Funcional e espontâneo

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Escritório Go Up Arquitetura assina reforma de apartamento atribuindo resoluções funcionais aos espaços, tornando-os leves, organizados e integrados.

 

O projeto, desenvolvido para um casal com dois filhos, um de nove e outro de 12 anos, deveria abarcar uma rotina de trabalho híbrida, com mais de um ambiente para home office em casa. Assim, os moradores, que gostam de ter momentos de lazer, conversar, beber, receber amigos e assistir streamings, podem escolher o lugar para trabalhar, estando ambos ou apenas um deles no imóvel.

O casal, já clientes do escritório Go Up Arquitetura, capitaneado pelas arquitetas Juliana Silva e Amanda Mori, decidiram chamar novamente as profissionais, já que a organização espacial e o estilo do imóvel não condiziam com suas necessidades nem gostos pessoais. O maior desejo era resolver a disposição dos espaços que são distribuídos nos 147m², especialmente as áreas sociais e de acesso, proporcionar uma casa com cara de vida de verdade, com uma decoração funcional e que fizesse parte do dia a dia, num ambiente leve, organizado, integrado, porém sem luxos ou extravagâncias.

Todos os cômodos receberam repaginação, exceto a área de serviço e o banheiro social, que receberam apenas resoluções funcionais, como instalação de novos toalheiros. As soluções apresentadas trataram com muito respeito os produtos e os elementos que ali já existiam, sem necessidade de “quebrar tudo e jogar fora” para conseguir um projeto lindo e adequado aos moradores. A transformação permitiu que um imóvel com estilo complemente industrial e escuro, se transformasse num espaço com soluções relativamente simples, porém criativas.

 

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Seguindo um estilo boho, contemporâneo, com toques modernos e rústicos, as arquitetas utilizaram tons neutros com fundo acinzentado e aplicaram toques de cores em azul, verde e rosa neste projeto, além de materiais naturais, como a bancada de madeira de demolição, paredes de tijolinho e mobiliários com portas de palhinha.

Realizaram um clareamento completo do piso de madeira existente, baixando dois tons da madeira original e trocaram o verniz com brilho por verniz fosco/natural. Optaram por criar o hall social que não existia no layout com uma parede curva e pintura com efeito caiado na cor branca, molduras no elevador em MDF cor cumaru raiz e porta de acesso no ripado feito em marcenaria cor verde. Essa transformação setorizou o acesso e enalteceu a área mais importante da casa.

O quarto reversível, recebeu um painel branco com uma cama / sofá reversível, logo abaixo dos tijolinhos terrosos, foi colocada a mesa de trabalho ou estudo solta no ambiente e uma rede de balanço para relaxar.

 

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A sala de estar também recebeu iluminação técnica através de trilhos eletrificados, e a parede da lareira o mesmo efeito de pintura caiada do hall de acesso, o que destacou sua moldura grafite pré-existente. O layout com sofá azul em ilha no centro e poltrona Costella em couro caramelo compõe o conjunto. Já a sala de jantar ganhou uma mesa Saarinen oval com tampo em mármore Carrara. Paredes com battem board na cor branca e quadros e iluminação que envolvem a decoração.

 

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Na cozinha integrada com península e bancada em madeira orgânica, todos os acabamentos foram trocados, como os móveis em MDF cor verde Mint, MDF Cumaru raiz, tela Guararapes e MDF Corten dando acabamento à coifa. Apenas a bancada em quartzo cinza foi mantida.

 

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O quarto do casal teve sua varanda ampliada para incorporar um home office com uma mesa de madeira que também tem função de apoio de cabeceira. Recebeu pintura nas cores rippie chique e vermelho veneziano na marcenaria. As arquitetas trabalharam com uma prateleira superior na cor freijó puro. Demais móveis soltos como a cômoda, mesinhas de cabeceira e o espelho de piso, foram inseridos no projeto para finalizar o ambiente dando um toque ainda mais “espontâneo” ao apartamento.

 

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As profissionais tiveram dois grandes desafios no projeto. O primeiro foi a realização da parede curva da entrada e da lareira, com a pintura denominada como “efeito caiado”. Esse tipo de pintura e efeito não é daquelas que se vende pronto nas lojas e ainda nunca tinha sido produzida por nenhum fornecedor do escritório. Para incorporar essa pintura, tiveram um processo de trabalho com diversos testes de materiais e aplicação, até chegarem na melhor receita e então produzir à mão em todas as paredes que levaram o efeito.

O segundo desafio foi o tempo de obra. Como tratava-se de uma mudança de um apartamento antigo para um apartamento novo, com data de mudança já pré-estabelecida, muitas das soluções adotadas foram realizadas também em função do prazo, como por exemplo a escolha por preservar parte da caixaria dos móveis planejados existentes trocando todas as portas, acabamentos e iluminação em trilho, para que não fosse necessário rebaixar um forro com gesso para receber spots, os tijolinhos da parede do quarto reversível foram preservados nesse espaço, mas receberam cara nova com o ambiente inteiro transformado, entre outras soluções propostas.

 

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Imagens: Leo Giantomasi

 

 

CAU RS – Carta à sociedade e aos gestores públicos

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Carta aberta reconhece urgência e sugere estratégias para promover a transformação social e a regeneração do espaço urbano e ambiental no Rio Grande do Sul

 

Se na natureza tudo é sistêmico, cada elemento do espaço responde a uma série de pressões e de interações com os demais elementos deste espaço, que não somente busca se adaptar a eles, como também desempenha um papel importante para e, por vezes, sobre eles. O Impacto, portanto, é algo inquestionável: estamos afetando relações ecológicas complexas que buscam um equilíbrio dinâmico natural e sustentam a continuidade de seus processos.

