Os impactos da COP27 no setor imobiliário

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COP27 pode levar a exigências mais rigorosas para a utilização de materiais e métodos mais eficientes em termos energéticos, menos danosos às edificações.

 

A COP27, Conferência das Partes da ONU sobre Mudança Climática, realizada em novembro do ano passado, em Sharm El Sheich, no Egito, tem o potencial de impactar de modo significativo o mercado imobiliário. Isso porque as metas estabelecidas na conferência visam reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover a energia limpa, o que pode levar a mudanças nos padrões de construção e no uso de energia em edifícios, mudando em caráter definitivo a estratégia de desenvolvimento de novos projetos nas empresas do segmento. Hoje o setor de imóveis responde por 40% da emissão global de carbono, sendo que 28% são de energia usada para aquecer, resfriar e levar eletricidade aos edifícios, e 11% são geradas a partir de matéria prima.

Evidentemente, uma das principais áreas de impacto será na construção de novos edifícios. A COP27 pode levar a exigências mais rigorosas para a utilização de materiais e métodos mais eficientes em termos energéticos, sendo ambientalmente menos danosos que os edifícios ordinários atuais. Isso pode incluir técnicas de construção passiva, com forte influência da nova arquitetura biofílica, que busca conectar os espaços com a natureza, promovendo bem-estar e conforto para seus ocupantes, como a construção de edifícios voltados para maximizar a luz solar natural e reduzir a necessidade de iluminação artificial, e a instalação de sistemas de captação de energia solar, água de chuva e até mesmo microestações de tratamento de resíduos.

 

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Na busca por sustentabilidade, o escritório Dal Pian incluiu uma abertura envidraçada no projeto da Sede da Natura em São Paulo. O teto e fachada, protegido por brises, filtra a luz natural e garante eficiência energética e conforto ambiental.

 

Além disso, a COP27 tem grande potencial para direcionar reformas em edifícios existentes, impondo exigências e melhorias para tornarem-se, de fato, eficientes e menos negativamente impactantes nas estruturas naturais em que são construídos.

Outra forma pela qual a COP27 pode afetar o mercado imobiliário é através da criação de novos incentivos para desenvolvimento de projetos imobiliários que promovam a energia limpa e a redução de emissões de gases de efeito estufa. Seguindo esta tendência, alguns agentes financeiros já estão elaborando programas de financiamento, créditos fiscais e outros estímulos para a construção de edifícios “limpos”. Em geral, a COP27 tem condições de mudar significativamente a forma como os edifícios são projetados, construídos e operados, influenciando todo o longo ciclo do mercado imobiliário.

No entanto, é importante observar que ainda é cedo para saber exatamente como serão implementadas as metas estabelecidas na conferência, o que não afasta a necessidade das empresas do segmento se prepararem para uma nova jornada em que a natureza também deverá ser entendida como um verdadeiro cliente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Bruno Malvezi – CEO do Grupo Impper
Imagens: Divulgação

“Grafeno” ganha primeira Norma Brasileira

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Domínio da tecnologia pode transformar o país em um fornecedor de nanotecnologia e produtos de alto valor agregado.

 

O grafeno, um dos materiais mais pesquisados do mundo por suas propriedades físicas, como alta resistência mecânica, leveza, maleabilidade e alta condutividade térmica e elétrica, acaba de ganhar a primeira Norma Brasileira. O objetivo da norma é caracterizar os diferentes produtos que compõe a classe de materiais que recebem o nome grafeno, contribuindo assim, para o desenvolvimento de novas tecnologias, com grande impacto em diversos setores da indústria.

“Um dos principais desafios do grafeno, está na sua aplicação. Por ser um nano material, ainda há dificuldade em transformá-lo em aditivos e produtos de fácil aplicação na indústria. E parte deste desafio existe pela falta de normas e padrões desde a sua nomenclatura até em práticas de manipulação e manuseio. A indústria e academia, por intermédio da ABNT, têm buscado normatizar toda a cadeia deste material com urgência, para apoiar no seu consumo e desenvolvimento de novos ingredientes e produtos”, explica Alexandre de Toledo Corrêa, Diretor Executivo da Gerdau Graphene, uma das empresas envolvidas no desenvolvimento da Norma e coordenador da Comissão de Estudo Especial de Nanotecnologia (ABNT/CEE-089) responsável pela publicação da norma.

