Casa e Mercado conversa com Hitachi, Uniflex, Guardian e Rinnai sobre tecnologias que ganham cada vez mais espaço no setor e promovem maior eficiência em energia
Com a primeira certificação LEED em 2007, o Brasil passa a ter o reconhecimento internacional no mercado da construção civil sustentável, sendo hoje um dos países que possuem maior número de projetos que adotaram a metodologia enquanto referência em sustentabilidade e eficiência energética em empreendimentos do setor imobiliário. De acordo com o Eduardo Yamada, engenheiro civil formado pela Politécnica da USP e mestre em engenharia de sistemas prediais pela mesma instituição, “podemos dizer que antes da era LEED, ou seja, antes de 2007, muitas tecnologias de sistemas prediais e estratégias de eficiência energética eram muito pouco exploradas e implementadas nos projetos, ou mesmo raramente impostas ou recomendadas através de alguma legislação, norma técnica ou metodologia de eficiência energética ou sustentabilidade. Após o ingresso da certificação LEED, os projetos começaram a ter uma referência e metodologia que abrange as questões relacionadas não somente à eficiência energética, mas também eficiência hídrica, conforto térmico, qualidade no ambiente interno e outros quesitos de sustentabilidade”.
De fato, temas sustentabilidade e eficiência energética vêm ganhando força e se tornando termos comuns em muitos segmentos de mercado. Assim, em projetos como em atividades próprias da construção, o conceito sustentabilidade vem se intensificando com a demanda cada vez maior de certificações, bem como selos de eficiência energética.
Projetos de arquitetura e design de interiores tem significativa participação no consumo energético de qualquer edificação. Assim sendo, “um projeto arquitetônico eficiente deve levar em consideração todos os efeitos da arquitetura bioclimática, de modo a estabelecer estratégias de concepção, desenho, escolha de materiais e sistemas de proteção passivas, com o objetivo de promover o conforto térmico, luminotécnico e acústico dos ocupantes e, também, reduzir a demanda de cargas internas, especialmente para o sistema de ar-condicionado”, ressalta Yamada.
De acordo com Gerson Robaina, diretor de Produto, Engenharia e Marketing da Hitachi, “a busca por equipamentos cada vez mais eficientes energeticamente é uma prioridade da marca Hitachi Cooling & Heating. Temos várias frentes de trabalho na questão eficiência energética, pois possuímos uma vasta experiência em tecnologia VRF”. Nesse sentido, a marca cota o lançamento de seu Split Hi-Wall airHome 600. “Classificado com INMETRP Classe A e equipado com um compressor rotativo DC Inverter, este sistema oferece desempenho superior, permitindo economias de até 70% no consumo de energia, graças ao modo ECO. Vale ressaltar que o airHome 600 utiliza um fluido refrigerante que causa menor impacto ambiental, o R-32, com potencial zero de destruição da camada de ozônio (ODP) e menor potencial de aquecimento global (GWP)”.
Iluminação natural e conforto térmico são quesitos imprescindíveis quando do fazer projetual. Necessário de faz, assim, atentar para as tecnologias disponíveis em cortinas e persianas, enquanto integrantes de sistemas de vedação e proteção solar. Mais ainda quando inteligentes. A Uniflex, por exemplo, desenvolveu soluções exclusivas baseadas em um dispositivo denominado Carta Solar, uma representação gráfica que exibe a trajetória do sol ao longo do dia, em uma localização específica, permitindo compreender os padrões de incidência solar em diferentes períodos. “A automação de cortinas já é feita há anos por meio de dispositivos de assistentes virtuais como Alexa e Google Home. A partir da cortina automatizada, a Uniflex desenvolveu o exclusivo sistema Sun Tracking®, baseado na carta solar. Esse sistema gerencia de forma totalmente automática a movimentação das cortinas de acordo com a posição do sol ao longo de cada momento do dia. Dessa forma, surgiu a cortina inteligente, que se adapta as condições do ambiente de forma automática e simultânea, garantindo um espaço interno sempre bem iluminado e com temperatura agradável”, ressalta a Uniflex.