Durante longo período, a estratégia da engenharia fluvial e hidráulica esteve focada em retificar o leito dos rios e córregos para que suas vazões fossem dirigidas pelo caminho mais curto e com a maior velocidade de escoamento possível, visando ganhar novas terras para a agricultura, novas áreas para a urbanização e minimizar os efeitos locais das cheias. E apesar de ser natural o ser humano estabelecer sua morada próximo a cursos d’água, construir cidades sob essa concepção gera consequências negligenciáveis, principalmente à nível de planejamento.

O fato é que em meio à urbanização, é preciso encontrar meios de conviver, seguir leis, fazer compensações e se atentar a impactos que possam ser provocados a curto, médio e longo prazos, e causam prejuízos cada vez maiores, por vezes irreversíveis. O que ocorreu nos 497 municípios afetados no Rio Grande do Sul exige um novo olhar sobre como as cidades são pensadas e planejadas. Atento às questões da moradia e do planejamento urbano e ambiental, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) elaborou a “Carta à sociedade e aos gestores públicos”, explicitando seu posicionamento e sugerindo contribuições para a reconstrução dos municípios gaúchos afetados pelas enchentes.

Leia abaixo na íntegra!

 

Carta à sociedade e aos gestores públicos

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul expressa sua solidariedade à toda a população gaúcha afetada pelas enchentes ocorridas. Estamos solidários e também mobilizados, em todo o Estado e em todo o país, para minimizar o sofrimento dos atingidos, com ações emergenciais humanitárias, com nossa estrutura colocada a serviço de abrigos e colegas voluntários.

Neste momento, o Rio Grande do Sul conta com a imensa maioria de seus 497 municípios afetados e cerca de dois milhões de cidadãos atingidos pelas enchentes, inundações e deslizamentos de terra, eventos extremos que reforçam as mudanças climáticas em curso. As consequências desse desastre foram agravadas pelo despreparo e descaso com os impactos ambientais pelo próprio poder público.

Esta tragédia revela problemas causados pela flexibilização extremada da legislação ambiental nacional e estadual, pela ocupação desordenada do território, sem intervenção dos governos municipais (ou até mesmo com sua aprovação) e pela negação e negligência para com a ciência e a técnica entre outros fatores.

Presenciamos sucessivos governos destruírem órgãos públicos capazes de pensar e executar o planejamento urbano e regional (vide METROPLAN), sucatear os serviços públicos com a diminuição e desvalorização dos quadros técnicos, impedindo assim que novos profissionais se incorporem à atividade pública e a qualifiquem. O que se vislumbra para nossos centros urbanos é a necessidade e urgência de mudarmos as velhas práticas de gestão do território e produção de espaços urbanos para que eventos dessa dimensão nos encontre menos suscetíveis aos eventos climáticos e não se transformem em calamidades como esta.

Precisamos de cidades planejadas, respeitando a sua geografia e o meio ambiente, e regiões metropolitanas que funcionem de modo articulado e eficaz. Para isso, é absolutamente necessário manter um serviço público de qualidade na área do planejamento urbano e regional. Temos que levar em conta que as emergências, em maior escala, e em extensões menores ou maiores, podem acontecer em qualquer lugar, mas que tragédias como as que estamos vivenciando são consequências de má gestão. Acreditamos ser urgente que as diferentes escalas do poder público estejam atentas e preparadas para lidar com a eminência de desastres ambientais desta magnitude em seus territórios.

Além das insubstituíveis perdas humanas e das perdas patrimoniais, ambientais e sociais imensuráveis que se apresentam no presente, o futuro que desponta é de profundos impactos económicos, sociais e políticos no desenvolvimento do Estado. Teremos pela frente muitos anos de trabalho e reconstrução. Nessa linha, para evitar que tragédias de tamanha magnitude se repitam, sugerimos os seguintes pontos como contribuição à reconstrução:

  • Promover amplo debate sobre a legislação ambiental do Estado suspendendo Projetos de alteração e flexibilização;
  • Promover a elaboração e revisão dos planos diretores considerando a urgência e a importância do mapeamento e da revisão das áreas de risco e condicionantes de vulnerabilidade ambiental dos territórios, considerando dispositivos de monitoramento, e sua imediata implantação;
  • Garantir a efetiva implantação da Lei nº 11.888/2008, Lei de Assistência Técnica pública e gratuita para o projeto e construção de habitação de interesse social – ATHIS, como instrumento permanente nos órgãos públicos, não vinculada às gestões;
  • Promover a saúde pública através de planos de qualificação habitacional, ligados às ações de ATHIS;
  • Garantir a participação das instituições de planejamento nos Conselhos Municipais de Planejamento Urbano e da Cidade de forma obrigatória;
  • Promover a participação da população e o debate sobre meio ambiente e urbanização nas Conferências Municipais das Cidades;
  • Promover de forma permanente a capacitação institucional dos gestores municipais e estaduais em planejamento urbano e ambiental e gestão do território;
  • Promover a Inovação e a Tecnologia priorizando o planejamento e desenho urbano das cidades, os espaços livres e as pessoas;
  • Implantar e ampliar políticas públicas de proteção ao Patrimônio Histórico e Ambiental;
  • Garantir o cumprimento e observância à legislação urbana e ambiental existente, a partir de sua real implementação, e baseada em estudos técnicos;
  • Fortalecer os sistemas de Defesa Civil e Gestão de Riscos, a partir do Estado, para os municípios, e que se implemente a criação da(s) agência(s) técnicas que deveriam ser os braços executivos dos comitês de bacia (a exemplo da Lei Estadual do RS nº 10.350/1994);
  • Promover parcerias institucionais com as universidades locais, utilizando o saber científico na produção de dados e apoio à tomada de decisão, a partir do entendimento da importância da ciência e da educação de qualidade;
  • Priorizar a aplicação de recursos no desenvolvimento e execução de projetos com o objetivo de adaptação das cidades à mutação climática em curso.

