Projeto que transforma residência em Santo Amaro, São Paulo, une elegância e funcionalidade
O escritório de arquitetura Estúdio Maré, liderado pela arquiteta Lívia Leite e sua equipe multifacetada, assina mais uma transformação residencial. Desta vez, o foco recai sobre um apartamento em Santo Amaro, São Paulo, resultando em uma reforma completa que elevou uma moradia a novos patamares de sofisticação e praticidade.
Com uma área de 110m², o antigo apartamento foi reformulado para atender às necessidades de um casal de novos moradores. O ponto de partida ousado foi a ampliação da sala, estratégia que envolveu o reposicionamento do lavabo e a abertura da parede para a cozinha. O resultado imediato foi a criação de ambientes mais iluminados e espaçosos, proporcionando uma atmosfera convidativa e acolhedora.
Um diferencial marcante desse projeto é a total personalização da marcenaria e marmoraria, desenhada minuciosamente pelo Estúdio Maré. Cada detalhe foi pensado para atender às necessidades específicas do espaço, resultando em soluções sob medida que agregam valor estético e funcional à residência.
A sala, agora generosamente ampla, revela-se como o epicentro da convivência: um sofá ilha inteligentemente posicionado delimita dois ambientes distintos, promovendo uma fluidez entre a área de estar e a de TV. A proximidade com a cozinha permite que a sala de jantar – estrategicamente posicionada junto à ilha com banquetas, sirva não apenas para refeições diárias, mas também para receber grupos maiores em eventos especiais.
A paleta de cores foi cuidadosamente trabalhada, com destaque pontual para elementos como o frontão da cozinha, alguns móveis e revestimentos. O mobiliário maior, por sua vez, foi escolhido com tons neutros e atemporais, conferindo uma elegância rigorosa ao ambiente.
A restauração do piso de madeira antigo da sala preserva as desvantagens do espaço, enquanto nos quartos, um novo piso vinílico, no mesmo tom da madeira, adiciona uma camada moderna e aconchegante.
Os banheiros, especialmente os compartilhados pelos dois quartos menores e o da suíte, passaram por uma completa revitalização nos acabamentos, proporcionando uma visão luxuosa e funcional. A suíte do casal, além de abrigar móveis de guarda-roupas, foi inteligentemente projetada para incluir um espaço dedicado ao trabalho, unindo praticidade e conforto.
Unindo transparência, durabilidade e repleto de novas tecnologias, o vidro assegura protagonismo no cenário arquitetônico atual
Pontuado como um dos grandes curingas da nova arquitetura e presente em casas icônicas como a Glass House de Philip Johnson e a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi, referências para projetos até hoje, o vidro é um ótimo representante da modernidade. A amplitude e a atemporalidade do material são algumas características que enfatizam seu uso na construção civil e na arquitetura, podendo ser aplicado em ambientes internos e externos, ora unindo visualmente os espaços, ora garantindo certa privacidade desejada.
Se olharmos ao nosso redor, é fácil constatarmos que o produto vem transformando o horizonte das cidades brasileiras e se tornando um componente essencial para os projetos arquitetônicos, especialmente, quando o objetivo é agregar elegância, desempenho térmico, segurança e conforto. Além disso, a transparência corrobora para a iluminação natural e a valorização do décor, que ganha muito mais sensorialidade.
Não podemos deixar de destacar que tamanha variedade de aplicação é fruto da rápida evolução no setor vidreiro, que vem desenvolvendo tecnologias para transformar o vidro comum em um material ainda mais resistente e com características específicas que garantem maior conforto térmico e controle da luminosidade, o que se traduz em temperaturas agradáveis, integração com o ambiente externo e maior sensação de amplitude dos espaços, auxiliando ainda na redução do consumo de energia elétrica e no combate ao desgaste e desbotamento de móveis e estofados.
Em termos de performance, a Guardian Glass está na vanguarda do desenvolvimento de produtos inovadores. “Contamos com o apoio do nosso centro de tecnologia e ciência, o Guardian Glass Science & Technology Center, que atua continuamente para criar produtos e soluções usando a tecnologia mais avançada. Um exemplo é o ClimaGuard SunLight, um vidro que associa a estética neutra do vidro comum ao desempenho energético e bloqueia duas vezes mais calor do que um vidro comum, com baixo índice de reflexão”, comenta Arthur Lacerda Souza,gerente de Inteligência de Mercado da Guardian Glass.
