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Habitações Cibernéticas

Casa inteligente, vantagens e desvantagens da automatização, perspectivas e impactos da eficiência energética.

 

Em 1898, Nikola Tesla criou o primeiro controle remoto. Em seus meios de experimentos utilizou ondas de rádio para controlar um barquinho de brinquedo, e a partir daí deu origem a uma tecnologia que vem sendo explorada até o momento atual. Por volta dos anos de 1900 surgiram os primeiros itens tecnológicos domésticos, trazendo os cruciais debates sobre os sistemas elétricos para automatização residencial. Porém, somente no ano de 2010 que realmente essa possibilidade alcançou uma potência maior. De acordo com os dados do Instituto Americano de Pesquisas (ABI), em 2012 existiam 1,5 milhões de sistemas autônomos de residências instalados nos Estados Unidos. 

No Brasil por volta do ano de 2017, as casas inteligentes não passavam de apenas 2% das residências do país, segundo a Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial (Aureside). Mas, foi somente com a expansão da tecnologia que a busca por coisas práticas que facilitem o dia a dia se tornou imprescindível. “Talvez a função mais relevante da tecnologia seja realmente facilitar a vida das pessoas e a IA já está fazendo parte de nosso dia a dia. A cozinha inteligente está entre os principais sonhos de consumo das pessoas e os fabricantes estão investindo em novas tecnologias e inovações para atender essas necessidades e desejos”, diz Milena Oriani, gerente de marketing da UD House. 

Na atualidade, não apenas residências de alto padrão conseguem aderir ao sistema de automação residencial, visto que com o avanço da tecnologia estão surgindo novos fabricantes e várias criações de novos sistemas acessíveis e mais viáveis para residências menores. Essas “casas do futuro”, ou melhor, “smart home”, prometem usar a tecnologia em prol de mais eficiência, acessibilidade e sustentabilidade, dispondo de uma variedade de sistemas, dispositivos e sensores que podem ser utilizados e controlados remotamente através de uma rede de comunicação. Nelas encontram-se três graus de automatização residencial: os “sistemas complexos”, que atuam de forma personalizada de acordo com o perfil do usuário, os “sistemas autônomos”, que já atuam de forma independente, não havendo a interligação entre os dispositivos e os “sistemas integrados”, os quais são integrados a um controlador central. 

A ideia da casa inteligente não é apenas para administrar tarefas através de robôs. Seu conceito é ser um imóvel que possui em sua composição incontáveis dispositivos ligados e gerenciados pela internet. Alguns exemplos são: televisores, lâmpadas, geladeiras, fogões, máquinas de lavar, cortinas, chuveiros, dentre tantos outros. Todos esses aparelhos vão se comunicando entre si e gerando uma integração que leva maior segurança e agilidade no cotidiano. 

Segundo uma pesquisa do Instituto Gesellschaft für Konsumforschung, presentemente Growth from Knowledge (GFK), mostrou-se que 57% da população pressupõe que as casas inteligentes vão ganhar um espaço maior. Foi perguntado também sobre os tipos de tecnologias que mais chamam a atenção e 80% selecionaram segurança e monitoramento de residências; 78% apontaram os sistemas para controle de energia e iluminação, empatados com ferramentas para entretenimento e conectividade; e 71% selecionaram os recursos com foco em saúde. Os projetos que previamente elaboram soluções atenciosos ao consumo elétrico proporcionam uma redução de 10% a 30% no gasto de energia. Em uma “smart home”, é possível, por exemplo, instalar um sistema de irrigação smart, que proporciona acabar com o desperdício de água na hora de irrigar jardins e gramados. 

Muitos produtos estão sendo desenvolvidos com foco em altíssimo desempenho. No território brasileiro já é encontrada a tecnologia “Jatos Poderosos”, presentes em máquinas de lavar, que reduz o consumo de água consideravelmente. “Em 10 anos, tempo médio de vida útil do produto, haverá uma redução de aproximadamente 30 bilhões de litros com essas máquinas. E outras tecnologias ainda vão permitir utilizar a água do pós lavagem para outros fins, como por exemplo lavar o chão. As lava-louças também proporcionam até 92% de economia de água quando comparada a lavagem manual. É possível consumir apenas 9,5L por ciclo de lavagem. Já os refrigeradores possibilitam a economia de energia com a tecnologia Inverter que mantém a temperatura mais estável, garantindo condições ideais para preservar alimentos e economia de até 47% de energia”, expõe Ana Peretti, vice-presidente de marketing do Electrolux Group América Latina.