É imperativo que as gestões municipais adotem uma nova abordagem, em diversas escalas, implementando estratégias que reconheçam a urgência da situação como uma oportunidade para promover a transformação social e a regeneração do espaço urbano e ambiental.

Salientamos que arquitetos e urbanistas são especialistas não só em habitação, mas também em planejamento urbano, e deverão ser responsáveis por coordenar as equipes multidisciplinares que irão atuar no processo de reconstrução das cidades.

Por fim, temos certeza absoluta de que o Rio Grande do Sul possui conhecimento e técnica suficientes para dar resposta à altura das necessidades do momento e do futuro. Nossos profissionais arquitetos e urbanistas, e nossas instituições são reconhecidos internacionalmente. Os profissionais gaúchos possuem conhecimento do território, conhecimento da ciência e compromisso com seu povo, três elementos necessários para reconstruir nossas cidades.

Andréa Hamilton Ilha – Presidente CAU/RS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: CAU RS
Imagem: EFE/ Isaac Fontana

Decoração orgânica: o uso de formas e texturas naturais do design de interiores

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A integração de elementos naturais na decoração reflete uma mudança de paradigma no design de interiores

 

A decoração orgânica vem ganhando destaque no mundo do design de interiores por sua capacidade de criar ambientes acolhedores e conectados com a natureza. Essa abordagem busca incorporar elementos naturais, como cores, formas e texturas, para promover sensações de conforto e bem-estar, além de proporcionar um visual único e harmonioso aos espaços.

Essa ascensão de decoração reflete uma mudança de paradigma no design de interiores, onde os espaços são concebidos como extensões da natureza, em vez de meros ambientes construídos. A abordagem vai além da estética superficial, buscando uma integração mais profunda com o meio ambiente e uma experiência sensorial enriquecida para os ocupantes dos espaços.

Ao incorporar elementos naturais de maneira cuidadosa e deliberada, como cores extraídas diretamente da paleta da natureza, com conchas, pedras e texturas que evocam a sensação tátil de estar em contato com o mundo natural, a decoração orgânica visa estimular todos os sentidos, criando assim um ambiente verdadeiramente imersivo.

Para aplicar a decoração orgânica em um espaço, é importante seguir algumas dicas simples. Desde a escolha de uma paleta de cores inspirada na natureza até optar por materiais naturais na composição do ambiente, como madeira, pedra e cerâmica; além disso, é essencial considerar alguns outros aspectos-chave.

Cores da natureza

Uma das características marcantes da decoração orgânica é o uso de uma paleta de cores inspirada na natureza. Tons terrosos, verdes, azuis e neutros são frequentemente utilizados para criar ambientes que remetem a paisagens naturais. Essas cores transmitem calma, serenidade e proximidade com a natureza, contribuindo para um ambiente mais relaxante e equilibrado.

Suavidade e harmonia

As formas orgânicas, inspiradas em elementos naturais como folhas, flores e pedras, são fundamentais para esse estilo de decoração. Móveis e acessórios com linhas suaves e curvas ajudam a criar uma atmosfera acolhedora e fluida, que se assemelha aos ambientes naturais. Essas formas também contribuem para a sensação de conforto e relaxamento, tornando o espaço mais convidativo.

Elementos táteis na decoração

Além das cores e formas, as texturas também podem ser exploradas. Materiais naturais, como madeira, pedra, fibras naturais e tecidos orgânicos, são frequentemente utilizados para adicionar camadas de interesse visual e tátil aos espaços. Essas texturas criam uma sensação de conforto e acolhimento, além de trazerem a natureza para dentro de casa.

Aplicação em diversos espaços

Quanto à aplicação prática da decoração orgânica, ela pode ser adaptada e incorporada em uma variedade de espaços, incluindo residências, escritórios e espaços comerciais. Em residências, por exemplo, a decoração orgânica pode ser aplicada através da escolha de móveis com formas curvas e materiais naturais, como sofás com linhas suaves, mesas de madeira e tapetes de fibras naturais.

Em escritórios, pode ser integrada por meio de elementos como divisórias de bambu, luminárias de design orgânico e paredes verdes. Já em espaços comerciais pode ser explorada por meio de fachadas verdes, paredes texturizadas com materiais naturais e móveis ergonômicos e confortáveis para os clientes.

Esses exemplos demonstram como a decoração orgânica pode ser adaptada e aplicada de forma criativa e funcional em diversos tipos de espaços, criando ambientes mais saudáveis, sustentáveis e harmoniosos.

Decoração e sustentabilidade

Trata-se de um estilo de decoração que também se destaca pela sua abordagem sustentável, que valoriza o uso de materiais ecológicos e a prática da sustentabilidade ambiental, dado que a escolha de materiais como madeira de reflorestamento, bambu, cortiça e tecidos orgânicos contribui para a preservação do meio ambiente. Além disso, a reutilização de materiais e o uso de técnicas de baixo impacto ambiental são práticas cada vez mais valorizadas na área.

Intersecção entre arquitetura e arte

Muitos arquitetos têm preferência por linhas curvas, que podem aparecer na decoração orgânica de diversas maneiras. Isso inclui características estruturais e objetos decorativos como almofadas, vasos e quadros, que agregam estilo a um ambiente.

