Assentamento vazado de tijolos encomendados especificamente para essa obra reinterpreta o cobogó e conferem aparência modernista ao projeto
Construída de maneira artesanal em um conjunto residencial na região do Lago Sul em Brasília, a Casa dos Tijolos Brancos, idealizada pelo escritório BLOCO Arquitetos, configura em si uma complexidade construtiva que exige precisão e apuro construtivo, elementos muito presentes nos edifícios representativos da capital. Edificada em um processo lento e preciso de assentamento de blocos maciços por pedreiros-artesãos, a residência de 600m2 fez uso abundante de tijolos maciços aparentes, dispostos de forma que, espaçados, reinterpretam um dos mais relevantes objetos arquitetônicos de Brasília, o cobogó. Dentre outros elementos, o minimalismo e a horizontalidade atribuem caracterização modernista ao projeto.
Localizada em um terreno de esquina, a casa conta com duas fachadas principais, de frente para as duas ruas do lote, sendo uma bem extensa e outra menor. O programa foi distribuído ao redor do perímetro do terreno para que todos os principais ambientes da casa pudessem ficar voltados à área central, que abarca uma grande área verde e uma piscina de raia semiolímpica.
Na face mais extensa, o acesso se dá por uma passarela que separa a parede em dois blocos. À esquerda, bem espaçada, e, à direita, completamente unificada, garantindo maior privacidade. Já entrando pela rampa, na outra face da casa, o morador é conduzido à sala de estar, passando pelo corredor principal da morada, formado por duas paredes de tijolos brancos. O corredor ganhou portas de vidro de correr que completam as amenidades relacionadas à ventilação e ruídos sonoros.
Quartos, salas, varandas, cozinha e garagem ficam direcionados para o ambiente amplo de jardim, que funciona como um pátio central, com paisagismo de Fábio Camargo. Os dormitórios ganharam portas de vidro de correr que transformam o espaço verde em uma grande varanda.
Assim como na porção externa, o interior da casa é minimalista. A cozinha foi inteiramente projetada em tons de branco e cinza, tem poucos elementos visíveis e um toque sutil de cor, dado pela mesa e cadeiras em madeira. Todos os cômodos ganharam grandes vãos, que permitem a entrada generosa de luz natural. Na sala de estar, o branco do minimalismo no design é compensado pelo toque de cor no mobiliário — em especial, a Poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, e o tapete laranja no centro.
O projeto é vencedor do 1º prêmio na Categoria Arquitetura do Prêmio Internacional Kioskedia (Irã 2023) e vencedor do 1º prêmio na Categoria Edificações e Projeto do Prêmio IAB 2023 – Seção DF.
Imagens: Joana França