de incluir a relação com a cidade nos croquis dos projetos, solicitando aos colaboradores que os prédios com a sua marca fossem bonitos, funcionais e gentis com o entorno imediato. “Vale destacar que as fachadas ativas contribuem para a vitalidade urbana, uma vez que ajudam a manter a cidade viva e fortalecem a comunidade. Esses espaços incentivam a inclusão social ao proporcionar pontos de encontro acessíveis para diferentes grupos da sociedade”, contextualiza Zarvos.