Projeto de pesquisa experimental alemã possui duração prevista de três anos e é financiado pelo Ministério Federal de Assuntos Econômicos e Energia (BMWi), que disponibilizou 1,5 milhões de euros para a iniciativa.
Atentos os esforços estipulados no Acordo Climático de Paris de 2015 — em que a comunidade global se comprometeu a limitar o aquecimento global a menos de 2 °C até o final do século —, a parceria entre três instituições alemãs impressionou a comunidade tecnológica mundial ao anunciar um novo método de produzir carbono: a partir do ar.
O recurso ainda está em fase de testes, mas promete grandes resultados, segundo os responsáveis. Isso porque as alemãs INERATEC GmbH e Climeworks, com o apoio do Instituto de Tecnologia Karlsruhe (KIT) — uma universidade técnica estatal da Alemanha — construíram uma usina piloto para capturar o dióxido de carbono (CO2) diretamente do ar e transformá-lo em carbono sólido em pó, que pode ser armazenado ou usado como matéria-prima industrial (como o grafite de alta qualidade).
A metodologia, chamada de Necoc (Dióxido de Carbono Negativo para Carbono, na sigla em inglês), funciona em quatro etapas:
• Absorção: CO2 é separado do ar ambiente por meio de um absorvedor.
• Reação: CO2 é levado para um reator microestruturado, onde reage com hidrogênio sustentável produzido por eletrolisador, transformando-se em metano e água.
• Pirólise: Metano é enviado para um reator com estanho líquido, onde ocorre uma reação de pirólise que divide as moléculas de metano, criando hidrogênio e carbono sólido em pó.
• Separação: Hidrogênio é devolvido para o processo, enquanto o carbono sólido é retirado mecanicamente. Ajustes nos parâmetros permitem a produção de diferentes tipos de carbono.
Apesar de parecer complexo, todo o experimento acontece em uma usina com o tamanho de um contêiner, capaz de transformar dois quilos de CO2 do ar ambiente em 0,5 quilo de carbono sólido durante um dia. “Conhecemos bem os módulos individuais”, diz o coordenador de projeto do NECOC, Dr. Benjamin Dietrich (TVT). “No entanto, eles nunca foram realizados juntos em uma instalação integrada até agora. Esta é a primeira vez no mundo. Se esse carbono permanecer permanentemente ligado [sem retornar para a atmosfera], teremos combinado com sucesso a emissão negativa com um componente do suprimento de recursos pós-fósseis como parte de uma futura estratégia de gerenciamento de carbono. Isso representa uma dupla contribuição para um futuro sustentável”, complementa.
O próximo passo, segundo as empresas idealizadoras, é aprimorar a tecnologia para tornar o processo mais eficiente em termos de energia, melhorando a recuperação do calor gerado durante a produção do carbono. Para isso, eles estão estudando a possibilidade de integrar o armazenamento de calor de alta temperatura e o aquecimento solar direto. Comprovada a eficácia, as instalações serão deslocadas para o campus do KIT, para testar efetividade à operação a longo prazo.
Fonte: AECweb
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