O ClimaGuard SunLight é um vidro uniforme, de alta durabilidade que por um processo de fabricação exclusivo Guardian oferece uma combinação de benefícios como transparência, proteção contra os raios UV e calor solar. Além do conforto térmico, o vidro contribui para reduzir o consumo de energia elétrica e criar um ambiente agradável / Fotografia: Divulgação
Recentemente, a marca junta-se à Garantia Solar, empresa especializada em sistemas de integração de energia solar na arquitetura, para oferecer a primeira solução nacional de Integração Fotovoltaica em Edificações (BIPV, sigla para Building Integrated PhotoVoltaics), sistema que integra os elementos de geração de energia solar ao próprio design arquitetônico, em vez de adicionar módulos solares convencionais a um edifício apenas após a sua conclusão. Assim, diferentes partes da envoltória do edifício passam a gerar energia, como fachadas, coberturas, clarabóias e brises. Segundo Fábio Reis, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Guardian Glass, “o sistema BIPV ganha cada vez mais relevância à medida que a conscientização da eficiência energética aumenta. Ele oferece uma abordagem inovadora para a geração de energia solar, combinando funcionalidade com design arquitetônico”, pontua.
Para a arquiteta Clarissa Zomer, diretora de Projetos Arquitetônicos da BIPV Garantia Solar, não faz mais sentido projetar novas edificaçõres ou reformar fachadas sem considerar a integração da energia solar. “Com as possibilidades que a tecnologia fotovoltaica oferece, o arquiteto poderá manter a estética da obra, agregando benefícios de eficiência e altodesempenho energético, além de usufruir da substituição de materiais passivos por materiais ativos”, explica.
A solução pretende dar resposta a uma demanda adormecida na arquitetura, disponibilizando soluções BIPV que os clientes valorizam mais do que as alternativas. “Percebemos a necessidade e a carência de realmente ter uma empresa que pudesse ir do projeto à instalação final de um sistema BIPV e disponibilizamos agora um produto nobre para o mercado nacional, acessível, rentável e com retorno do investimento num curto espaço de tempo”, explica Eduardo Lopes, diretor de ESG da Garantia Solar.
O sistema BIPV inte¬gra os elementos de geração de energia solar ao próprio design arquitetônico, em vez de adicionar módulos solares convencionais a um edifício apenas após a sua conclusão / Fotografia: Divulgação
Já no design de interiores, o vidro oferece divisórias para ambientes e várias outras funcionalidades. Delimitar espaços sem criar barreiras visuais como as paredes é uma potência que vem sendo explorada nos projetos residenciais. Cada vez mais, grandes acessos em vidro são muito bem-vindos, especialmente em quartos e salas com vista ou acesso para jardins e espaços externos. “As esquadrias minimalistas permitem superfícies ainda maiores de vidro, com um mínimo ruído visual”, comenta a arquiteta Patricia Penna. Segundo ela, as instalações precisam, impreterivelmente, ser realizadas por mão de obra especializada e acompanhando as orientações especificadas pelo fabricante. A delimitação de cômodos pelosvidros é outra perspectiva que também merece ser apreciada; “Com isso conquistamos uma integração convidativa, apesar da divisória”, explica Patrícia.
Com a integração entre o interno e externo, o living e a cozinha gourmet invadem o pátio da piscina e o jardim, sendo este último o grande pano de fundo deste projeto assinado por Patrícia Penna. A tecnologia se faz presente no projeto, que conta com filtro UV nos vidros, protegendo assim os ambientes internos do contato direto com a luz do sol / Fotografia: Leandro Moraes
Atendendo a demanda cada vez mais exigentes dos profissionais do setor, a Blindex® se destaca no quesito segurança. “Um grande destaque quando falamos em tecnologia e segurança é o Blindex® + Segurança que tem a película de segurança, item essencial para evitar acidentes. Caso ocorra algo e o vidro quebre, a película retém os cacos no mesmo lugar, evitando que o usuário se machuque e reduzindo completamente o risco de ferimentos mais graves. O principal diferencial é que o vidro sai de fábrica com a película protetora, ou seja, o vidro sai do processo de têmpera e já recebe a película”, esclarece Glória Cardoso, gerente Geral de Vidros para Arquitetura da Blindex® e da Pilkington. Ela explica que a película sai instalada de fábrica, após passar por um processo automatizado e o vidro temperado que já é cinco vezes mais resistente do que o comum fica ainda mais seguro. “A diversidade do nosso portfólio de produtos e a versatilidade do vidro viabilizam grandes projetos arquitetônicos e possibilitam que a criatividade e o conhecimento dos arquitetos sejam transformados em realidade”, finaliza Glória.
