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Museu do Pontal – Referência em arte popular Brasileira

Museu do Pontal é indicado ao Prêmio Mies Crown Hall Americas (MCHAP) 2022, voltado para a excelência de obras de arquitetura nas Américas.

 

A nova sede do Museu do Pontal, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, projetada pelo escritório mineiro Arquitetos Associados, foi indicada ao prestigioso Prêmio Mies Crown Hall Americas (MCHAP) 2022, promovido pelo Illinois Institute of Technology, em Chicago. Inaugurado em outubro de 2021, o Museu já recebeu a visita de 17 mil pessoas.

Criado em 2012, o prêmio é bienal, e reconhece a excelência de obras de arquitetura construídas nas Américas. São fatores importantes para a indicação ao prêmio o impacto da construção no meio físico e nas comunidades, esua capacidade de melhorar os lugares onde vivemos.

Os diretores do Museu do Pontal, Lucas Van de Beuque e Angela Mascelani, afirmam que “ser indicado é um reconhecimento de esforço de muitos para fazer da nova sede do Museu do Pontal não só uma referência internacional no campo dos museus de arte, mas principalmente local, buscando ser uma praça democrática aberta a todas as pessoas e com fortes preocupações relativas à sustentabilidade ambiental”.

Já receberam o Prêmio Mies Crown Hall Americas (MCHAP) na categoria principal as seguintes construções: Edificio E, Universidad de Piura, no Peru, do escritório Barclay & Crousse Architecture (2018); Grace Farms, em New Canaan, Connecticut, EUA (2016); e 1111 Lincoln Road, em Miami Beach, Flórida, EUA, do escritório Herzog & de Meuron (2014).

 

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MUSEU DO PONTAL

Criado em 1976, com quase dez mil obras, de 300 artistas, o Museu do Pontal é referência em arte popular brasileira, com o maior acervo do gênero,e de relevância reconhecida pela Unesco. Após funcionar por mais de três décadas em um antigo casarão localizado no Recreio dos Bandeirantes, em meio a uma geografia notável e uma exuberante paisagem natural, desde 2010, o Museu sofria com inundações recorrentes em função da construção em seus arredores de um grande condomínio vertical para os Jogos Olímpicos do Rio. As obras urbanísticas modificaram a paisagem natural e aterraram o delicado sistema de canais de drenagem da região, elevando o nível do novo sistema viário e das construções vizinhas a 1,5 metro acima do nível do Museu. Após anos lutando para proteger seu precioso acervo do risco iminente, o Museu do Pontal obteve da Prefeitura a cessão de um novo terreno na Barra da Tijuca, e parte dos recursos para a construção de uma nova sede, cujo projeto foi confiado ao escritório mineiro Arquitetos Associados.

A nova sede do Museu do Pontal, mais perto do Centro do Rio 20 quilômetros em relação à sede histórica, tem 2.600 metros quadrados de área construída. O edifício foi projetado dentro do conceito de sustentabilidade, e está assentado sobre um terreno de 14 mil metros quadrados, consolidado e livre de inundações, dando segurança ao raro e singular acervo do Museu do Pontal.

estudo do caminho do sol ao longo do ano e do regime de ventos, o prédio de linhas retas, simples e elegante, tem um pé direito de oito metros, janelas com quebra-sol (brise-soleil) e ventilações cruzadas, que garantem que apenas 30% do prédio precise do uso de ar-condicionado, contribuindo também para a redução da emissão de gases poluentes. O projeto buscou ainda o máximo possível de iluminação natural, e o reuso da águade chuva para os jardins e a coleta seletiva de todo o lixo.

O terreno abrange 10 mil metros quadrados de área verde, com projeto paisagístico a cargo do Escritório Burle Marx, com dezenas de milhares de mudas de 73 espécies nativas brasileiras, de árvores frutíferas e vegetação tropical às paisagens da caatinga. A natureza é fundamental para contextualizar o acervo do Museu do Pontal, e várias espécies foram cuidadosamente transplantadas da sede histórica para a nova. Esta área verde contribuirá expressivamente para a purificação e umidade do ar da região, capturando CO2 e devolvendo oxigênio para a atmosfera. Do Museu, avista-se parte do conjunto de montanhas conhecido como Gigante Adormecido, que vai da Pedra da Gávea ao Pão de Açúcar.