Atualmente o Brasil é o terceiro maior fornecedor mundial do mineral grafita e possui a segunda maior reserva mundial desse material que é a principal matéria prima para o grafeno, de acordo com dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Estima-se que esse mercado movimentará, em cinco anos, mais US$ 3 bilhões de dólares.

O grafeno é um nano material composto de carbono, que por suas propriedades atraí a indústria para utilização na criação de uma nova classe de materiais, com potencial de revolucionar o uso não só com novos materiais, mas com uma nova visão para produtos já consagrados como tintas, cimento e concreto, embalagens, artefatos plásticos e lubrificantes.

 

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Estrutura do grafeno.

 

“Importante ressaltar que o grafeno também é peça fundamental na revolução tecnológica em mercados como o de energia, possibilitando novas tecnologias mais sustentáveis para baterias, por exemplo”, explica Valdirene Sullas Teixeira Peressinotto, Head de P&D da Gerdau Graphene e membro da Comissão de Estudo Especial de Nanotecnologia (ABNT/CEE-089).

Segundo ela, a publicação da norma é o primeiro passo para a adoção do material na indústria e para que comece a ocorrer a migração de concentração do conhecimento da academia para a indústria. “O tamanho do mercado global de grafeno foi avaliado em US$ 620 milhões em 2020 e está projetado para atingir US$ 1.479 milhões até 2025. As projeções refletem o amadurecimento tecnológico apoiado pelas primeiras normas e pelo aumento da demanda por grafeno, globalmente em várias aplicações industriais”, revela.

Para o presidente da ABNT, Mario William Esper, a nova norma contribuirá para estimular a difusão de conhecimento e de aplicações do grafeno. “Trata-se de uma iniciativa pioneira para promover o avanço e o fortalecimento científico desse material revolucionário, que pode gerar tantas riquezas e divisas ao Brasil”, ressalta o dirigente.

 

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A norma brasileira é uma adoção idêntica da publicação internacional, a qual foi elaborada com a colaboração de mais de 30 países, incluindo o Brasil, dentro do ISO/TC 229 — Nanotechnologies. A norma ABNT ISO/TS 21356-1, que de fato é uma especificação técnica, trata da caracterização estrutural do grafeno na forma particulada e dispersões.

Ela apresenta definições e protocolos para determinação de número de camadas, dimensões laterais dos flocos, alinhamento entre camadas, nível de desordem e área específica do pó contendo grafeno. A ISO/TS 21356-1 foi traduzida para o português pelo grupo de trabalho GT4 – Materiais Bidimensionais, da Comissão de Estudo Especial de Nanotecnologia (ABNT/CEE-089), coordenada pelo Professor Luiz Gustavo Cançado, do Departamento de Física da UFMG.

A norma ABNT ISO/TS 21356-1:2023 pode ser adquirida no serviço ABNT Catálogo, através deste link.

 

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Fonte: GC Grandes Construções
Imagens: Divulgação

Contemplando as árvores

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Reverenciando elementos arquitetônicos originais da década de 1960, projeto valoriza vista privilegiada transformando a área social em um espaço único.

 

O apartamento Buenos Aires, de 355 m2, está localizado no edifício Fabíola, datado de 1960, do arquiteto e construtor polonês naturalizado brasileiro Luciano Korngold. Com vista para a praça Buenos Aires, no bairro paulistano de Higienópolis, o edifício se destaca na paisagem pelo relevo da escultora búlgara Liuba Wolf presente em seu coroamento. 

Projetado para um casal que queria aproveitar a vista, coube ao escritório Terra Capobianco reverenciar a estrutura original da edificação que permite a integração total dos cômodos da área social, resultando em um grande vão e pé direito alto, tipo de construção tão rara nos tempos atuais. 

A premissa natural foi reforçar a amplitude da sala principal, tornando o espaço fluido, amplo e harmônico. Antes dividida em três ambientes, ela foi integrada em um único espaço, favorecido pelo pé direito de 3 metros. As vidraças piso-teto com vista para a copa das árvores intensificam a experiencia de habitar o espaço generoso, dado pela escolha precisa dos materiais.