O Box Chromus, além de ser composto pelo vidro original Blindex ® , possui um kit com acabamento diferenciado, roldanas aparentes e um perfil superior que as protegem e aumenta a segurança do sistema. O modelo conta com regulagem para ajustes de altura e prumo, variedade nas opções de tamanho dos vãos, 4 sistemas de trava de segurança que evita a quebra do vidro e pode ser instalado na versão de 2, 3 ou 4 folhas, frontal ou de canto. Disponível em diversas cores no acabamento. Na imagem, projeto da arquiteta Débora Toledo / Fotografia: Divulgação
Premiação destaca o melhor da cena artesanal e do design brasileiro. Vencedores participam de exposição em São Paulo!
Até o dia 31 de maio de 2024, o Museu A Casa do ObjetoBrasileiro recebe inscrições para o 9º PrêmioObjetoBrasileiro, que tem como objetivo trazer reconhecimento a artesãos, artistas populares, designers e outros profissionais das áreas criativas. Idealizado pela economista Renata Mellão, fundadora e diretora da instituição, a ação destaca o melhor da produção artesanal e do design contemporâneo no Brasil.
“Desde 2008, nós realizamos edições bienais que têm iluminado projetos que resultam da perfeita união entre o design e o artesanato. É um movimento que mobiliza o setor artesanal, incentiva a troca de saberes e nos permite conhecer projetos inovadores e carregados de brasilidade” – Renata Mellão
Dividido nas categorias Autoral, Coletiva e Socioambiental, o Prêmio recebe inscrições de profissionais já renomados e também de jovens talentos que ganham a chance de ter notoriedade nacional por meio de uma exposição física realizada na sede do museu, em Pinheiros, na cidade de São Paulo. Além de objetos, o prêmio também avalia projetos que tenham como tema principal a geração de renda e a sustentabilidade de comunidades artesanais.
Luminária Carnaúba Nequinha / Fotografia: Salvador Cordaro
Neste ano, serão 15 premiados nas três categorias. Para tanto, um júri técnico formado por profissionais renomados da área deve escolher os objetos vencedores e menções honrosas, a partir de critérios como qualidade estético-formal, desenvolvimento sustentável, valorização do patrimônio cultural brasileiro, impacto e geração de renda nas comunidades artesanais, entre outros. “Para o júri, nós sempre buscamos escolher tanto designers, que conseguem trazer uma visão do dia a dia do mercado e da indústria, quanto profissionais da academia, que nos ajudam a compreender de forma mais profunda a relevância social e econômica destes trabalhos”, completa Renata.
Mulheres Coralinas + Marcus Camargo/ Fotografia: Divulgação
As inscrições devem ser feitas de forma online, por meio de formulário a ser preenchido no portal www.acasa.org.br. Além de informações pessoais e dos objetos, os participantes devem disponibilizar fotos dos trabalhos. Os objetos e projetos premiados integrarão uma mostra presencial prevista para estrear em novembro de 2024, quando se dará a entrega dos prêmios. Além disso, os selecionados terão uma premiação em dinheiro.
Inscrições 9º Prêmio Objeto Brasileiro
Onde: www.acasa.org.br
Período: de 01 de abril a 31 de maio de 2024
Informações para imprensa angelo@bacuricomunica.com | (11) 98437-9422 (apenas imprensa)
Informações para o público premio@acasa.org.br | (11) 3814-9711 | 94254-1179 (Whatsapp)
Inovações em materiais à base de plantas oferece novas possibilidades para a reutilização de materiais e a descarbonização do ambiente construído
É empolgante notar que, em um contexto marcado por um horizonte global e ecológico desafiador, a comunidade arquitetônica mantém uma abordagem positiva ao buscar uma reavaliação do que fazemos e como fazemos arquitetura; um movimento que ganha relevância devido ao surgimento de novas gerações mais conscientes ambientalmente, como a Geração Z e Alpha.
Hoje estamos testemunhando o desenvolvimento de novas filosofias de produção, como materiais à base de plantas, que adotam práticas voltadas para favorecer o uso de recursos derivados de plantas, reduzir a dependência de processos extrativos e promover alternativas conscientes e sustentáveis em diversos aspectos da fabricação e produção de materiais na arquitetura.
