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Reconstrução do Rio Grande do Sul – Um novo modelo de política urbana

Raquel Rolnik, professora da FAU USP, sinaliza que é preciso a adoção de uma política que promova uma maior resiliência a inundações

 

No Rio Grande do Sul, a palavra de ordem agora é reconstrução. Bairros inteiros – e até municípios que ficaram debaixo de água – terão de ser reconstruídos, exigindo, em algumas situações, o reassentamento, o que significa que deverão ser construídos em outro lugar, diz a professora Raquel Rolnik, colunista do Cidade para Todos. E isso, segundo ela, leva a questões de fundamental importância. “Como será essa reconstrução Nós vamos repetir um modelo de construção das cidades responsável pelo altíssimo impacto dessas inundações, além daquele que também é muito responsável pelos alagamentos?”

É uma questão de política urbana, que até aqui tem se preocupado em aterrar e ocupar as várzeas, enfiando os rios dentro de calhas e canais, e que é contrária a uma política que promova uma maior resiliência a inundações. “A questão fundamental é não ocupar a várzea”, afirma a colunista. No entanto, tudo se torna muito mais difícil quando a própria legislação atualmente existente promove o aterramento da várzea e é alvo de mais flexibilizações, com várias propostas nesse sentido tramitando no Congresso Nacional.

“Nesse momento da reconstrução, o fundamental é fazer exatamente o contrário. É definir que as várzeas dos rios também devem evitar uma ocupação e um aterramento, tem que preservar as matas ciliares.” Outro ponto destacado pela colunista é o de que os alagamentos estão diretamente relacionados à impermeabilização do solo. “E aí a gente não tem área de absorção, a terra não funciona como uma esponja.”

Para a colunista, é importante que se entenda que, em vez de trabalhar contra o rio e a natureza, devemos trabalhar a seu favor, como, menciona ela, vem ocorrendo no campus Butantã da USP, com a reinauguração do Restaurante do Viveiro. “Se as pessoas forem visitar lá, vão perceber que toda área é uma grande esponja. Foi tudo pensado como uma solução baseada na natureza, com jardins de chuva, valetas nos estacionamentos. O que eu estou querendo dizer com isso? Estou querendo dizer que é absolutamente possível se implantar políticas desse tipo”, finaliza Raquel.

 

*Cidade para Todos
A coluna Cidade para Todos, com a professora Raquel Rolnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Jornal USP – Cidade para Todos Publicada em 16 de maio de 2024.
Imagem: Google Earth

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