 

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O teto da sala principal foi texturizado em cor clara para intensificar a luz natural abundante e dialogar com o piso recoberto por granilite. Painéis em ripas de folha natural de carvalho americano envolvem toda a área social, trazendo conforto visual, além de camuflar as portas de acesso às demais áreas do apartamento. O sistema de ar-condicionado está oculto no forro rebaixado do hall de entrada, enquanto os elementos estruturais foram revelados, como o concreto dos pilares, agora recuperados e aparentes.

“Buscamos com a intervenção exaltar a generosa espacialidade permitida pela boa estrutura da edificação. O apartamento é uma rara e privilegiada celebração do encontro entre arquitetura e paisagem.” – Terra Capobianco

 

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Detalhe do escritório, que segue o mesmo conceito da área social.

 

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Relevo da escultora búlgara Liuba Wolf torna o edifício uma rara e privilegiada celebração do encontro entre arte e arquitetura.

 

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Por Redação
Imagens:  Manuel Sá

Sala de Vidro do MAM recebe obra inédita de Shirley Paes Leme

mockup projeto da instalacao site specific Nosso mundo da artista Shirley Paes Leme para Sala de Vidro do MAM Sao Paulo Imagem cortesia da artista Easy Resize com

A artista criou uma instalação site-specific que dialoga com o Parque Ibirapuera, onde o museu está localizado, e lança uma provocação sobre o paradoxo de um “oásis poluído” dentro da metrópole paulistana.

 

A partir de 2 de março, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo) recebe um trabalho inédito da artista Shirley Paes Leme, pensado especialmente para ocupar a Sala de Vidro da instituição. A convite do curador-chefe do MAM, Cauê Alves, a artista concebeu uma instalação site-specific que dialoga com o entorno do museu, e ao mesmo tempo instiga o público a pensar sobre as condições climáticas.

Nosso mundo (2022-2023) é uma instalação composta por mais de 1000 filtros usados de ar-condicionado de carro e alumínio reflexivo. Enquanto os filtros formam na parede da sala um skyline da cidade, com aspecto turvo e fora de foco trazendo a imagem causada pela poluição do ar, o chão espelhado irá refletir a paisagem e a arquitetura do Parque, e o visitante, colocando no mesmo espaço as árvores e também a marquise. A artista explica que esse caráter espelhado do chão deve tornar a Sala de Vidro um lugar confuso, pois o público não saberá muito bem o que está por vir, já que tudo em volta ficará dentro do mesmo espaço.

“Ao mesmo tempo, o visitante se vê e vê as árvores, o teto, a parede refletida no chão, e vê também as árvores, a parede real, causando uma confusão de realidades” – Shirley Paes Leme.

 

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Projeto da instalação site-specific Nosso mundo (2022-2023), da artista Shirley Paes Leme, para Sala de Vidro do MAM São Paulo.

 

Simultaneamente, haverá o skyline na parede, tornando o lugar que parecia contemplativo em um espaço, na verdade, provocativo. O diálogo com o Parque Ibirapuera também esteve presente nas últimas obras que ocuparam a Sala de Vidro do MAM, como os Cupinzeiros (2022), de Lidia Lisboa; Origem e Destino (2021)de Rodrigo Bueno, e Retromemória (2022), de Lenora de Barros.

Os filtros de ar-condicionado que constroem o skyline na obra são todos usados, com o aspecto escuro da “marca da fumaça”, como a artista chama, tendo em vista que o ar poluído da cidade passou por dentro deles. Os rastros de fumaça fazem parte, de certa maneira, da trajetória da artista, que já utilizou como material para compor obras das séries Tensão, Resíduos da Cidade Fumaça-ação. O caráter manchado desses filtros evoca uma tensão um tanto assustadora, já que convoca o público a pensar que o mesmo ar que passa por eles é o ar que respiramos. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) em 2022 indicou que a poluição presente no ar na cidade de São Paulo ficou acima do recomendado pela OMS nos últimos 20 anos.  “Além de apontar para questões ambientais cada vez mais urgentes, Shirley Paes Leme reflete e dá visibilidade para a situação paradoxal de estarmos numa espécie de oásis poluído”, aponta o texto curatorial da obra escrito por Cauê Alves.