A relação entre arquitetura e arte faz com que uma influencie diretamente a outra, seja em cores, reflexões, texturas ou formas. A arquitetura, como expressão artística, vai além da estética. Ela também serve como meio de comunicação, transmitindo as intenções do profissional de arquitetura e urbanismo, inspirando reações daqueles que interagem com o ambiente.

Nesse sentido, a capacidade das formas orgânicas de se adaptarem facilmente e interagirem com as novidades do mundo da decoração faz delas uma tendência perene. Seja por meio de novas cores, tipos de acabamentos ou formas de aplicação, essas formas continuam a agregar valor à decoração, mantendo-se relevantes em diferentes contextos e estilos.

De maneira geral, trata-se de uma decoração que oferece uma maneira única e inspiradora de integrar a natureza aos espaços interiores, refletindo a busca por uma maior harmonia entre o homem e a natureza, tornando os espaços mais sustentáveis e agradáveis de se viver.

Por fim, é importante compreender que a decoração orgânica vem sendo cada vez mais valorizada por arquitetos. Isso porque se trata de uma abordagem que não apenas cria espaços esteticamente agradáveis, mas também promove uma maior conexão com a natureza, contribuindo para o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas que buscam integrar o ambiente construído com o ambiente natural.

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Fotografia: Aleksandra Zlatkovic/iStock

Artigo – O Muro da Mauá e a memória das enchentes

Muro da Maua na enchente Flavio Dutra

Artigo da jornalista graduada em Museologia Letícia Turcato Heinzelmann defende que ao lembrarmos do passado podemos viabilizar a prevenção de novas tragédias

 

*por Letícia Turcato Heinzelmann

A enchente histórica que enfrentamos em 2024 abre os olhos de Porto Alegre para a importância de um personagem que vinha sendo constantemente criticado, ameaçado e, mais perigoso, negligenciado. O Muro da Mauá faz parte do sistema de proteção contra cheias da capital gaúcha. Neste ano, completa seu 50.º aniversário, sempre apontado por parte da população como vilão que obstaculiza a fruição do Lago Guaíba. Porém, essa cortina de defesa foi projetada a fim de evitar catástrofes na cidade, que está em posição geográfica vulnerável a enchentes: a apenas três metros acima do nível mar e às margens do desaguadouro de uma bacia hidrográfica que corresponde a um terço do Rio Grande do Sul.

As cheias do Guaíba são observadas pela população desde a fundação da cidade, há mais de 250 anos, como bem registra o escritor Rafael Guimaraens, em A enchente de 41: “Consta que os casais açorianos fundadores de Porto Alegre teriam se encantado com o enorme rio que lhes proporcionaria água abundante e a visão de um pôr-do-sol inigualável. Mas esta beleza toda teria um preço”. Recebendo as águas dos rios Jacuí, Caí, Gravataí e Sinos, além do Taquari, chuvas fortes, mesmo a quilômetros de distância, acabam convergindo ameaçadoramente em direção à capital, que fica suscetível a alagamentos.

Não há recorrência precisa para o registro de cheias, que podem ser mais ou menos graves a depender de uma série de fatores climáticos. Geralmente, altos volumes de chuvas são registrados em anos de El Niño, fenômeno em que o Oceano Pacífico fica mais quente que a média histórica. Foi o caso em 1914, 1926, 19 40, 1967, 1983, 2015 e 2023, anos em que as águas do Guaíba atingiram níveis de atenção na primavera. Em 1941 e agora em 2024, outros fatores climáticos somados contribuíram para a recorrência de fortes chuvas no outono, ocasionando novas e mais severas enchentes em maio: as marcas históricas, respectivamente, de 4,76m e 5,33m.

O Muro da Mauá foi construído para conter uma cota de até seis metros – e tem cumprido sua função. O alagamento da cidade, porém, ocorreu devido a falhas em uma das comportas e em casas de bombas. Isso se deu pela falta de manutenção, uma recorrência ao longo destes 50 anos. Na primeira tentativa de fechamento dos portões, em 1983, eles já estavam enferrujados. No ano passado, a comporta que protege a região do 4.º Distrito e uma bomba já haviam falhado. E tudo indica que não houve reparos desde então, visto o resultado da enchente cidade adentro.

Até há pouco, ainda se falava em derrubar o muro e substituí-lo por alguma alternativa mais “estética”. Falou-se até em instalar acervos de arte nos armazéns do Cais, o que foi combatido por pesquisadores de Conservação e Patrimônio Cultural. Diante da impossibilidade técnica de tal empreendimento, ele não foi nem substituído nem cuidado.

Se já ocorreu em 1941 – a grande enchente que mobilizou o planejamento do Muro da Mauá –, não era possível saber o que estava por vir em 2024? Mas quem lembrava recentemente da enchente de 1941 e da função do muro?

O apagamento de memórias traumáticas após sucessivas gerações é um fenômeno comum, especialmente em catástrofes que podem ter recorrência após longos períodos – Letícia Turcato Heinzelmann

A pesquisadora Myrian Sepúlveda dos Santos utiliza o termo “pós-memória”, cunhado pela americana Marianne Hirsch, que “caracteriza a experiência daqueles que crescem dominados por narrativas que antecedem seu nascimento, moldadas por acontecimentos traumáticos que não podem ser totalmente compreendidos, recriados; caracteriza, portanto, a experiência daqueles que têm suas próprias histórias afastadas pelas histórias de gerações anteriores”.