 

FOLHA EM BRANCO – NOVO ENTRELAÇAMENTO DE PAISAGENS

Ao contrário da sede original, que consistia em uma síntese entre um paisagismo notável e edifícios austeros definidos por uma escala não monumental, com um sentido de respeito e cuidado à poderosa delicadeza do acervo, o novo terreno apresentava-se como uma folha em branco: geometria regular, topografia plana, ausência de vegetação significativa, vistas próximas abertas, e longas vistas mais altas que poderiam ser interessantes para espaços coletivos. Portanto, a construção de um novo Museu exigia simultaneamente a construção do lugar, ou um novo entrelaçamento de paisagens, reinventadas em suas várias escalas. Tanto o paisagismo quanto a arquitetura foram concebidos como um elemento vivo que se transformará e crescerá no tempo.

Essa interação entre arquitetura e paisagem foi reinterpretada por meio do controle da escala do novo edifício e de um estudo cuidadoso da seqüência de espaços internos que alterna salas, pátios e jardins. Uma arquitetura materialmente simples e direta reforça a delicadeza da coleção, evitando, por outro lado, sua dissolução em meio ao entorno suburbano pulverizado. As fachadas do edifício são fragmentadas, alternando jardins que melhoram a ambiência dos espaços interiores e definem intervalos ao longo das narrativas expositivas como vislumbres do mundo exterior. A escassa paleta de materiais – concreto, madeira, vidro, calçada portuguesa e vegetação – reforça a sensação de intimidade numa grande diversidade de espaços em termos de proporção, luz, altura, introspecção e abertura.

Uma lógica construtiva modular articula paredes de concreto, vigas de aço e fechamentos leves compondo um sistema ambiental que permite adaptar facilmente o edifício às novas demandas. Estes elementos, organizados numa malha de 9x9m, criam uma alternância controlada entre espaços interiores e jardins exteriores, espaços de pé-direito simples e pé-direito duplo, zonas de serviço e servidas. Conceber o edifício como um sistema e não como um objeto amplia as possibilidades de uso dos espaços, as margens de liberdade de seus usuários e, conseqüentemente, sua vida útil. Essa forma de raciocínio também permite que a construção seja modulada no tempo, em etapas que acompanham o desenvolvimento da própria instituição. O edifício agora aberto ao público é apenas o primeiro estágio de uma estrutura viva e de uma paisagem em mudança.

 

FLEXIBILIDADE E CRESCIMENTO

Flexibilidade e crescimento são conceitos fundamentais para permitir uma operação econômica em um museu privado. Os espaços de pé direito alto nas áreas técnicas permitirão o crescimento futuro das áreas de armazenamento e depósito de arte de forma simples e econômica por meio da inserção de mezaninos de aço, recurso que pode ser estendido às demais áreas do Museu. Na fase de projeto, a decisão de manter o ar condicionado natural para os espaços de acervo e exposição, como na antiga sede, orientou uma estrutura de pé direito alto com ventilação natural que proporciona espaços muito confortáveis ​​com baixíssima demanda de energia – cerca de 5% do valor médio gasto por outros museus de porte similar construídos recentemente no Rio de Janeiro.

Dada a afluência de público desde sua inauguração, estima-se que apenas em seus  primeiros meses de funcionamento o Museu já alcance o pico de visitantes correspondente a um ano de visitação no antigo local. Essa intensa presença de pessoas mudou positivamente o local, caracterizado por uma densidade muito baixa e uma ocupação predominantemente residencial. As intensas atividades nos fins de semana estão transformando o complexo em um novo destino cultural na cidade do Rio de Janeiro. Em vários momentos o Museu do Pontal se valeu financiamentos coletivos, o que contribui para a construção de uma relação afetiva entre o público e esse novo local, que está em permanente construção. Este Museu, em seu entrelaçamento entre arquitetura e paisagem, homenageia as palavras de Roberto Burle Marx: “O tempo completa as ideias”.

Arquitetos Associados é um estúdio colaborativo dedicado à arquitetura e urbanismo sediado em Belo Horizonte, Minas, no Brasil. O escritório trata cada projeto como um trabalho específico para o qual uma organização de trabalho própria é definida, o que permite a formação de equipes de projeto variada, incluindo a participação eventual de colaboradores externos. Esse modus operandi dinâmico amplia a qualidade de resposta aos problemas específicos de cada projeto, e dilui a questão autoral, permitindo a transformação permanente e a redefinição do grupo a cada trabalho, o que contribui para seu aprimoramento conceitual. O trabalho de cada um dos sócios toma a tradição da arquitetura moderna brasileira como ponto de partida. Com sutis diferenças de abordagens, procuram repensar alguns de seus principais conceitos a fim de buscar respostas adequadas e inovadoras para os problemas contemporâneos da arquitetura e das cidades brasileiras.

 

 

 

 

Fonte: CWeA Comunicação
Imagem: Divulgação Museu do Pontal

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