Pavilhão Java e Jam – I/thee / Fotografia: Breyden Anderson.
Uma vantagem excepcional dos materiais à base de plantas está na diversidade de oportunidades para seu desenvolvimento, refletindo a variedade vista na natureza entre várias espécies; e vale ressaltar que uma quantidade significativa da matéria-prima utilizada normalmente seria categorizada como resíduo se não fosse utilizada. Estamos então testemunhando o surgimento de materiais inovadores que contribuem para a descarbonização de nosso ambiente, aproveitando recursos pouco explorados que de outra forma poderiam ser considerados lixo. Conheça então abaixo alguns exemplos que se destacam pelo seu potencial, escalabilidade e diversas aplicações no campo da arquitetura:
Painéis de parede de palha
O sistema é composto por painéis com um quadro de madeira de estudo duplo e um preenchimento homogêneo de palha, representando 98% de sua estrutura e destacando-se pela ausência de colas ou produtos químicos em seu processo de produção. No geral, uma das principais vantagens desses painéis de parede de palha – desenvolvidos pela EcoCocon – está no fato de que a palha é obtida como um subproduto da agricultura, apresentando uma alternativa renovável rápida em comparação com a madeira.
Atualmente, são empregados na construção de paredes exteriores, oferecendo adaptabilidade em uma variedade de projetos, que vão desde residências unifamiliares até estruturas de vários níveis, já que esse painel oferece uma estrutura de carga com altos níveis de isolamento. A versatilidade do sistema é evidente em sua incorporação de vários formatos de painéis criados para cenários específicos, permitindo o cumprimento de diversos requisitos de design e estruturais. Enfatizando a capacidade do painel de capturar carbono atmosférico, a construção modular de palha desempenhará um papel significativo na transição para materiais que atendam às necessidades ambientais.
Painéis de palha / Fotografia: Divulgação EcoCocon.
Concreto Biorreceptor
Se trata de um tipo de concreto com maior porosidade do que a média, criado usando 90-95% de concreto reciclado e revestido com revestimento de parede de musgo. De acordo com a Respyre, que iniciou a pesquisa sobre esse material há 18 anos, o revestimento contém nutrientes, água e esporos de musgo, que são pulverizados na superfície de concreto. Eles destacam que esse método de pulverização acelera processos que “de outra forma aconteceriam através do instinto da natureza”. Isso resulta em um material que oferece benefícios como conversão de gases de efeito estufa, promoção da biodiversidade, redução do efeito de ilha de calor e sustentabilidade.
Para alcançar escalabilidade, a equipe possui um viveiro eficiente que fornece musgo para projetos de até 37.500 m² a cada 12 semanas. Ao terceirizar a produção de concreto e colaborar com parceiros em larga escala, eles podem operar de forma rápida e eficiente, concentrando-se no cultivo de musgo. No geral, a Respyre prevê que sua pesquisa possa abrir caminho para estruturas autônomas no futuro, permitindo a integração perfeita de ambientes naturais em áreas urbanas. Essa acessibilidade contribui para um futuro sustentável, reformulando nossa percepção da construção, transformando-a em um fenômeno natural, em vez de um incômodo humano.
Concreto Bioreceptor / Divulgação: Respyre.
Painéis de grama perene de rápido crescimento
Com base em apenas dois recursos – grama e resina livre de formaldeído – a Plantd criou uma alternativa ao painel de tiras orientadas (OSB), eliminando a “necessidade” de derrubar árvores. A base desse material está em enfrentar o aquecimento global capturando eficientemente o excesso de dióxido de carbono na atmosfera. Isso é realizado cultivando uma grama perene de crescimento rápido e aprimorando o processo de produção para convertê-lo em um painel à base de plantas adequado para revestimento de parede e coberturas de telhado.
Para a equipe e em relação à escalabilidade, “estabelecer uma nova cadeia de suprimentos agrícolas e projetar e construir equipamentos de fabricação proprietários é inerentemente desafiador”, então o foco principal está em concluir uma linha de produção 100% elétrica, modular e contínua. Conforme declarado pela Plantd e considerando a urgência da crise climática, “é crucial focar na redução das emissões de carbono incorporadas de todos os novos projetos de construção”. Assim, a solução de painéis de grama e a produção de materiais carbono negativos contribuem para a redução das emissões de carbono incorporadas no ambiente construído. Em grande escala, esses materiais carbono negativos podem transformar edifícios de um problema de aquecimento global em uma solução.