 

SERVIÇO

Sala de Vidro – Nosso mundo, de Shirley Paes Leme

Abertura:  2 de março, quinta-feira, às 19h
Período expositivo:  2 de março a 28 de maio de 2023
Local:  Museu de Arte Moderna de São Paulo, Sala de Vidro
Endereço:  Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3)
Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)

Ingressos: R$25,00 inteira e R$12,50 meia-entrada. Aos domingos, a entrada é gratuita e o visitante pode contribuir com o valor que quiser.

www.mam.org.br/

 

 

 

 

 

 

 

 

Imagem: Cortesia da artista.

 

 

 

 

 

Crea-SP e governo paulista traçam ações de enfrentamento à tragédia no Litoral Norte

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Entidades assinaram termo de colaboração nesta quinta-feira (23/02) e já iniciam os trabalhos em parceria.

 

A tragédia que atingiu o Litoral Norte de São Paulo no último fim de semana, convocou toda a sociedade para uma mobilização emergencial acerca da segurança habitacional. Na tentativa de prevenir novos casos e colaborar com a defesa e proteção da população, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SDUH) firmaram uma parceria nesta quinta-feira (23/02) para estabelecer ações conjuntas de enfrentamento ao estado de calamidade pública em razão de chuvas e demais emergências climáticas.
As entidades se reuniram na Sede do Crea-SP, na capital paulista, para assinatura do termo de cooperação que prevê a troca de informação e integração técnica-científica para criação de medidas, ações e mecanismos de fiscalização preventiva, elaboração de projetos e monitoramento em áreas de risco. O objetivo é reduzir índices de ocorrências que infringem a legislação profissional, como é o caso das moradias construídas de forma irregular em áreas de risco e sem o acompanhamento de responsável técnico.

O presidente do Conselho, Eng. Vinicius Marchese, destacou a importância do conhecimento técnico do Crea-SP nesta missão, com o intuito de corrigir os danos e evitar tragédias. “A área tecnológica deve agir para não só resolver os problemas em curso, como também prever novos acontecimentos e mitigar todos os riscos possíveis. Os eventos climáticos estão se acentuando e cobram ações nossas”, afirmou.

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Na foto, em pé, da esquerda para a direita: presidente do Crea-SP, Eng. Vinicius Marchese; chefe de gabinete da SDUH, Coronel Roberto Antônio Diniz; e presidente do Confea, Eng. Joel Krüger / Foto Divulgação.

 

Tanto o Conselho quanto a SDUH devem instituir comitê específico, a ser integrado por especialistas e representantes da administração pública que trabalharão na detecção de riscos em áreas de ocupação de solo e habitação, monitoramento de mudanças climáticas, desenvolvimento de estudos, laudos, projetos e peças técnicas para auxiliar na promoção e condução da Política Habitacional do Governo do Estado de São Paulo, além de ações educativas para conscientização da população.
O Coronel Roberto Antônio Diniz, chefe de gabinete da SDUH, que representou o secretário Marcelo Cardinale Branco – em atividade em São Sebastião -, explicou que a parceria não se limita ao desastre ocorrido no Litoral Norte. “A oportunidade de ter o Crea-SP como parceiro é minimizar as consequências da tragédia e prevenir outras. É uma missão de atender à população que se fortalecerá com as comunidades, que passarão a contar com a expertise de profissionais registrados”. O termo assinado pelo Crea-SP e pela SDUH pode ser consultado no site do Conselho, aqui.

 

 

 

 

 

 

Soletrol – solução sustentável em aquecimento de água

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As principais pautas da Soletrol se concentram no constante aprimoramento da tecnologia e inovação de seus produtos.

 

A Soletrol é uma empresa pioneira no desenvolvimento, industrialização e popularização da energia solar térmica há mais de 40 anos. Com sua inovação, determinação e espírito empreendedor, a marca se tornou sinônimo de história e liderança na busca por fontes de energia limpas e renováveis.

Após a popularização do uso de aquecedores solares de água, se estabeleceu como uma das empresas mais importantes no setor de energia solar térmica, presente em vários locais, como residências, centros comerciais, universidades, hotéis, clubes, entre outros.