A dificuldade de expressar o trauma pode levar a um apagamento do alerta para gerações futuras. Conceitos como memória coletiva e memória social remetem a fenômenos associados à relação entre passado e presente. O termo pós-memória surge para denominar um investimento imaginativo, em que não são transmitidas narrativas, mas sensações e emoções. Esse trabalho é importante para compreender as consequências que um passado traumático tem sobre gerações subsequentes. O impacto da enchente de 1941 era indizível, inarrável, como o trauma do soldado que retorna silencioso do campo de batalhas, exemplificado por Walter Benjamin.

Mas apenas ao lembrar do passado pode-se ajudar na prevenção de novas tragédias. Para isso, é necessário que haja lembretes, marcos que nos confrontem com esse sentimento incômodo. O Muro da Mauá foi construído para proteger Porto Alegre das águas. Sua construção entre 1971 e 1974, no contexto de grandes obras executadas pela Ditadura Civil-Militar, se deu, portanto, sem debate popular – o que gera ruídos até hoje.

Com a redemocratização e o crescente engajamento social e ambiental da população de Porto Alegre, ele passou a ser colocado em cheque e questionado enquanto obstáculo entre a cidade e seu lago. Porém, ele cumpre seu papel e poderia incorporar novas funções simbólicas, como a de preservar as memórias das enchentes, tonando-se patrimônio de alerta, um “antimonumento”, na definição de Márcio Seligmann-Silva: o patrimônio que opera dentro dos sentidos filosóficos de lugar, território e rituais, tendo capacidade de advertir sobre situações-limite enfrentadas por uma população.

Essa nova função de antimonumento exerceria um “trabalho de memória”, definido por Paul Ricoeur como uma exigência vital. Para além de lembrar, a memória precisa ser trabalhada de forma recorrente, obsessiva. Manuel Reyes Mate fala sobre “dever de memória”, em perspectiva originada na filosofia apriorística de Kant.

O Muro da Mauá está lá há 50 anos, de prontidão, mas sem nos informar nada. Diante do aquecimento global e da perspectiva de agravamento de eventos climáticos extremos, não devemos deixar de trabalhar essa memória. Só em alerta iminente estaremos nós também de prontidão para cobrar de autoridades que as necessárias manutenções sejam feitas periodicamente a fim de que nosso sistema nos proteja de futuros traumas.

* Letícia Turcato Heinzelmann é jornalista (PUCRS), graduanda em Museologia, aluna especial no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Urbanismo (PROPUR) e integrante do grupo de pesquisas Gestão de Acervos e Direitos Humanos (GADH) na UFRGS.

 

 

 

 

 

 

Fonte: Jornal da Universidade do Rio Grande do Sul – Publicado em 29 de maio de 2024.
Imagem: Flávio Dutra

Critérios Acústicos

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Elementos de estudo, controle e planejamento se tornam cada vez mais cruciais à conquista de um desempenho acústico otimizado

 

Segundo a OMS, a poluição sonora é o segundo maior agente poluidor ambiental no mundo e um grande problema da saúde pública ao influenciar os níveis de stress e cansaço mental da população. O som, um fenômeno ondulatório capaz de propagar-se através dos diferentes estados físicos da matéria (sólido, líquido e gasoso), pode ser caracterizado a partir de sua intensidade, altura ou timbre e possui frequência suficiente para ser percebido pelo ser humano.

Além de toda a compreensão sonora das ondas, a Acústica é o estudo que se dedica a explicar os fenômenos que estão relacionados à propagação dessas ondas, como reflexão, refração, difração, absorção e efeito Doppler, utilizando fórmulas e conceitos que possibilitam melhor investigação do fenômeno ondulatório a partir da avaliação de objetos que causam e propagam os diferentes sons.

A poluição sonora e outros temas importantes da acústica já fazem parte de grande debate no Brasil. A exigência cada vez maior da sociedade por desempenho acústico nas edificações requisita soluções específicas, que sejam planejadas ainda na fase de elaboração dos projetos arquitetônicos. Em pesquisa recente realizada pela DataZAP+, braço de inteligência imobiliária do grupo OLX Brasil, o isolamento acústico nos imóveis é apontado como prioridade em pesquisa sobre o consumidor e tendências de moradias no país.

Atenta a estas questões, a ProAcústica – Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – pretende ampliar o número de atividades de intervenção urbana, com iniciativas que mesclem o debate sobre as questões técnicas da acústica com movimentos político-sociais. Um projeto no radar da associação, por exemplo, é a criação de uma certificação que indique a classificação do desempenho acústico de uma edificação, algo similar à Etiqueta Nacional de Conservação de Energia, do InMetro.

Para melhor elucidar algumas questões, a CM conversou com Marcos Holtz, presidente executivo da ProAcústica e coordenador da CE 196 000 003 | Acústica Arquitetônica, da ABNT. Relator da revisão da parte acústica da norma de desempenho NBR 15575 (2018/2021), é sócio-diretor da Harmonia, empresa que oferece serviços tais como projetos acústicos, consultoria acústica, estudo de desempenho acústico, medições sonoras, ensaios acústicos, consultoria e estudo de desempenho térmico e lumínico.

 

Casa e Mercado: No que diz respeito a projetos de arquitetura para edificações, quais as implicações, sob o ponto de vista de desempenho acústico, das normas ABNT disponíveis para o setor?