Painéis de grama perene / Fotografia: Divulgação Of Plantd.
Embora a maioria dos materiais de construção na arquitetura estejam associados a processos que deixam uma pegada de carbono discernível, cada inovação em materiais à base de plantas oferece novas possibilidades para a reutilização de materiais e a descarbonização do ambiente construído. No futuro, provavelmente testemunharemos a evolução e integração dessas abordagens em novas construções, dando origem a propostas de construção inovadoras e esteticamente distintas que, em vez de operar na paisagem, se misturam com ela.
Em Berlim, prêmio alemão concede três medalhas de ouro a projetos brasileiros que buscam impacto positivo ao usar o design para melhorar o mundo
No último dia 29 ocorreu a cerimônia de entrega dos prêmios do iF Design Award, o mais antigo e importante selo de design independente do mundo, que este ano laureou 71 projetos brasileiros, incluindo três iF Gold Award, troféu máximo da premiação.
Importante destacar que dos três reconhecimentos na categoria ouro, todos tinham a sustentabilidade como linha central de desenvolvimento. Alguns designers brasileiros que foram agraciados com prêmios em outras categorias também focavam no desenvolvimento de ideias promotoras de impactos positivos. Confira abaixo os três destaques iF Gold Award:
Escola Campana
o Pharus Design apresentou o projeto de rebranding, ou reformulação, da marca Campana, criada pelos irmãos Humberto e Fernando Campana, estes lendas do design brasileiro. Num momento em que a sustentabilidade ocupa um espaço cada vez maior no processo de criação e desenvolvimento de produtos e marcas, como destacou Cremering em sua fala no evento, o nome Campana aparece como pioneiro e guia desse movimento de promover o design como solução para problemas globais, como as mudanças climáticas e as desigualdades sociais.
Vivi Kano, criativa líder do escritório, destacou como os Campanas trouxeram, ainda na década de 90, conceitos modernos de produção. “Eles diziam que os materiais não eram os objetos, eles ‘estavam’ os objetos. O sentido é que tudo pode ser formulado e reformulado, num processo circular contínuo”, afirmou Kano.
A nova identidade ressalta essas características do trabalho dos irmãos e busca representá-las nas formas, cores e nos elementos tipográficos da marca Campana, e reforça na comunicação o pioneirismo da dupla. O prêmio é também uma homenagem da IF Design a Fernando Campana, que morreu em 2022.
Vivi Kano e Luca Bacchiocchi, do Pharus Design: legado dos Irmãos Campana materializado em formas, cores e tipografias.
Design contra mudanças climáticas
o estúdio VCA, de São José dos Campos (SP), uniu o desenho inspirado nas formas da floresta com a tecnologia para criar um sistema de monitoramento de indicadores ambientais voltado à proteção de matas nativas. O trabalho aproveita o ecossistema de produção industrial da cidade, sede da fabricante de aeronaves Embraer, para adicionar funcionalidades e melhorar a usabilidade de bons produtos pensados por engenheiros.
O Treevia Smart Forest é resultado de um trabalho conjunto entre o VCA e a Treevia Technologies, empresa de tecnologia focada em sistemas de monitoramento florestal. Ele aproveita as capacidades de equipamentos simples, utilizados em grande escala nas fazendas de eucalipto, mas adiciona funcionalidades, como sensores, viabilizadas pelo design. Victor Colhado, fundador do VCA, destaca a importância desse tipo de colaboração: “Nós levamos um olhar diferente aos engenheiros, o que nos permite pensar em diferentes usos para uma tecnologia. A chave é ter curiosidade e fazer perguntas”, afirma.
As caixinhas do Smart Forest são instaladas em árvores por meio de uma fita autoajustável, e coletam dados de temperatura, humidade, precipitação etc. O sistema de análise dos dados, criado pela Treevia, conta com uma interface amigável, que facilita a visualização das informações. Colhado também pensou no desenho da caixa que protege os circuitos de forma a reduzir o uso de plástico e facilitar seu manuseio, além, é claro, de ser agradável aos olhos.
Victor Colhado (ao centro) com sua esposa, filha e a equipe do VCA no palco do IF Design: parceria entre engenharia e design para gerar novas ideias.
