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Design – À crítica da função

Comportamento, percepção, consciência e criatividade orientam caminhos para o Design afetivo e social do Século XXI.

 

A questão estética deixou de ser a marca fundamental do Design. Desejada, necessária, mas não fundamental. A verdade é que no século XXI, a forma está aliada a outras questões tão primordiais quanto: além de produções mais conscientes, os produtos devem prestar serviço e despertar emoção. Entre alguns fatores que permeiam a criação de novos objetos estão a necessidade de pensar em uma cadeia sustentável e circular; a preocupação em atender múltiplas necessidades simultaneamente e, para além de uma lista de compras, oferecer certo encantamento.

Mas ainda que tenhamos digitalizado e automatizado muitos dos processos e funções nas últimas décadas, produzimos e consumimos produtos idealizados e feitos por pessoas, para pessoas. São pessoas criando coisas para pessoas, em algum lugar do mesmo planeta, utilizando as matérias-primas da mesma natureza. E isso circula, renasce e reabastece.

Walter Groupies, fundador da Bauhaus, considerada uma das fundações do design moderno, defendia a formação de um gestalter ou profissional total, que atuaria em projetos em escala de objetos manuais até projetos em escala de construções amplas e coletivas, como o urbanismo e a arquitetura, focando principalmente na função na qual o produto do projeto viria a executar.

Um pouco mais recentemente, nos anos 70, Joaquim Redig, um pioneiro no desenho industrial brasileiro, conceituou em seu livro “Sobre desenho industrial”, que projetar através do design seria unir 9 fatores que refletem seus impactos na sociedade e no ser humano, já abrangendo um pouco mais do que a função. Tais parâmetros, mesmo que reinterpretados, ainda carregam consigo significados e implicações que orientam os criativos atuais: Ecologia, Antropologia, Economia, Ergonomia, Filosofia, Psicologia, Geometria, Mercadologia e Tecnologia. 

“O custo é um parâmetro; mas o que interessa é o valor.” – Joaquim Redig

Eis que no século XXI, os designers apreendem novos contextos, relacionam-se com diferentes culturas e, principalmente, dominam a tecnologia, ferramenta hoje praticamente indispensável à criação. A partir de propostas bastante autorais, essa geração também se volta às peculiaridades da cultura nacional, matérias-primas e modo de pensar, sem apelar para obviedades. Tudo parece inspirar e é essencial entender o meio em que estamos inseridos, de onde vem e para onde vão as criações e seus impactos. O desenvolvimento e a transformação de novos materiais e a globalização de técnicas antes regionais carregam consigo a oportunidade do uma evolução ambiental e cultural, de fato.

Bem atualmente, a revolução é ressignificar, e o Design vai além da forma e funcionalidade comum para abraçar afetivamente nosso emocional. A própria funcionalidade está em ressignificação, escancarada em objetos ousados e nada convencionais, que despertam nossa curiosidade sobre como “utilizá-lo”. No campo afetivo, seu maior valor está no relacionamento que ele incentiva estabelecer-se entre tais objeto e usuário, na comunicação que paira entre as funções práticas das linhas, nas sensações de materialidade, na coexistência harmoniosa e no belo observável, que agrada aos olhos e a alma. Objetos que tragam certa história, que contêm algo sobre determinada cultura, técnica e localidade, que representem uma ideia, são os que mais propõem zelo e melhor interagem com nossos hábitos e rotinas diários. Como se validassem um porquê e atribuíssem um aspecto lúdico ao ambiente, mesmo aos objetos industriais que, aliás, também estão em ressignificação.

Consistentes e praticamente interativos, móveis, por exemplo, têm sido elaborados observando-se formas específicas de viver, considerando implicações potenciais no espaço que o circunda, quase como que uma produção artística impulsionada pelo interesse à experiência humana. Talvez essa característica seja atributo de todos os Designs atemporais, que inspiram admiração e se destacam do seu entorno, como as peças que a CM destaca aqui, por importância simbólica, influência e irreverência. Que o desenho seja além do comum ou a proposta ousada, quando ele resgata elementos sensíveis, referenciais, e os configura tridimensionalmente com carisma e afeto, só nos cabe mesmo usufruir.

 

 

Cadeira DSW Eames Easy Resize com

Cadeira DSW Eames

Charles Eames e Ray Eames 

A cadeira DSW Eames faz sucesso no mundo do design. A versatilidade é a marca desta peça, criada em 1950, com uma base sólida em arame e madeira e amortecedores de borracha para suportar uma pessoa sentada por um longo período. A descoberta do uso do plástico reforçado, permitiu que o casal criasse esse estilo de cadeira com base Torre Eiffel, com assento resistente e pés “banana”. Atualmente ela é mais facilmente encontrada em polipropileno no assento. 