 

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O resultado de décadas de investimento em tecnologia e pesquisa, resultou em premiações e certificações ao longo dos anos. A busca pela excelência e o desenvolvimento constante são marcas registradas da Soletrol. Além de fornecer uma fonte de energia limpa e renovável, os aquecedores solares da marca também contribuem para a preservação do meio ambiente, evitando a poluição causada por fontes de energia tradicionais. Além disso, um aquecedor solar de água pode valorizar o imóvel, uma vez que estar atualizado com a tendência de construção sustentável é cada vez mais importante.

Em resumo, a Soletrol é uma empresa comprometida com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente, oferecendo soluções inovadoras em energia solar para seus clientes. Com seu objetivo de tornar a energia solar a principal fonte de energia nas diversas necessidades da vida, é líder e referência no setor de energia solar.

 

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Sistemas de ar condicionado: eficiência energética

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Conheça mais sobre Processos integrativos para a concepção de um sistema de ar condicionado.

 

Os temas “sustentabilidade” e “eficiência energética” vêm ganhando força e se tornando termos populares e comuns em todas as áreas. Na construção civil não é diferente: tanto no âmbito de projetos como nas atividades de construção (obras, resíduos e materiais), a sustentabilidade vem se intensificando com a demanda cada vez maior de certificações sustentáveis (LEED®, AQUA®, BREEAM® etc.), bem como de selos de eficiência energética (PBE Edifica) nos empreendimentos.

Por conta dessa procura, identificamos projetos que, “alavancados” pelos processos de certificação sustentável e eficiência energética, acabam resultando em empreendimentos com soluções de sistemas prediais, especificamente em sistemas de ar condicionado, que apresentam elevado custo.

Isso, no entanto, não é regra. O grande equívoco tem sido relacionar os projetos de sistemas prediais sustentáveis e eficientes a projetos que possuem sistemas de elevada tecnologia e alta complexidade. Na verdade, está fundamentalmente relacionada ao conceito integrado dos projetos ou processo integrativo de projetos, envolvendo não somente os projetos de sistemas prediais (ar condicionado, elétrico, iluminação, hidráulico etc.), mas principalmente a sinergia de todos com os projetos arquitetônicos, porém, com a visão sistêmica de conceitos correlacionados das diversas disciplinas e não focado apenas em determinação de espaços e compatibilizações físicas de desenhos.

Os projetos arquitetônicos têm grande participação no consumo energético de qualquer empreendimento. Em se tratando de um edifício comercial, por exemplo, o projeto arquitetônico é responsável por quase 25% da participação no consumo energético global. Mas como isso é possível, já que a arquitetura não possui componentes que consomem energia? O desconhecimento da resposta a essa pergunta é o que gera, em grande parte dos projetos, sistemas prediais com instalações e equipamentos de elevada tecnologia e de elevado custo.

A arquitetura, representada principalmente pelo projeto de fachada ou arquitetura bioclimática, tem enorme influência na eficiência energética de qualquer construção, pois é nela que serão especificadas as características físicas da composição dos materiais que irão formar a “casca” do edifício. Entendemos, então, que a “casca” deverá proteger as áreas internas das influências externas. Proteger contra a ação de intempéries (vento, chuva etc.) e principalmente contra a transmissão de calor, composto principalmente pelo ingresso de radiação infravermelha e ultravioleta na edificação. Abordaremos, a seguir, um breve exemplo de um processo integrativo para a concepção de um sistema de ar condicionado.

 

 

Primeiramente, um projeto arquitetônico eficiente deve levar em consideração todos os efeitos da arquitetura bioclimática, de modo a estabelecer estratégias de concepção, desenho (orientação e forma), escolha de materiais (vidros, vedação, cobertura etc.) e sistemas de proteção passivas (brise soleil, peitoril etc.), com o objetivo fundamental de promover sempre o conforto térmico, lumínico e acústico dos ocupantes e, também, reduzir a demanda de cargas internas, especialmente para o sistema de ar condicionado.

Após essa otimização arquitetônica, deve-se avaliar como será a utilização e finalidade dos espaços internos, tais como atividades dos ocupantes, taxa de ocupação e nível de ocupação ao longo do tempo (dia, semana, final de semana, feriados etc.), já que essas condições determinarão a melhor concepção operacional do sistema de ar condicionado. Por exemplo, se é melhor um sistema centralizado (uso de centrais de água gelada) em uma grande área de data center ou shopping center, que possuem operação conhecida e constante, ou equipamentos distribuídos e independentes (aparelhos do tipo split ou unidades VRF – Variable Refrigerant Flow), que flexibilizem a operação em função da necessidade não constante de ocupação dos espaços em um escritório corporativo. 