Em memória
O terceiro brasileiro gold da noite traz algumas reflexões de maneira lúdica, tendo como ponto de partida o desastre de Brumadinho. Em 2019, o rompimento de uma barragem da mineradora Vale na cidade mineira deixou um rastro de destruição e causou a morte de 272 pessoas. A empresa foi condenada, e fez uma série de acordos com autoridades que a obriga a indenizar as vítimas. Entre eles, o compromisso de construir um memorial para manter viva a memória da tragédia, um exemplo material dos prejuízos que a negligência corporativa com a responsabilidade socioambiental pode gerar.
O projeto vencedor, assinados pelos escritórios Greco Design e Blackletra e projetado pelo arquiteto Gustavo Penna, propõe uma jornada meditativa por entre flores de ipê em aço, uma para cada vítima, luzes e natureza viva. “É importante, numa sociedade cada vez mais rápida e tecnológica, manter essas conexões com o aspecto transcendental da vida, com o que é sagrado e imaterial”, comenta Gustavo Greco, que assina o design.
Gustavo Greco: memorial para as famílias de Brumadinho propõe uma jornada medidativa entre aço e natureza para manter viva a memória do desastre.
Cofundador do aclamado escritório Furf, Rodrigo Brenner segue a tradição dos Campana de pensar em formas naturais e usar novos materiais. Brenner foi agraciado com o prêmio IF Design, uma categoria abaixo da gold. O projeto apresentado ressignifica a tradição de espalhar as cinzas de entes falecidos no mar, um desejo de muitos. Ele desenvolveu uma urna funerária biodegradável, que se dissolve lentamente na água salgada. É uma forma poética de homenagear os mortos e refletir sobre a fluidez da vida, a inevitabilidade da morte, imaterialidade e materialidade da alma e do corpo.
Batizada de Sale, a urna tem o formato de um barco de papel e sua matéria-prima é obtida a partir do micélio, elemento que, apesar do nome remeter a algum metal do tipo do nióbio, é totalmente orgânico. O micélio é um emaranhado de fibras que dá sustentação e alimenta fungos, como os cogumelos – para quem já cultivou shitake ou shimeji, é a parte branca embaixo da camada de terra. O material foi desenvolvido pela Mush, startup brasileira criada por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná.
Rodrigo Brenner (à esq.), Ubiratan Sá (à dir.) e a equipe da Mush: pesquisa científica aliada ao design viabiliza a introdução de novos materiais sustentáveis.
No palco do IF Design Awards 2024, Dieter Rams recebeu um reconhecimento especial pela carreira, uma das trajetórias mais influentes do segmento. É a primeira vez que a instituição concede esse tipo de honraria.Pode-se compreender sua relevância ao dizer que muitos produtos da Apple, entre eles o iPod e o iMac, foram inspirados em suas criações.
Rams aproveitou o momento para fazer um pedido. “Façam design para melhorar o mundo”, afirmou, ao receber o prêmio das mãos de Uwe Cremering, CEO da IF Design. Os projetos premiados mostram que os designers, ou ao menos uma parte deles, já levam o conselho de Rams a sério. Especialmente os brasileiros!
Dieter Rams, ao centro, recebe o prêmio da IF Design: “Façam design para melhorar o mundo”.
Com inscrições abertas, a iniciativa escolherá os melhores projetos de arquitetos e design de interiores
Os profissionais e estudantes de arquitetura e design de interiores já podem se inscrever para participar da primeira edição do Prêmio La Fonte que vai escolher os melhores projetos residenciais e não residenciais. Com o tema “Linhas & formas para um novo pertencer“, os participantes terão a chance de concorrer a premiações no valor de até 15 mil reais.
Com inscrições abertas até o dia 20 de outubro de 2024, o concurso contará com a categoria profissional, aberta para escritórios ou profissionais graduados em arquitetura e/ou designs interiores de forma individual ou em equipe, e a categoria universitária, para recém-formados e estudantes dos cursos brasileiros de arquitetura e/ou designs interiores de forma individual ou em equipe com matrícula vigente em 2024.
O júri escolherá entre projetos para residenciais e projetos para outros cenários, como estabelecimentos comerciais, shoppings, hotéis, hospitais, entre outros. Para as categorias profissionais, os projetos vencedores receberão um voucher em viagens no valor de 15 mil reais. Na categoria universitária, os projetos escolhidos ganham um notebook no valor de 8 mil reais, além de troféu e diploma.