As cortinas assim respondem diretamente ao movimento do sol: se abrindo quando a luz não incide diretamente nas janelas; se fechando conforme essa incidência aumenta. “Essa funcionalidade não apenas proporciona conforto, mas também resulta em drástica economia de energia. Como a cortina Sun Tracking maximiza o aproveitamento da iluminação natural e protege o ambiente do calor excessivo, o uso da iluminação artificial e ar condicionado é reduzido, já que o sistema controla de forma automática e eficiente a entrada de luz natural e a sensação térmica”.
Em termos de performance, os vidros também oferecem diferenciais que já se mostraram eficientes para suprir as demandas de projetos arquitetônicos. Sua capacidade de filtrar os raios ultravioleta e infravermelho reduz a entrada de calor nos ambientes. Desta forma, contribui para um melhor conforto térmico, com controle da temperatura e da luminosidade, auxiliando na redução do consumo de energia elétrica de equipamentos de ar-condicionado e sistemas de iluminação artificial, e no combate ao desgaste e desbotamento de móveis e estofados. “Garantir o bem-estar e o conforto no local de moradia, é um movimento que ganhou ainda mais força no pós-pandemia, e tornou-se uma necessidade crescente. Conforto, nesse caso, se traduz em temperaturas agradáveis, luminosidade adequada, integração com o ambiente externo e maior sensação de amplitude dos espaços”, comenta Arthur Lacerda Souza, gerente de Inteligência de Mercado da Guardian Glass no Brasil.
Do ponto de vista estético, a evolução do vidro vem beneficiando o mercado residencial, onde havia certa preferência por vidros com aspecto neutro, semelhantes aos vidros incolores comuns, porém agregando as qualidades de bloquear o calor. Quando falamos do campo da arquitetura e construção, o salto tecnológico do vidro é grande. “Na Guardian Glass, os vidros de controle solar são fabricados com a tecnologia de deposição catódica à vácuo – “sputtering”. Este é um processo mais moderno, no qual as moléculas e íons são depositados na superfície do vidro de maneira uniforme, resultando em um produto com performance e qualidade consistente e, consequentemente, mais eficiente, e que dispensa a necessidade de aplicação de películas. Tecnologia que também contribui para minimizar o efeito estufa que pode ocorrer em dias muitos quentes, quando os ambientes superaquecem e se tornam desconfortáveis”, finaliza Arthur Lacerda Souza.
Em se falando do Sol, importante destacar a importância, em eficiência energética, dos sistemas relativos a coletores solares para aquecimento da água. De acordo com o gerente de marketing da Rinnai, Leonardo Abreu, o “aquecimento de água é uma atividade que demanda uma quantidade considerável de energia e está ligada a algumas das mais importantes necessidades diárias das pessoas: higiene (banho) e alimentação (cozinha), por exemplo. Sistemas de aquecimento de água devem ser capazes de fornecer a quantidade de água demandada, à temperatura requerida, com o menor consumo energético possível e dentro de parâmetros de segurança adequados. Um sistema que utiliza energia solar tem potencial para ser a solução mais eficiente, quando bem dimensionado, projetado e instalado, afinal, o sol é uma fonte energética renovável e gratuita e a recuperação do investimento em equipamentos e serviços é quantificável”.
Fatores climáticos, no entanto, podem de fato afetar a capacidade de um sistema termossolar de absorver energia necessária e transferi-la para a água, ou seja, mesmo em determinadas épocas do ano, a capacidade de aquecimento de água pode ser insuficiente para atender demandas. “É onde entra a necessidade de um sistema de apoio para fazer a complementação do aquecimento. Neste sentido, aquecedores a gás, particularmente os digitais, se destacam pela capacidade de aquecer grandes volumes de água de forma rápida e eficiente”, complementa Leonardo Abreu.
Nesse aspecto, pode-se inferir que a energia solar, em si mesma, é um fator economizador: quando em plena capacidade, o aquecimento solar pode até mesmo zerar a necessidade do consumo de gás; quando a energia provida pelo sistema é pouca, representa de qualquer forma economia de gás.
Essas modelagens de eficiência energética em equipamentos relativos a sistemas prediais são hoje ferramentas importantes para auxiliar os projetos de arquitetura e design de interiores na busca de maior eficiência energética e, claro, redução de custos. Caminho sem volta para edificações efetivamente sustentáveis e eficientes.