Com a seleção da concepção do sistema, podemos explorar estratégias que reduzam a demanda de resfriamento, como aproveitar somente o sistema de ventilação forçada, sem acionamento de equipamentos de refrigeração, para condicionar o ambiente (free cooling a ar) em função das condições climáticas externas favoráveis; tratar ou pré-resfriar o ar externo (renovação) através de equipamentos dedicados ou através de recuperadores de energia (calor) ou rodas entálpicas, para redução de carga térmica de ar externo; implementar soluções híbridas com equipamentos de condicionamento artificial que permitam aproveitar as condições externas naturais (ciclo economizador), em função da necessidade, ou outras tecnologias.

E finalmente, após todas as estratégias avaliadas, passamos para a escolha e seleção do melhor equipamento de ar condicionado. Porém, não basta escolher o mais eficiente e sim verificar em qual momento o equipamento opera com a melhor eficiência. Existem equipamentos que têm maior eficiência em condições parciais de operação, ou seja, em momentos nos quais a demanda por resfriamento não é intensa (exemplos: ambiente parcialmente ocupado, ambientes com muita variação de ocupação ao longo do dia ou da semana, dias nublados, inverno etc.). Nesses casos, o ideal é optar por equipamentos que tenham compressores com inversores de frequência ou que o mercado chama de “inverter”, que irão variar o consumo energético em função da demanda variável de resfriamento ou aquecimento, sendo o IPLV (Integrated Part Load Value) o indicador energético adequado para verificação de eficiência nessas condições.

Por outro lado, existem equipamentos que possuem maior eficiência em condições plenas de operação, na qual a demanda por resfriamento é quase constante e próxima da máxima (ambientes de servidores num data center, hospital com 90% de ocupação etc.). Nessas situações é importante optar por equipamentos que possuem a melhor eficiência em condições plenas, sendo o COP (Coeficiente de Performance) o melhor indicador energético.

Quanto maior for o IPLV e o COP, mais eficiente é o ciclo de compressão de vapor do equipamento de refrigeração do sistema de ar condicionado, que demandará menos energia na geração de resfriamento ou aquecimento, reduzindo o consumo. Com todos os estudos e projetos desenvolvidos de acordo com o processo descrito acima, podemos explorar estratégias sustentáveis de geração de energia renovável por geração fotovoltaica, por exemplo, que resultará no projeto arquitetônico e do sistema fotovoltaico mais econômico e eficiente possível, já que teremos a melhor condição na qual a demanda do sistema de ar condicionado, que é representativa, foi amplamente otimizada.

Atualmente, fala-se muito em empreendimentos “Zero Energy” ou “Autossustentáveis” em energia e, certamente, a aplicação do Processo Integrativo nesses casos é fundamental para a viabilização técnica e econômica desses projetos.  A metodologia de Processo Integrativo promove a visão do projeto de forma sistêmica, desde a concepção, execução e entrega do projeto. Todos os envolvidos devem buscar sinergias entre si, coordenando as disciplinas e sistemas, para que possam atender da melhor forma os objetivos do cliente e da comunidade, com conceitos e soluções eficazes.

Alinhado a isso, existe um outro processo que pode contribuir bastante ao longo da cadeia de desenvolvimento de um projeto, que é o Processo de Comissionamento, baseado no Guia 0 (Guideline 0 – The Commissioning Process) da ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers), que, inclusive, é exigido na Certificação LEED® e em outras metodologias. Infelizmente, o mercado da construção civil brasileira possui um entendimento um pouco equivocado com relação ao comissionamento. Muitos entendem que este serviço está relacionado às atividades de testes e calibração no final das instalações. De nada adianta aprovar ou reprovar um teste no final da obra caso o conceito do projeto já “nasceu” desalinhado com as premissas.