“Na última Expo Revestir a coleção de puxadores, maçanetas e dobradiças que a La Fonte apresentou foi inteiramente inspirada no minimalismo brasileiro. Estamos certos de que o alto-nível dos profissionais brasileiros tem muito a acrescentar ao mercado mundial e isso passa pela valorização e divulgação de projetos. O Prêmio La Fonte vem para potencializar novos talentos da arquitetura e design de interiores” – Claudia Lopes, Gerente de Marketing da La Fonte.
A comissão julgadora, formada por arquitetos, designers, jornalistas e personalidades relacionadas à arquitetura e design, avaliará cada projeto em cinco competências: originalidade, inovação, criatividade, design e sofisticação.
Projeto de residência no interior paulista foca em integração e funcionalidade, favorecendo permeabilidade visual entre os ambientes graças ao uso abundante do vidro
Um casal com filho único solicitou aos arquitetos Alexandre Ferraz e Elias Souza, sócios do escritório Raiz Arquitetura, uma residência permeável, integrada, funcional, e que tirasse partido do terreno, um pequeno aclive, para aproveitar a vista para o vale. Implantada em ‘U’, a Residência MSA, localizada no condomínio Terras de São José II, no interior paulista, conta com 1.320,27 m² de área construída.
Visando proporcionar maior privacidade e tranquilidade aos moradores, foram realizados diversos estudos sobre as variações térmicas e climáticas da região a fim de entender a melhor forma possível de otimizar a ventilação natural e a incidência solar ideal nos interiores durante todas as estações.
Os usos sociais foram estabelecidos no centro do programa da casa; espaços de lazer, gourmet e cozinha na extremidade mais longa e a fachada de entrada na extremidade mais curta, aproveitando o bloco suspenso no pavimento superior como marquise, bloqueando a incidência solar para quem adentra a casa.
Os interiores do térreo contam com uma ambientação mais leve e integrada, fruto da utilização do elemento do vidro para a criar permeabilidade visual entre os ambientes. No primeiro pavimento, já na entrada, uma ampla sala principal se divide três ambientes: sala de jantar; sala de estar com poltrona e sofá; e espaço para lareira, estruturado em pé direito duplo.
A cozinha da residência se destaca pela presença de uma ilha central e portas de correr, que possibilitam o isolamento e a conexão com os usos sociais e o espaço gourmet. O térreo ainda conta com um lavabo de apoio, sala de TV e um escritório, que se integra visualmente à caixa envidraçada do jardim de inverno. Um elevador conecta o pavimento à garagem no subsolo.
Uma escada, feita totalmente em madeira cumaru, dá acesso aos usos privativos no pavimento superior. O andar conta com 6 dormitórios, sendo duas suítes master para os moradores. A suíte do casal está localizada na menor extremidade e tem parte do revestimento externo feito em madeira ripada, que traz privacidade ao mesmo tempo em que camufla uma das janelas laterais. Esse ambiente ainda conta com um banheiro privativo, que pode se integrar visualmente ao quarto através de caixilhos de vidro.
O posicionamento em uma cota mais alta do terreno foi essencial para garantir maior privacidade aos usuários durante os usos de lazer da residência, que também conta com uma prainha, sauna e um SPA para 6 pessoas. Foi posicionada em frente ao “U” uma piscina com borda infinita, margeando a pele de vidro que revestem parte do ambiente da sala, possibilitando a vista dos interiores para a região do vale.
Impressão 3D não planar melhora a precisão e a qualidade de superfície em áreas de alta curvatura, além de reduzir a necessidade de suporte sacrificial e impulsionar a economia de material
A impressão 3D tem sido caracterizada pela construção de objetos através da deposição horizontal de material, camada por camada, algo que ainda restringe a fabricação de elementos e limita a forma dos primeiros protótipos dentro da faixa que permite a adição de material em uma única direção, dificultando a criação de formas complexas com curvas suaves.
No entanto, a equipe da disciplina de Tecnologias de Construção Digital na ETH Zurique – integrando design computacional, fabricação digital e novos materiais – tem explorado um método de fabricação aditiva robótica não planar, que facilita a impressão de estruturas finas com dupla curvatura.
Para testar a impressão 3D robótica não planar, a equipe criou ‘Fluid Forms‘, uma concha de 2 metros de altura e 140 cm de largura, composta de plástico PETG translúcido misturado com tons de azul e prata. Durante o processo de fabricação de quase 3 semanas, o braço robótico seguiu caminhos de impressão não planares em um design inspirado pela superfície mínima de Costa. Esta família de formas minimiza a área para um limite dado, resultando em uma geometria com propriedades estruturais notáveis. O protótipo é então materializado através de caminhos de impressão alinhados com suas principais direções de curvatura.
