Olhar técnico e sensibilidade estética hoje são pré-requisitos essenciais para se projetar cozinhas altamente eficientes, práticas e sofisticadas
Multifuncional, a cozinha atual assume um papel protagonista na dinâmica dos lares contemporâneos, integrando funções, conectando pessoas e, por vezes, revelando o estilo de vida dos moradores. A tendência de integração da cozinha com a sala de estar ou jantar hoje transforma a estética do espaço em algo central. A escolha de acabamentos, mobiliário planejado e iluminação deve dialogar com o restante da casa e oferecer um visual acolhedor.
No geral, é preciso garantir fluidez de movimentos, espaços de armazenamento otimizados e ergonomia em todas as etapas do uso. Nesse contexto, os profissionais da área precisam estar atentos a uma série de temas essenciais ao projetar esse ambiente, como funcionalidade e fluxo Inteligente, sustentabilidade e materiais conscientes, personalização e experiência do usuário, até tecnologia e automatização, sem deixar, claro, a praticidade, o design e a sofisticação de lado.
De acordo com os arquitetos à frente da Meneghisso & Pasquotto Arquitetura, ilhas e penínsulas passaram a ser vistas como Projeto do escritório Meneghisso & Pasquotto Arquitetura prezou pela combinação de elementos contemporâneos e integração de ambientes para conceber um apartamento de veraneio prático e acolhedor. Foto: Livia Kras. soluções inteligentes na arquitetura de interiores diante do objetivo de otimizar os espaços, melhorar a circulação e criar áreas multifuncionais, por exemplo. “Enquanto as ilhas oferecem um ponto central para preparo de alimentos, armazenamento e refeições, as penínsulas surgem como alternativas versáteis para espaços menores, mantendo a integração visual com outros ambientes”, comentam.

O fato é que projetar uma cozinha, hoje, exige olhar técnico e sensibilidade estética, mas também escuta ativa e capacidade de antecipar usos futuros. Cada cozinha deve refletir o estilo de vida de quem a utiliza. Moradores que cozinham com frequência precisam de bancadas amplas, boas coifas e armazenamento eficiente. Já para quem valoriza o convívio, a presença de uma ilha gourmet ou balcão para refeições rápidas pode ser mais importante. Ouvir o cliente e traduzir suas rotinas em soluções espaciais é parte fundamental do trabalho. “É preciso que o projeto reflita o cenário de um mundo que valoriza a eficiência sem abrir mão do conforto e do design”, esclarecem.
Revestimentos
Na criação de uma cozinha, cada centímetro do projeto carrega um significado funcional e estético — e poucos elementos traduzem isso com tanta força quanto os revestimentos. Piso, paredes, bancadas e frontões não apenas compõem a aparência do espaço, mas também desempenham papéis essenciais na durabilidade, higiene e manutenção do ambiente.
Sendo uma área sujeita à umidade, calor e ao contato frequente com produtos de limpeza e respingos de alimentos, os revestimentos precisam ser resistentes e de fácil manutenção. Materiais de baixa porosidade, superfície esmaltada ou acabamentos acetinados, por exemplo, facilitam a limpeza sem comprometer a aparência.
Em projetos de cozinhas integradas, os revestimentos devem dialogar com os materiais presentes na sala ou área social. Em muitos casos, opta-se por estender o piso da cozinha para o restante da casa, criando unidade visual. Revestimentos com aparência de pedra natural, concreto ou mesmo madeira são escolhas frequentes nesses contextos, garantindo uma linguagem fluida entre os espaços.
Segundo Daniel Mosa, arquiteto e analista de marketing da Formica®, os projetos de arquitetura e interiores possuem uma sensorialidade refinada e é preciso que os fornecedores entreguem produtos alinhados com tais demandas. “A diversificação dos revestimentos permite que o design sensorial seja bem executado. Os projetos de arquitetura e decoração estão cada vez mais personalizados”, comenta.

A escolha de revestimentos também é uma oportunidade para brincar com padrões geométricos, composições monocromáticas ou contrastes dramáticos. Um exemplo é o uso de azulejos hexagonais em meia parede, criando um “efeito em transição” entre o ambiente da cozinha e o living. Já cerâmicas com acabamentos artesanais trazem textura e personalidade às paredes. Ainda, superfícies contínuas em tons neutros, como o cimento queimado ou o porcelanato tipo lastra, criam uma base minimalista ideal para cozinhas integradas e contemporâneas.