De acordo com o Guia 0, para este serviço ter grande eficácia, deve ser contratado no início do projeto, pelo cliente ou proprietário, com o levantamento e definições das necessidades e premissas, sendo apresentado num documento denominado OPR (Owner Project Requirements). Definido esse documento, todos os projetos arquitetônicos e multidisciplinares deverão ser concebidos para atender as premissas, sendo acompanhadas e avaliadas pela empresa ou equipe de comissionamento. Essa fase inicial é onde ocorre a sinergia do Processo Integrativo de projetos, já que haverá uma liderança que poderá contribuir para avaliação de todos os conceitos e necessidades dos projetos. Em seguida, a mesma equipe ou empresa de comissionamento deverá acompanhar toda as demais etapas da cadeia de construção, passando pela avaliação das contratações (construtora e instaladores), verificação da qualidade das instalações em obras, validação de compras, acompanhamento e validação de testes, avaliação dos manuais de operação/ manutenção e dos treinamentos.  Logo, é um processo sistêmico que tem grande sinergia multidisciplinar em todas as etapas, estando sempre presente ao longo do desenvolvimento de um novo projeto.

É importante também destacar que, além do Processo Integrativo e Processo de Comissionamento, as metodologias de construção sustentável trouxeram da academia e de boas práticas de engenharia ferramentas que auxiliam arquitetos e engenheiros a buscarem a melhor concepção de projetos, tanto em termos de estudos de fachadas e orientação solar, como de eficiência energética dos equipamentos dos sistemas prediais, que são os softwares de modelagem ou simulação computacional. Essas modelagens de eficiência energética, iluminação natural e de insolação (orientação solar) são as principais ferramentas que irão determinar e auxiliar os projetos na busca da maior eficiência e redução de custos, resultando em edificações efetivamente sustentáveis e definitivamente eficientes. As ferramentas e metodologias estão à disposição e devemos nos apropriar delas para resultados eficazes nos projetos em busca da sustentabilidade real.

 

 

 

 

 

Por Eduardo Seiji Yamada*

*Eduardo Seiji Yamada é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP (1997) e mestre em engenharia de Sistemas Prediais (2000) pela mesma instituição. Gerente técnico de sistemas prediais do CTE – Centro de Tecnologia de Edificações. LEED® AP (Accredited Professional). Integrante do Comitê Executivo da ASHRAE BRASIL e do Comitê Diretor do BCA (Building Commissioning Association) BRASIL. Professor do curso de especialização e pós-graduação do PECE-USP “Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência Energética”, da FAAP no curso de pós-graduação “Real Estate & Construction Management” e do MACKENZIE no curso de pós-graduação “Sustentabilidade em Arquitetura e Urbanismo”.

 

Imagem: GBC brasil – ilustrativa

 

Governo Federal retoma programa Minha Casa Minha Vida

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Objetivo é reduzir o déficit habitacional no Brasil, onde milhares de pessoas ainda não tem moradia.

 

Atual gestão do Governo Federal anuncia a retomada do Minha Casa Minha Vida (MCMV), maior programa habitacional já lançado no Brasil. Criado em 2009, recentemente o programa passou a se chamar Casa Verde e Amarela, pela Lei 14.118/21. Ao assumir seu terceiro mandato, o presidente Lula anunciou a retomada do programa para enfrentar a falta de moradia no país, facilitando o acesso da população ao financiamento residencial.

O déficit habitacional é um problema grave no Brasil, com milhares de pessoas sem um local adequado para se viver. São pessoas dependem de políticas públicas para facilitar o acesso a moradias construídas de forma segura, em locais seguros e com boa infraestrutura. De acordo com Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2019 o Brasil contava com mais de 8 milhões de famílias sem casa. Já de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE), existem mais de 5 milhões de moradias que são consideradas irregulares.

Em decorrência da pandemia de Covid-19 e do agravamento da crise econômica, principalmente nas camadas mais vulneráveis, o número de pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza disparou e com a falta de pesquisas e relatórios atualizados, o Governo Federal afirma que os números do cenário habitacional podem ser ainda mais preocupantes.  Estima-se que, no comparativo dos anos de 2019 e 2022, a população em situação de rua cresceu 38% no Brasil, segundo o IPEA.