Marcos Holtz: A área residencial é a que tem mais referências em normas técnicas relacionadas à Acústica. A ABNT NBR 15575, revisada em 2022, é aplicada para avaliação acústica de edificações residenciais e apresenta critérios acústicos obrigatórios de isolamento de fachadas, de ambientes internos e para ruído de impacto. Tem grande importância no mercado imobiliário, inclusive na habitação social. Para as demais áreas, como edifícios comerciais, escritórios ou hospitais, temos a ABNT NBR 10152, que apresenta níveis sonoros de referência, recomendados para diversos tipos de utilização. Em termos de incomodidade da vizinhança, existe uma norma técnica para avaliação dos níveis sonoros para a comunidade, com o emitido por equipamentos ou casas noturnas, a ABNT NBR 10151.

 

CM: Quanto à indústria fornecedora de materiais, os produtos que apresentam especificidades acústicas podem ser caracterizados para que seus desempenhos possam, de alguma forma, ser calculados? Quais os processos necessários para isso?

MH: Existem normas internacionais específicas para caracterização acústica dos materiais, que devem ser feitas em laboratório, com condições ambientais controladas. Para caracterização do isolamento acústico de materiais, temos a família de normas ISO 10140 para obtenção do descritor “Rw”. Para caracterização da absorção sonora de materiais, as normas seriam a ISO 354 e ISO 11654, que permitem obter um descritor “alpha w”. Estes ensaios são fundamentais para permitir que o projetista consiga prever a eficiência acústica dos projetos.

 

CM: Sendo a edificação um valor sistêmico, nos parece que o sistema de vedações composto por vidros, caixilhos e esquadrias, para promoção de conforto acústico, tem sua normatização desenvolvida. Também os revestimentos?

MH: Ambos os casos, tanto para isolamento acústico (fachadas, paredes, portas) quanto para revestimentos fonoabsorventes (forros acústicos e painéis acústicos de parede) tem sua normatização desenvolvida. Apesar do trabalho feito, ainda há muito a ser feito e desenvolvido, e o Brasil participa na ISO como membro com direito a voto no TC 43 SC2, onde essas normas são criadas, revisadas e discutidas.

 

CM: Nos parece que uma fragilidade da construção civil é a mão de obra qualificada para execução. No Brasil, as construções de edificações residenciais são por muitas vezes administradas pelos próprios escritórios de arquitetura. Como os escritórios de arquitetos podem garantir a qualidade de execução de um projeto acústico?

MH: É muito importante a atenção aos detalhes. Pequenas frestas podem causar um grande estrago no isolamento acústico. O ideal é contar com a assessoria de um consultor de acústica. Em casos em que isso não é possível, é recomendável que o arquiteto entenda um pouco dos fenômenos acústicos para evitar problemas. Recomendamos a leitura dos manuais da ProAcústica, que são uma excelente fonte de informação na área de acústica, prática e acessível, começando pelo Manual de Acústica Básica.

 

CM: Em uma edificação residencial ou comercial, quais são os pontos críticos os quais os arquitetos e designers de interiores devem observar em um projeto acústico?

MH: Basicamente três pontos devem sempre ser observados: Isolamento acústico, condicionamento acústico e controle de ruídos. No caso do isolamento acústico, portas, paredes e fachadas devem ser estudados em conjunto para obtenção de um isolamento equilibrado e adequado ao uso proposto. O condicionamento acústico é calculado a partir dos revestimentos internos, para garantir a qualidade do ambiente sonoro nos espaços, como salas de conferências, teatros e auditórios, e evitar espaços de aglomeração muito ruidosos, como restaurantes ou salas de embarque. O controle de ruído deve avaliar todos os sistemas mecânicos que podem causar ruído, como fancoils ou geradores, e soluções acústicas devem ser projetadas para mitigar os excessos de ruído.

 

CM: Em grandes centros urbanos, a produção de ruídos é expressiva, em face de atividades humanas. Carros, buzinas, aeroportos, construções etc. Existem mapas de ruídos, por assim dizer, por bairros ou zonas municipais, disponibilizados pelas prefeituras, para que o projetista possa ajustar seu projeto a desempenhos acústicos?

MH: Em países onde o gerenciamento de ruído já foi implementado, como os países europeus, existem diversos elementos de controle e planejamento, como mapas de ruído e sistemas de monitoramento sonoro. Em alguns mapas disponibilizados na internet é possível digitar o endereço e entender como estão distribuídos os níveis sonoros em qualquer lugar da cidade.

No Brasil temos ainda algumas iniciativas, dentre elas Fortaleza, Brasília e São Paulo. No caso de São Paulo a previsão do mapa está na Lei nº 16.499, de 20 de julho de 2016. A ProAcústica já disponibilizou mapas de ruído parciais da cidade através de ações urbanas nos últimos anos, que podem ser conferidos no site mapaderuidosp.org.br.

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Imagem: Divulgação Mapa de ruído SP

Crea-SP realiza evento gratuito sobre recuperação hídrica em SP

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Dividido em painéis apresentados por convidados especialistas, encontro terá foco em restauração e reabilitação de rios urbanos

 

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), realizará, gratuitamente, na próxima quinta-feira (06/06), às 15h, o seminário Meio Ambiente: Restauração e Reabilitação de Rios Urbanos, no coworking Nestor Pestana (Rua Nestor Pestana, 87, Consolação). As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo site.

O evento será dividido em painéis apresentados por convidados especialistas, que abordarão os seguintes temas:

1. A recuperação dos rios e requalificação do entorno, com Rodrigo Ohtake e Eduardo Jorge;
2. Técnicas de Restauração Verde, com Juliana Alencar e Gustavo Asciutti;
3. Expansão Urbana x Recursos Hídricos, com Nelson de Campos Lima, Antonio Iris Mazza e Lacir Ferreira Balduscco.

