Webinar promovido pela BW Expo discorre sobre Gestão de Resíduos Sólidos e ressalta importância de conscientização social.
Prestes a completar 10 anos de vigência, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) representou um avanço importante para melhorar a gestão de resíduos em todo o território brasileiro. Contudo, ainda há muito a ser feito, uma vez que o país conta com mais de 3000 lixões em funcionamento e existe um desconhecimento por parte da população sobre a responsabilidade da geração do lixo bem como a respeito das tecnologias para um gerenciamento eficiente dele.
Em Webinar BW TALKS: Gestão de Resíduos Sólidos, transmitido em julho pelo canal da Sobratema no Youtube, Thiago Villas Boas Zanon, supervisor técnico da Solví Participações, Marcelo Benvenuto, conselheiro da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP) e Luiz Gonzaga Alves Pereira, diretor-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), conversaram sobre ações necessárias que alçariam o Brasil à outro patamar na questão.
Marcelo Benvenuto explicou que é importante entender a diferença entre lixão e aterro sanitário. O lixão é a forma incorreta de dispor o resíduo sólido porque impacta o meio ambiente, o solo, os cursos d’água, os lençóis freáticos e ainda é prejudicial à saúde da população. Já o aterro sanitário é uma obra projetada, com finalidade bem definida para a disposição do rejeito, ou seja, do resíduo que não pode ser mais tratado.
“Os aterros são viáveis economicamente e mitigam todos os impactos ambientais que possam ocorrer. Enquanto o lixão tem custo zero, mas com muitos prejuízos” – Marcelo Benvenuto
Thiago Villas Boas Zanon destacou que no curto prazo é necessário intensificar a instalação de aterros sanitários para a erradicação dos lixões. E, após essa ação, trabalhar com a valorização dos resíduos. Isso porque o Brasil possui lastro legal e mecanismos financeiros para atuar desse modo, contribuindo para uma gestão correta do resíduo.
“Sem dúvida, a etapa básica é a erradicação de lixões. Em países europeus e nos Estados Unidos, o primeiro passo tomado por eles foi justamente a extinção dos lixões” – Thiago Villas Boas Zanon
Luiz Gonzaga Alves Pereira afirmou que o problema da gestão de resíduos sólidos é sério e trouxe informação sobre o potencial energético da recuperação de resíduos no país, que poderia suprir a demanda por energia elétrica nos estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba. Atualmente, já existem aterros que geram gás a partir dos resíduos. E esse gás poderia ser transformado em energia elétrica com o uso de tecnologias.
A seu ver, a questão de uma boa gestão de resíduos está relacionada diretamente com o administrador municipal. Em alguns casos a prefeitura acaba empurrando o lixo para longe dos olhos da população. Segundo ele, isso não é problema de recurso, uma vez que legalmente é possível a criação de tarifas sobre o serviço. É uma questão de falta de responsabilidade e omissão.
O presidente da Abetre aceitou o convite da BW Expo, Summit e Digital 2020 para ser o curador do Núcleo Temático Resíduos Sólidos. O anúncio foi feito pelo engenheiro Afonso Mamede, presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração) durante a abertura do Webinar BW TALKS.
“Existem várias rotas tecnológicas para o tratamento de resíduos. No entanto, mesmo assim, entre 17% e 25% desses resíduos se tornarão rejeitos que, então, são encaminhados para um aterro sanitário, que é uma obra de engenharia muito bem construída. Em países continentais, como o Brasil, o aterro ainda é a melhor solução” – Luiz Gonzaga Alves Pereira
Um ponto levantado pelo moderador Vagner Barbosa, responsável pelo marketing da BW 2020, foi a conscientização ambiental:
Pereira entende que as novas gerações estão mais atentas à questão ambiental, recebendo informações para uma maior conscientização sobre o tema. Todavia, ele ponderou que o assunto não está entre as preocupações das pessoas e ressaltou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o gasto de US$ 1 em uma boa gestão dos resíduos gera uma economia de US$ 4 na saúde pública.
Para Benvenuto, a geração de menos resíduos está ligada à educação ambiental, compreendendo que as crianças são multiplicadoras do conhecimento. Segundo ele, em média, uma pessoa gera 1 kg de resíduo sólido por dia e a primeira atitude é reduzir na fonte, em casa. Com maior consciência o consumidor precisa saber o que está comprando, o que está jogando fora e o que pode ser reaproveitado, e fala sobre a responsabilidade compartilhada na geração de resíduo; as pessoas, o gestor público e as empresas privadas precisam estar cientes sobre seu papel nesse segmento.
Assista o encontro virtual na íntegra AQUI.
Fonte: www.sobratema.org.br