Residência ganha espaço integrado e fluido, com materiais e mobiliário atemporais para um projeto perene que abriga possibilidades de mudanças de layout com facilidade.
Este apartamento de cerca de 600m2, localizado em um prédio memorável de 1969 no Higienópolis, foi escolhido pelo proprietário com auxílio da FGMF, que assina o projeto de reforma. O imóvel não havia sofrido alterações desde a reforma dos antigos moradores, em 1978, quase 45 anos antes da intervenção atual. Assim, repaginação do apartamento foi profunda em termos espaciais e de instalações.
O programa da família, composta por um casal com uma filha pré-adolescente, era simples considerando as dimensões do imóvel – quarto de hóspedes, quartos do casal e filha, salas integradas, escritório e um espaço confortável para o piano da família. A eliminação do grande hall de entrada e supressão de diversas paredes originais proporcionou uma sala de estar vasta e integrada com cozinha e sala de jantar com vista para a Praça Buenos Aires.
Há no edifício uma espécie de “core” composto pelos elevadores sociais, lavabo, circulação de serviço e poço central de ventilação e iluminação. Segundo os arquitetos, a circulação principal do apartamento se dá naturalmente ao redor desse “core” central, e, por conta da importância desse elemento no cotidiano, definiram a composição de materiais do local por esse elemento revestindo-o de placas de cobre patinado esverdeadas.
Entre as placas, delgadas chapas de metal ancoradas nas paredes e inseridas entre as chapas de cobre se tornam uma estante que percorre a área social e de serviços, organizando as portas de elevadores, lavabo, englobando a adega de vinhos e se tornando um móvel de apoio da área da cozinha.
Um grande elemento em madeira, com desnível, como um “volume dentro do espaço do apartamento”, foi projetado para organizar escritório, sala de tv e sala íntima para o cotidiano da família. Esse volume, totalmente revestido em carvalho, possui portas corrediças em muxarabi de Freijó que podem ser totalmente abertas ou fechadas, dependendo da ocasião, e criam uma dinâmica cotidiana que muda a aparência da área social.
O restante da área social, cozinha e espaço multiuso é finalizado em placas de basalto que envolvem os pilares e se projetam do piso, criando volumes com paisagismo que abraçam a copa. Esses volumes também organizam a grande ilha central aberta da cozinha que é finalizada com mobiliário planejado em aço inoxidável.
O mobiliário do apartamento é um começo de coleção para os proprietários, quase todos de design brasileiro, desde modernistas até contemporâneos. Estabeleceu-se uma organização por diferentes espaços. Todos os ambientes relacionam desenhos de mobiliário com décadas de diferença, como poltronas Mole de Sergio Rodrigues com mobiliários do Bittencourt ou da própria FGMF, ou poltronas ondine e adriana do Zalszupin com sofá de desenho de Marcus Ferreira e Guilherme Wentz. Algumas peças também foram criadas pelos arquitetos especialmente para esse projeto, como a mesa de centro em mármore da sala íntima ou o aparador Crista, todo em vidro fundido, para locais específicos do projeto.
O projeto configurou espaço bastante integrado, fluido, com materiais e mobiliário que consideramos atemporais para um projeto perene, mas que abrigue possibilidades de mudanças de layout com facilidade, sem a perda das características gerais da intervenção.
Imagens: Fran Parente