Na véspera do encontro, dia 5 de junho, é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, que dará mais força para que sejam debatidas soluções para o estado de São Paulo, com relação à proteção dos recursos hídricos de dois importantes rios, o Tietê e o Pinheiros. Desde 2023, o Crea-SP trabalha em conjunto à Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas (Seclima) do município, em ações de preservação do descarte de resíduos poluentes e ocupações irregulares em áreas de mananciais, com o objetivo de conscientizar a população sobre a necessidade de proteger esses locais e estabelecer o diálogo de maneira que integre a sociedade civil e a área tecnológica na gestão pública.

“Nós demos o pontapé inicial, já que temos recursos que contribuirão para chegar aonde queremos mais rápido. Porém, não cabe apenas ao braço técnico. Precisamos que o processo tenha também a contribuição da gestão pública e sociedade civil, e que isso escalone de maneira mais rápida atingindo mais e mais pessoas. Assim, estabelecemos um ecossistema que facilita a tomada de decisões com base nas demandas tratadas nos painéis. Um evento de discussão sobre esse assunto é de extrema importância, já que profissionais habilitados e capacitados são os principais responsáveis pela ação transformadora capaz de revitalizar e restaurar os rios” – Lígia Mackey, presidente do Crea-SP.

 

Meio Ambiente: Restauração e Reabilitação de Rios Urbanos
Quando: 06/06, quinta-feira
Horário: às 15h
Onde: Coworking Nestor Pestana (Rua Nestor Pestana, 87, Consolação, São Paulo/SP)

 

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Recycled Park – Uma ação sustentável

Recycled Park Foto Whim

Projeto busca demonstrar que o plástico reciclado retirado do rio pode ser uma matéria-prima valiosa para reutilização e desempenhar função ecológica

 

Uma iniciativa da Recycled Island Foundation em conjunto com a WHIM Architecture, em colaboração com o Ministério das Infraestruturas e Gestão da Água de Rotterdam, Holanda, e o serviço marítimo HEBO, o Recycled Park é uma resposta local à questão global da poluição plástica em corpos d’água; um projeto propositivo para coletar e recuperar resíduos plásticos do rio Nieuwe Maas antes de chegarem ao mar. Reciclados e ressignificados, os resíduos se tornam objetos flutuantes de HDPE (Polietileno de Alta Densidade) em formato hexagonal instalados no porto – utilizados para diversos fins, como floreiras, terraços ou áreas de estar – que ligados entre si configuram uma paisagem verde flutuante e alimentam um novo ecossistema fluvial.

O projeto foi implantado há alguns anos e contribuiu para uma abordagem internacional e integrada à poluição plástica, problemática mais que atual. Os resíduos plásticos são um problema estrutural em águas abertas. Grande parte do lixo acaba nos mares e oceanos através dos rios, onde se torna parte da poluição global. “A água é o ponto mais baixo em muitas cidades holandesas, o que infelizmente significa que os resíduos se acumulam nos nossos rios. Se garantirmos a recolha de todo o plástico na cidade e no porto de Rotterdam, impediremos ativamente o crescimento da sopa de plástico nos nossos mares e oceanos. Rotterdam pode tornar-se um exemplo clássico para cidades portuárias em todo o mundo. A realização dos blocos de construção formados a partir de plástico é um passo importante em direção a um rio sem plástico”, diz Ramon Knoester, arquiteto da WHIM Architecture e idealizador do projeto.

 

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Recycled Park. Imagem: Divulgação Recycled Island Foundation.

 

Coletor de plástico

A Recycled Park Foundation desenvolveu três coletores de plástico passivos para este projeto, a fim de remover eficientemente o plástico do rio Nieuwe Maas. Os coletores de plástico foram testados, monitorados e otimizados durante um período experimental de um ano e meio e capturam a sujeira flutuante usando a corrente da água e retendo a sujeira flutuante quando a corrente se inverte.

Procuramos uma abordagem local e circular para a questão da poluição plástica e encontramos potencial na recuperação de plásticos do nosso rio local. Recuperar resíduos dos rios tem se mostrado mais fácil do que tentar coletar plásticos do mar aberto. Além disso, quando os plásticos são recuperados perto da fonte de poluição, a qualidade do material também é provavelmente ainda boa o suficiente para reciclagem. Os blocos de construção do nosso parque flutuante são feitos de plásticos que recuperamos. Os parques flutuantes são uma vantagem para as cidades e enriquecem o ecossistema do porto simplesmente adicionando nova vegetação e criando novos espaços para as aves nidificarem”, comenta Knoester.

 

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Em Rotterdam, três armadilhas passivas de lixo recuperam eficientemente os plásticos de rios.

 

O plástico reciclado é usado então para criar corpos flutuantes nos quais novas plantas crescem por cima, por baixo e por dentro. Aves, peixes e microrganismos encontram alimento, espaço para nidificar e abrigo no parque flutuante de 140 m² que estimula a biodiversidade. Importante salientar que nenhum produto químico é adicionado no processo de reciclagem e nenhum microplástico é liberado deste novo material resistente.

 

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Recycled Park. Imagem: Divulgação Recycled Island Foundation.

 

Nos últimos 9 anos, a CLEAR RIVERS, uma organização sem fins lucrativos sob o comando de Knoester registrada como marca da Recycled Island Foundation, implementou projetos de sucesso em vários países, como Holanda, Bélgica, Romênia, Hungria, Indonésia e Malásia. Instalamos armadilhas de lixo, organizamos limpezas, programas educacionais e desenvolvemos uma gama de produtos circulares, entre os quais o parque flutuante, itens de mobiliário e materiais de construção. “Nossa abordagem ao problema da poluição plástica é uma combinação da recuperação de plástico flutuante em rios, canais e portos com armadilhas de lixo e limpezas, a criação de produtos reciclados e a educação da geração jovem”, finaliza o arquiteto. 