A estrutura de 40 peças e 120 quilogramas foi montada através de um método seco usando parafusos para facilitar sua desmontagem e reutilização de suas partes uma vez que a vida útil do projeto tenha acabado. “A orientação do caminho de impressão é controlada através de um método de otimização de campo vetorial que foi ajustado para as necessidades e restrições específicas da impressão 3D não planar. Para aumentar a rigidez da estrutura, são introduzidas ondulações que são ortogonais à direção de impressão”, explica a equipe.
Esses avanços não apenas maximizam a agilidade da fabricação robótica para alcançar maior produtividade e eficiência, mas também revelam mais explicitamente a lógica da geometria que suporta o elemento final, descobrindo uma camada oculta de informação. “A forma permite olhares surpreendentes enquanto se caminha ao redor, às vezes assumindo o papel de uma fronteira opaca e às vezes de uma cortina transparente. Com isso, oferece uma perspectiva sobre uma arquitetura que borra as fronteiras entre dentro e fora e está cheia de cores e surpresas,” acrescentam.
Fonte: Archdaily- Eduardo Souza (Tradução)
Imagens: Dominik Vogel, Andrei Jipa
Carbono negativo, estima-se que 42% do edifício de 50 andares será construído em madeira e contará com mais de 200 apartamentos
O Painel de Avaliação de Desenvolvimento Conjunto do Metrô Interior-Sul (JDAP) de Perth aprovou a proposta da Grange Development para um arranha-céu, atualmente apelidado de edifício C6, que teria quase o dobro da altura do atual detentor do recorde de edifício de madeira mais alto do mundo. Os desenvolvedores afirmam que 42% da torre de de 191,2 metros de altura proposta será construída em madeira, com colunas e núcleo em concreto armado.
O arranha-céu ultrapassará o edifício híbrido de madeira e concreto mais alto do mundo, a torre Ascent, em Milwaukee, no Wisconsin, EUA, que tem 25 andares ou 86 metros, de acordo com o Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano. A estrutura proposta, localizada na Charles Street, em South Perth, também será mais alta do que a futura sede da Atlassian híbrida em madeira em Sydney, que está prestes a reivindicar o recorde da Ascent, mas ainda não foi concluída. Assim como a Atlassian, a proposta torre C6 combinará vigas de madeira laminada com um exoesqueleto de aço para suportar a estrutura.
Edifício de madeira terá 50 andares e mais de 200 apartamentos na Austrália.
De acordo com a Grange Development, a torre de 50 andares conterá mais de 200 apartamentos e será o primeiro edifício residencial carbono negativo da Austrália Ocidental, utilizarando 7.400 metros cúbicos de madeira colhida de 600 árvores. Além de usar madeira, o plano de Grange também inclui recursos verdes, como um jardim na cobertura, uma fazenda urbana e acesso dos residentes a 80 novos Tesla Model 3 totalmente elétricos.
“Não podemos cultivar concreto. Nossa aspiração com o C6 é mudar o foco para uma abordagem mais consciente do clima. um novo projeto de código aberto que utiliza metodologia de construção híbrida para compensar o carbono em nosso ambiente construído, que é o maior contribuinte para as mudanças climáticas” – James Dibble, diretor da Grange Development.
Representação artística de um apartamento na torre C6.
A obra é uma oportunidade de afirmar uma preocupação genuína tanto com a crise climática mundial. Philip Oldfield, professor associado de arquitetura e chefe da Escola de Ambiente Construído da Universidade de Nova Gales do Sul, esclarece que, do ponto de vista ambiental, o projeto tem “fortes credenciais”. “Normalmente construímos edifícios altos de aço e concreto. O cimento é responsável por 8% de todas as emissões de CO2. Portanto, ao substituir o concreto e o aço por um biomaterial como a madeira, o impacto ambiental do edifício será bastante reduzido”, pontua Oldfield.
Por outro lado, o professor afirma que única maneira de ser carbono negativo seria se o edifício armazenasse mais carbono na madeira do que foi liberado (pelos) outros materiais. “Isso pode ser possível, mas sempre será temporário. Mas no geral, acho que é um grande avanço”, finaliza.