A verificação se o aparelho elétrico possui o selo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), indica o consumo eficiente de energia. São inúmeras vantagens de se adquirir um aparelho certificado. Um exemplo disso é quando se adquire um refrigerador com o selo de classificação nível A que é, em média, 60% mais eficiente que um modelo de 10 anos atrás. Desde a criação do Procel, cerca de R$9 bilhões deixaram de impactar na conta de energia dos brasileiros, o equivalente a 40 meses de operação máxima e ininterrupta de Angra I, usina de energia nuclear localizada em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

Joyce Nardin, representante das marca Lofra, Tecno, entre outras, fala sobre a certificação RoHS, diretiva europeia. “Ela garante a não utilização de materiais perigosos na fabricação, como o chumbo, mercúrio, cádmio, certos tipos de cromo e bifenil. Uma elevada eficiência energética nas residências é proporcionada por nossas linhas de refrigeradores, adegas, freezers, frigobares e cervejeiras que oferecem a classificação A do Inmetro no consumo de energia”, comenta. 

 

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A automação possibilita um consumo de energia mais racional, evitando desperdícios, com com sensores de presença capazes de controlar a iluminação e aparelhos eletrônicos que podem ser programados para serem desligados num horário pré-estabelecido ou após atingir um limite de consumo pré-determinado, sob o total controle dos seus usuários e de acordo com os seus hábitos e gostos.

 

Entretanto, é preciso haver um alerta: um pequeno número de dispositivos domésticos da era da internet das coisas podem possuir uma desvantagem quando vendidos sem que um nível adequado de camadas de seguranças tenha sido projetado corretamente para o dispositivo. Câmeras de segurança e babás eletrônicas podem ser hackeadas, por exemplo. Se isso acontecer, criminosos poderão saber de tudo o que ocorre dentro da residência e qualquer vulnerabilidade pode acabar comprometendo as informações privadas, como e-mails, contas bancárias e contas em redes sociais. 

É preciso também estar atendo às regras. Nos projetos de smart homes, de acordo com o órgão da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), existe uma série de normas que devem ser seguidas por designers e arquitetos, como por exemplo na hora de optar onde serão instalados os pontos de tomadas. Todos os aparelhos e máquinas necessitam de manutenção e, para instalar, colocar e tirar, precisa-se deixar uma folga entre a máquina e o teto para conseguir fazer esses movimentos. Por essas razões, quanto maior a especificação, menor a quantidade de problemas que os profissionais poderão encontrar. 

Além disso, dentre algumas mudanças previstas para o futuro, uma delas será o uso da tecnologia para fazer as casas se tornarem cada vez mais eco-friendly, ou seja, projetadas de forma mais ecológicas para não prejudicarem o meio ambiente. No presente, essa adaptação pode ter um custo alto, mas nos projetos futuros serão cada vez mais comuns, como o uso de painéis solares. As casas se tornarão muito mais personalizáveis, criadas por “partes” e pensadas a partir do seu impacto ambiental. “Não é exatamente Lego, mas é o mesmo princípio”, comenta Keith Waller, diretor do programa Construction Innovation Hub, apoiado pelo governo do Reino Unido.

Muitas empresas também já trabalham pensando no recolhimento dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos proporcionando um destino certo para que o produto possa ser reutilizado e reciclado. Como é o caso do Electrolux Group que tem o projeto de logística sustentável para entrega de produtos com um modelo inédito de caminhão, movido a energia solar, que não emite gases poluentes, como o CO2. “A expectativa é realizar pelo menos 450 entregas mensais, e isso representará uma redução de 18,75 toneladas de CO2 anuais. Também utilizamos bicicletas, para entregar produtos de menor porte. Quase 150 entregas mensais são feitas com as bicicletas. Essas entregas reduziram em mais de 100kg as emissões de CO2” menciona Ana Peretti. 

Na Europa e nos EUA a mais nova geração de eletrodomésticos traz soluções de vanguarda para redução no consumo de energia e de água, mais praticidade e facilidade de uso com controles intuitivos e remotos, design único integrando todos os eletrodomésticos da cozinha, personalização estética de detalhes como os puxadores e manípulos e um novo padrão de design vintage que já se consolidou no segmento premium. “É uma tendência que irá se fortalecer nos próximos anos”, alerta Milena Oriani. 

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