Bancadas e frontões exigem uma escolha estratégica que comunica o estilo do projeto, dita o ritmo da rotina e impacta diretamente na funcionalidade do espaço. Revestimentos como o granito e o quartzito ainda são amplamente valorizados por sua resistência ao calor e riscos. No entanto, superfícies tecnológicas como o Neolith vêm ganhando espaço, oferecendo uma vasta gama de cores, texturas e desempenho superior, com baixa absorção e grande resistência.
José Roberto Codato, sócio-proprietário da Alicante – importadora exclusiva do material no Brasil – conta à CM que o Neolith foi pensado para ambientes de alto desempenho e que um dos destaques do material é sua altíssima qualidade nos acabamentos e texturas. “Acabamentos foscos, brilhantes e texturas realçadas entregam beleza, sofisticação e versatilidade. Sua baixa porosidade impede a absorção de líquidos, tornando a superfície higiênica e fácil de limpar. Além disso, sua resistência à abrasão e a riscos garante durabilidade mesmo com uso intenso no dia a dia”, esclarece.
“A Neolith se destaca justamente por unir tecnologia de ponta com um olhar apurado para o design”, sinaliza o empresário. “A marca investe continuamente em inovação para desenvolver superfícies que reproduzem com f idelidade texturas naturais como mármores, pedras, madeiras e metais — tudo isso com o benefício de um material técnico de alta performance. A ampla paleta de cores e os diferentes acabamentos proporcionam liberdade criativa aos arquitetos e designers”, finaliza.
Já as bancadas em inox vêm ganhando espaço nas cozinhas residenciais, trazendo para o ambiente doméstico a robustez e a praticidade típicas dos espaços gastronômicos profissionais. Entre as principais vantagens estão a alta resistência a calor, umidade e impactos, além da superfície não porosa, que evita a proliferação de bactérias e facilita a higienização. Esteticamente, o inox imprime um visual moderno e industrial, funcionando bem em composições contemporâneas.

Mobiliário planejado
Se a cozinha virou um espaço de prazer e a expressão de um estilo de vida, os móveis e armários planejados passaram a ocupar um papel central no design de interiores. Eles não apenas organizam o espaço, mas moldam a experiência do usuário, conectam ambientes e valorizam cada centímetro disponível. Ao integrar funcionalidade, estética e durabilidade, o mobiliário planejado transforma a cozinha em um ambiente verdadeiramente sob medida, especialmente em cozinhas compactas ou com plantas irregulares. A solução permite criar uma continuidade visual entre a cozinha e os demais espaços, principalmente nos projetos integrados, onde a transição para a sala de jantar ou o estar é fluida.
De acordo com o arquiteto Bruno Moraes, do BMA Studio, o ponto de partida é entender o fluxo da cozinha e a dinâmica dos moradores, sendo a otimização é um requisito indispensável, fundamental para o bem-estar e autonomia do usuário. “Não faz sentido habitarmos em uma casa que nos deixa desconfortáveis. A ergonomia interfere diretamente em nosso humor e saúde”, considera.

Ainda, as marcenarias planejadas oferecem uma gama de acessórios que otimizam o dia a dia, como gavetas com divisores para talheres, organizadores internos deslizantes, lixeiras embutidas, cantoneiras giratórias e sistemas de amortecimento nas portas, em que cada elemento é pensado para facilitar o uso e reduzir o desgaste cotidiano.
No quesito design, poderoso recurso de expressão visual, a mistura de texturas — como madeira + pedra + metal — também vem sendo explorada para criar cozinhas com identidade marcante, além da versatilidade de cores. Pitter Schattan, diretor comercial da Ornare, pontua que o mobiliário sob medida tem se consolidado como um recurso estratégico na apresentação de empreendimentos que priorizam design, eficiência e identidade. “Ao levar nossa expertise para esse cenário, conseguimos aplicar aos projetos o mesmo rigor técnico e criativo que define o trabalho da Ornare: soluções sob medida, em sintonia com a arquitetura e desenvolvidas para integrar ambientes com uso inteligente do espaço”, comenta à CM.

Vidros
Na evolução dos projetos de interiores, o vidro adquiriu ampla aplicabilidade por unir leveza visual, versatilidade estética e durabilidade. Aplicado em móveis ou atuando como divisórias, o material é um recurso inteligente para criar a sensação de amplitude, se adaptando a diversos estilos de projeto. Em armários superiores com portas de vidro, por exemplo, a transparência (total ou parcial) reduz a sensação de volume e permite composições mais leves, especialmente quando combinadas com iluminação interna.
O uso de vidro texturizado — como o vidro canelado, jateado ou fumê — garante privacidade ao conteúdo interno dos armários ao mesmo tempo em que valoriza a estética do conjunto, criando pontos de interesse visual. Já as divisórias em vidro, com ou sem molduras, mantêm a conexão visual entre os ambientes e permitem que a luz natural se espalhe pela cozinha. Em cozinhas gourmet, portas de correr em vidro permitem isolar o espaço quando necessário, mantendo o design leve e conectado ao restante da casa.

Também em alta, o vidro reflecta, uma composição que mescla a transparência com o espelhamento, é ideal para se criar ambientes modernos. “Esse material traz muita sofisticação para o ambiente, além de ser atual e versátil”, explica a arquiteta Natália de Souza, responsável pelo escritório ResiliArt Arquitetura. Segundo a profissional, o material se tornou um dos queridinhos do décor.

Arthur Lacerda, o gerente de Marketing da Guardian Glass, ressalta que o vidro com aparência refletiva se integra harmoniosamente a diferentes estilos de decoração, seja em ambientes minimalistas, industriais ou clássicos. “Em cozinhas e banheiros, o uso desse material em armários cria superfícies elegantes e fáceis de limpar. Já em espaços comerciais, como hotéis e restaurantes, ele pode ser explorado para transmitir uma imagem de modernidade e exclusividade”, afirma.
Higiênico e de fácil manutenção, altamente resistente a impactos, calor e umidade, o vidro também vem sendo explorado em nichos ou mesmo como tampos de apoio sobre bancadas de madeira ou pedra. Essas soluções enriquecem o layout com texturas contrastantes e funcionam como vitrines para objetos decorativos, louças ou itens de uso cotidiano.