 

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Divulgação Lyx Engenharia

 

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) considera importante a volta da Faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida, que passa a contemplar as famílias com renda mensal de até R$ 2.640, ante o limite anterior de R$ 1.800. A medida é importante para o combate ao déficit habitacional de 5,9 milhões de famílias. Após a retomada das obras paradas do Faixa 1, a entidade espera que as demais faixas do programa possam receber novos incentivos, ampliando, dessa forma, a contratação de novos projetos e incentivando, também, a geração de empregos e renda para a população.

“O setor deve continuar com um bom desempenho neste ano, gerando empregos e contribuindo para que muitos brasileiros possam realizar o sonho da casa própria. O retorno do programa Minha CasaMinha Vida tem um papel fundamental neste cenário pois amplia o acesso das famílias mais carentes à moradia, contribuindo no combate ao déficit habitacional e na inclusão social para a população de menor renda”, analisa o presidente da ABRAINC, Luiz França.

De acordo com pesquisa realizada pela Brain, 77% das compras de imóveis realizadas nos últimos anos foram viabilizadas somente em função dos benefícios promovidos pelos programas de habitação. O mesmo levantamento mostrou, ainda, que 80% das pessoas que compraram um imóvel tiveram uma melhora considerável na qualidade de vida.

 

 

 

O SindusCon-SP também considera positiva a iniciativa do governo federal de restabelecer o Programa para estimular o acesso à moradia e contribuir com a erradicação do déficit habitacional. A Medida Provisória 1.162, que reinstituiu o MCMV, contém diversos aspectos positivos, tais como a definição clara dos objetivos, das linhas de atendimento e das diretrizes do programa. Neste último item, cumpre destacar o estímulo ao cumprimento da função social da propriedade, a promoção do planejamento integrado com as demais políticas de governo com vistas ao desenvolvimento sustentável , a cooperação federativa e fortalecimento do Sistema nacional de Habitação de Interesse Social e, muito relevante: transparência e monitoramento com relação à execução física e orçamentária dos benefícios habitacional e à participação dos atores envolvidos, incluída a divulgação dos valores de subvenção concedidos e dos benefícios gerados.

Também são positivas as alocações de subvenção econômica para complementar o valor necessário a assegurar o equilíbrio econômico-financeiro das operações realizadas pelas instituições ou pelos agentes financeiros e de recursos em fundo garantidor de operações que envolvam benefícios de natureza habitacional. Da mesma forma, é relevante a disposição de que as operações contratadas no âmbito do programa poderão contar com a cobertura do Fundo Garantidor da Habitação Popular (FGHab).

O novo desenho do programa também acerta quando condiciona a participação de Estados e Municípios a leis desses entes federados, isentando de ITCMD e de ITBI, que tenham como fato gerador a transferência das unidades imobiliárias ofertadas aos beneficiários, cujas operações decorram da aplicação dos recursos provenientes de: dotações orçamentárias da União, Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) e Fundo de Desenvolvimento Social (FDS).

 

Aperfeiçoamentos

De outro lado, consideramos que a MP é passível de aperfeiçoamentos. O programa também contempla a possibilidade de financiar a produção de unidades comerciais, e de financiar infraestrutura para aquisição e instalação de tecnologia de informação e de comunicação, desviando-se de seu foco habitacional, o que deveria ser evitado. A MP dispõe acertadamente que, na produção subsidiada de unidades imobiliárias novas em áreas urbanas, compete ao prestador dos serviços públicos de distribuição de energia elétrica disponibilizar infraestrutura de rede e instalações elétricas até os pontos de conexão das unidades habitacionais. Mas a MP se esquece de que determinar o mesmo para as concessionárias de água e esgoto.

A MP dispõe que o Ministério das Cidades poderá exigir das construtoras das moradias do programa a contratação de apólices de nada menos de sete tipos diferentes de seguro, o que poderá encarecer os empreendimentos. O governo poderia mitigar riscos se estabelecer critérios que permitam contratar as construtoras mais qualificadas, sem a necessidade de tantos seguros.

A MP também não trouxe indicação de manutenção do Regime Especial de Tributação sobre os empreendimentos produzidos pelo Minha CasaMinha Vida. Para uma nova avaliação, aguarda-se agora o detalhamento da regulamentação e operacionalização do programa, pelo Ministério das Cidades, precedida de uma ampliação do diálogo com o setor da construção.