Pioneira em sua área no Rio de Janeiro, galeria de design pretende apresentar peças exclusivas em mostras temporárias.
Sob o olhar afiado e experiente do jornalista, publicitário e curador Sergio Zobaran, nasceu em maio deste ano a galeria de design gozto, que propõe inundar seus espaços expositivos com a originalidade, a autenticidade, a exclusividade e a excelência do design autoral ou anônimo, nacional ou internacional, contemporâneo ou vintage.
Localizada no Largo do Boticário, a galeria ocupa todo o térreo de um prédio tombado de 1840, que foi por 31 anos o atelier do artista plástico pernambucano Augusto Rodrigues, agitador cultural do Boticário e criador da Escolinha de Arte do Brasil.
Segundo Zobaran, a proposta é apresentar o melhor do design exclusivo, dando preferência às peças únicas ou de edições limitadas, numeradas e/ou assinadas. Não somente móveis, mas “buscar também o diálogo com a arte, o que já tem sido uma demanda de alguns artistas plásticos consagrados e, aliás, muito bem aceita pelos designers”, comenta o curador. De acordo com ele, a gozto surgiu de um tripé básico: nome, lugar e paixão.
O nome foi uma sacada à parte, algo que nasceu da impossibilidade do registro do substantivo comum “gosto”. Zobaran esclarece: “A corruptela gozto, com z, se materializou no logo simples e bonito que minha filha Antonia Zobaran, publicitária, desenhou – e achou que o Z no meio, o “gosto com z”, funcionaria bem por conta da letra inicial de nosso sobrenome espanhol. O nome é afinal sobre tudo o que gosto”.
O Largo do Boticário, no bairro do Cosme Velho, foi revitalizado pela primeira vez nos anos 1930/40 pelo casal Paulo Bittencourt, pois Silvia, sua mulher, idealizou ali um canto do Rio Antigo. “Encontrar nos classificados do jornal o porão de uma casa tombada de 1840, logo na entrada do Beco do Boticário, onde já foi o ateliê de um grande artista, parecia, no mínimo, pertinente e emblemático. A atual revitalização das casas do Largo pelo grupo hoteleiro francês Accor foi o empurrão final”, comenta Zobaran.
O curador também nos conta que a concretização do espaço partiu do conteúdo, “da excelente aproximação com as famílias de grandes arquitetos que desenhavam móveis, e que hoje classificamos como designers”, elucida. Zobaran aposta que parceiros – investidores, colecionadores, empresas – virão junto e proporcionalmente com a capacidade de produção, exposição e crescimento potencial do business da gozto.
Em outubro e novembro de 2021, galeria ganhou um preview como um dos espaços externos à sede da primeira edição da mostra Modernos Eternos Rio, com a exposição Oásis, do designer Maximiliano Crovato, que também assinava a cenografia do local. Após alguns eventos, a gozto estreou na SP Arte, setor de design, em abril de 2022. Em maio, em sua sede, ocorreu a exposição Patuzzi, Crovato & gozto, com peças de mobiliário do italiano Gianni Patuzzi e de Maximiliano Crovato novamente – a mesma que esteve na SP Arte sob o nome Patuzzi, Crovato & Italia.
“Em junho partimos para Belo Horizonte, onde o parceiro Crovato assinou a instalação Sala de Jantar Gozto, com 75m2, na mostra Modernos Eternos BH. Ainda em junho voltamos ao Largo abrindo a exposição Iorubá, de Zanini de Zanine, que ali permaneceu até final de setembro”, comenta o curador. A próxima empreitada é a representação exclusiva para as praças Rio e BH, da JLD – Jaime Lerner Design, com lançamento que merece uma exposição à altura de seu trabalho de peso – quando o arquiteto e urbanista se aprofundou também no design.
Enfim, para além de todos os passos ousados, confiantes e certeiros, retomando aquele tripé: e a paixão? “Desde sempre pelo design brasileiro, que admirava desde os anos 1960 quando era vizinho da loja Oca, no Rio de Janeiro, ainda criança”, finaliza Zobaran.
Por Redação
Imagens: André Nazareth e divulgação