pedestres ciclistas dinamarca febiyan unsplash

O conceito “Cidade de 15 minutos”

Conceito oficializado pelo urbanista franco-colombiano Carlos Moreno propõe comunidades com acesso a tudo o que se precisa em um trajeto de 15 minutos

 

As cidades abrigam grande parte da população mundial e essa concentração urbana tende a aumentar cada vez mais. Mas como manter a qualidade de vida nessas “selvas de pedra”? Uma das propostas é a cidade de 15 minutos, um conceito de planejamento urbano que, como o próprio nome sugere, visa criar comunidades onde as pessoas possam ter acesso a serviços essenciais se deslocando por no máximo 15 minutos a pé ou de bicicleta.

O conceito incentiva o desenvolvimento de cidades com múltiplos centros, com escolas, hospitais, escritórios, lojas, restaurantes e entretenimento localizados localmente, reduzindo a necessidade de transporte por longas distâncias e, consequentemente, a dependência de carros e veículos motorizados.

Com intervenções e políticas urbanas, o planejamento por trás deste conceito iria reduzir a dependência dos veículos, incentivando as viagens ativas (caminhada ou bike). Com isso as emissões de carbono e a poluição atmosférica iriam diminuir e a saúde da população melhorar – graças ao ar mais limpo e à prática mais constante de atividades físicas.

 

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As cidades de 15 minutos envolvem uma série de ideias e projetos que existem há muito tempo. Mas o conceito foi criado “oficialmente” em 2015, pelo urbanista franco-colombiano Carlos Moreno.  Após cinco anos de pesquisa, Moreno revelou o conceito, denominado ville du quart d’heure em francês, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21) em Paris. A ideia ganhou força quando a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, adotou o conceito em 2019 e o utilizou durante sua campanha de reeleição em 2020, que teve o professor como consultor científico.

“As cidades são os sistemas mais complexos criados pelos humanos. E uma das características de um sistema complexo é a impossibilidade de prever sua evolução. Precisamos considerar as cidades como sistemas complexos e imaginar novas maneiras de gerar soluções adaptáveis” – Carlos Moreno, arquiteto e urbanista.

O conceito de cidade de 15 minutos incentiva o desenvolvimento de cidades com múltiplos centros. No início a teoria foi considerada utópica, mas se mostrou uma solução viável durante a pandemia, quando foi necessário repensar a maneira como as pessoas viviam e se deslocavam pelas cidades. Depois que Paris trouxe a ideia de Moreno para a política urbana, o modelo da cidade de 15 minutos foi adotado em outras cidades, incluindo Houston, Milão, Bruxelas, Valência, Chengdu, Melbourne, Buenos Aires, Xangai, Houston e Edmonton.

 

cidade de minutos paris credito micael x

 

A rede C40 Cities, um plataforma que reúne prefeitos do mundo inteiro para promover iniciativas contra as mudanças climáticas, adotou o conceito da cidade de 15 minutos como forma de recuperar as áreas metropolitanas depois do Covid-19.

Hoje, Carlos Moreno está repensando o conceito e trabalhando em uma proposta de cidades de 30 minutos, considerando áreas menos povoadas. Ele é professor associado da Universidade Sorbonne em Paris, desde 2017 e, em em 2021, recebeu o Prêmio Obel pela criação do conceito. O Prêmio Obel é um prêmio jovem que homenageia contribuições arquitetônicas excepcionais para o desenvolvimento humano, seja na forma de um edifício, de um plano diretor, um projeto paisagístico, uma teoria ou uma exposição.

Algumas pessoas defendem a teoria de que o conceito de cidade de 15 minutos poderia ser usado como base para limitar o deslocamento da população pela cidade – uma ideia que foi amplamente desmascarada. Em entrevista ao site especializado Dezeen, Moreno explicou que a ideia de que as pessoas não poderiam circular fora de um raio de 15 minutos é falsa. “Na realidade, com a cidade de 15 minutos, desenvolvemos uma cidade policêntrica com muitas novas ciclovias, novas áreas para pedestres e para propor muitos serviços diferentes”, explica ele.

A cidade dos 15 minutos também foi criticada por alguns que acreditam que o seu objetivo é dificultar a vida de quem opta pelo carro como meio de transporte, já que a ideia é incentivar a caminhada e a bicicleta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: CicloVivo
Imagens: Febiyan e Divulgação

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