 

 

Cadeira Bowl Easy Resize com

 

Cadeira Bowl

Lina Bo Bardi

Criada em 1951, a Cadeira Bowl possui design único e ainda hoje é considerada atual por suas linhas e irreverência, e rapidamente ganhou fama por seu projeto ímpar e criativo. O projeto foi concebido centrado no usuário, ou seja, a pessoa que utiliza a peça é o elemento principal norteador do projeto. Inspirada em tigelas de barro caiçara, a cadeira pode mover-se livremente sobre o suporte metálico.

 

 

 

Poltrona Paulistano Easy Resize com

Poltrona Paulistano

Paulo Mendes da Rocha

A Poltrona Paulistano, de 1957, originalmente feita com estrutura em aço inox e assento de couro, foi criada para integrar o mobiliário do Ginásio do Clube Atlético Paulistano, obra arquitetônica de autoria de Paulo em conjunto com João De Gennaro. A barra de aço é cheia, com um único ponto de solda e o assento veste a estrutura, como uma roupa. O design da poltrona, com o corpo suspenso e um leve balanço nas costas, proporciona um móvel ergonômico e muito confortável.

 

 

 

Poltrona Egg Easy Resize comPoltrona Egg

Arne Jacobsen

A Poltrona Egg foi desenhada para a entrada e recepção do Royal Hotel de Copenhagen. A missão de desenhar todo o hotel bem como seu mobiliário foi a grande oportunidade do designer de colocar em prática sua teoria de integração do design com a arquitetura.  Criada para a Fritz Hansen em 1958, a poltrona surgiu de uma nova técnica: uma espuma firme em forma de concha sob o estofamento. A forma única desta poltrona clássica cria uma espécie de espaço privativo para quem se senta, mesmo em espaços públicos.

 

 

 

Cadeira Panton Easy Resize com

Cadeira Panton

Verner Panton

De formas sinuosas feita de plástico injetado, a cadeira Panton se tornou um clássico. Produzida pela Vitra, os primeiros modelos eram moldados em fibra de vidro, em 1967. A peça tem o formato de um S, seu design é atemporal, atravessando décadas causando o mesmo impacto visual e frisson que causava nos anos 60, quando estava disponível em várias cores. Atualmente, a original encontra-se apenas nas cores vermelho, preto e branco.

 

 

 

 

Chaise Cadeira de Balanco Easy Resize comChaise Cadeira de Balanço

Oscar Niemeyer

De 1977, a Chaise nomeada como Cadeira de Balanço é uma das peças ícone do arquiteto. Na peça, os apoios são reduzidos, justamente para valorizar as curvas, e torna-se ainda mais leve pelo uso da palhinha. “É interessante assinalar como a técnica da madeira prensada nos aproxima da arquitetura: a mesma possibilidade de novas formas, o mesmo empenho em reduzir a seção e simplificar o sistema construtivo” – revela Niemeyer.

 

 

 

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Poltrona Vermelha

Fernando Campana e Humberto Campana

Fernando e Humberto queriam criar um móvel com um conceito diferente, em que o material desse não só a estrutura, mas também o estofamento. Em 1993, com 500 m de corda em mãos, começaram a entrelaçar a poltrona Vermelha. Massimo Morozzi, designer e dono da marca italiana Edra, interessou-se em confeccionar a peça, para isso solicitou um desenho esquemático dela. Como é impossível reproduzi-lo, os irmãos enviaram um vídeo em que expunham o método de entrelaçamento. A partir daí ganhou projeção mundial e integra a coleção de design de importantes museus.

 

 

 

Poltrona Diz Easy Resize com

Poltrona Diz

Sergio Rodrigues

Com um jeito apaixonado de trazer o Brasil para dentro dos traços de seus desenhos, o designer prova mais uma vez sua genialidade em 2001, criando a Poltronas Diz. A proposta foi fazer com que a cadeira fosse bastante confortável, ainda que toda feita de madeira. A estrutura da peça é em madeira maciça, com o assento e o encosto em compensado moldado, com dupla curvatura folheada em madeira de lei.

 

 

 

 

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Poltrona Série Porcas

Leo Capote

Investigando as fronteiras entre o design e o artesanato, a Poltrona da Série Porcas, elaborada em porcas de aço, adquire status de obra de arte. A peça de forte identidade foi concebida em 2013, para a Firma Casa e fez parte de uma coleção maior, que integrava 10 poltronas, releituras de designs consagrados.

 

 

 

 

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Poltrona Serfa

Zanini de Zanine

A poltrona de madeira e couro Serfa, lançada em 2015, tem como ponto de partida a fusão do trabalho de Sergio Rodrigues, aqui exaltado pela identificação com a cultura brasileira e indígena, e de Ricardo Fasanello, descrito por Zanini como atemporal e elegante, e cujo trabalho é fortemente lembrado pela mistura de couro, metal e madeira. O designer é conhecido por empregar materiais que utilizam técnicas industriais e artesanais, criando móveis e objetos funcionais com qualidade emocional.

 

 

 

 

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