 

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Conexão Setorial CM – Uma noite gastronômica com Fischer e Alicante

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Arquitetos e designers de interiores participam de noite culinária à convite da Casa e Mercado para dialogar com dois grandes fornecedores do mercado

 

A Fischer, fabricante nacional de eletrodomésticos e grande variedade de produtos, que atende há mais de 60 anos o setor da Arquitetura e Construção Civil, recebeu no último dia 22 um grupo seleto de arquitetos e designers de interiores em seu showroom Fischer Design Haus, para um noite gastronômica realizada pela Casa e Mercado com direito a receitas e aula culinária da Chef da casa, Ana Chapela.

O encontro também foi marcado pela presença da Alicante, importadora e distribuidora de soluções de qualidade em superfícies, há 30 anos no mercado. A empresa, que oferece grande variedade de pedras naturais, como mármores, granitos, travertinos, limestones, quartzitos e ônix, além de ampla lista de produtos industrializados de base mineral, para aplicabilidades diversas, apresentou aos presentes um pouco sobre as características do Neolith: superfície de alta performance bastante aplicada em bancadas de cozinha, com base mineral obtida através de um processo de produção altamente tecnológico conhecido como sinterização.

 

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Os profissionais puderam conhecer de perto, tirar dúvidas e dialogar sobre os produtos de Fischer e Alicante dispostos no showroom, em uma noite descontraída que uniu gastronomia e design de modo a criar uma imersão dentro do universo dos produtos e das capacidades e tecnologias envolvidas em cada um.

Para demostrar os produtos em funcionamento, a Chef Ana Chapela ministrou uma verdadeira aula sobre pratos em preparo e convidou alguns profissionais à colocarem a mão na massa! Ao fim, os participantes levaram para casa dois pequenos carinhos: uma amostra do Neolith e o cardápio da noite!

 

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“Foi um encontro muito agradável, conhecemos melhor os produtos Fisher e Neolith na prática, com uma abordagem leve e interativa. É sempre bom trocar ideias com outros profissionais e ampliar nossos conhecimentos, para oferecer o melhor para os nossos clientes.” – Priscila e Bernardo Tressino, PB Arquitetura.

“O Encontro gastronômico foi um experiência literalmente deliciosa! Além de aprendermos com a Chef Ana Chapela receitas práticas e deliciosas tivemos uma aula sobre todos os equipamentos da Fischer, que eu não conhecia. O meu preferido foi a churrasqueira ranch que é elétrica, tem o tamanho de um forno embutido, não solta cheiro e além de tudo pode fazer pizza . Achei super prático e já tenho até um cliente pra ela!” – Ingrid Zarza, Inovando Arquitetura.

 

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Catarina Biselli e Fernanda Prado – Duno Arquitetura

 

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Priscila e Bernardo Tressino – PB Arquitetura.

 

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Ingrid Zarza – Inovando Arquitetura.

 

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Denise Delalamo e João Martins.

 

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Bob Mendes.

 

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Cris Vassoler e Anna Julia.

 

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Virginia Caldas – Estúdio Bena Arquitetura.

 

“Em uma noite de Maio, recebo um convite da Casa e Mercado para conhecer o showroom Fischer e de quebra conhecer os produtos Neolith, da Alicante. Eu jamais saberia que lá seria o endereço de onde já especifiquei muitos produtos. Coloquei a mão na massa e fiz um Quiche. Senti muito orgulho por tê-lo feito. No dia seguinte estive na casa de uma cliente que tinha um forno elétrico Fischer. Não tive dúvidas e liguei para a Katia, representante da marca, que gentilmente falou com ela explicando tudo o que o aparelho dela fazia. Depois disso minhas especificações serão sempre Fischer!” – Bob Mendes.

 

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Imagens: Phoética

Onde o Design EVOLUI

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A cada ano, o Salone del Mobile dá forma à sua missão como laboratório de experimentação e polinização cruzada, um lugar de encontro, de interface e de criação de novas oportunidades de negócios

 

Sediado no centro de exposições Fiera Milano, o Salone del Mobile.Milano 2024 atraiu a participação de mais de 1.950 expositores de 35 países. A 62ª edição do evento confirma o seu protagonismo no cenário internacional, com a combinação de pesquisa, experimentação e inovação, e registrando crescimento de +20,2% em relação à edição de 2023.

Evento marcante no setor, este ano teve como principais vitrines a Bienal EuroCucina / FTK, Technology For the Kitchen e a International Bathroom Exhibition, e promoveu não só interações profissionais, mas também encontros centrados na cultura do projeto, em uma ampla programação que incluiu divulgação, formação e debates.

Somado a isso, foram acrescentadas as instalações “Interiores de David Lynch. A Thinking Room” do famoso cineasta americano, “Under the Surface” de Accurat, Design Group Italia e Emiliano Ponzi, e “All You Ever Wanted to Know About Food Design in Six Performances”, juntamente com Design Kiosk: o espaço temporário do Salone da cidade.

Segundo Claudio Feltrin, Presidente da FederlegnoArredo, o evento é o mais importante comércio internacional do setor: “Salone del Mobile.Milano é antes de tudo uma feira de negócios que permite até as empresas mais jovens expor os seus produtos a um público tão vasto e especializado, que dificilmente conseguiriam. alcançar individualmente”, afirma.

“O 62º Salone del Mobile.Milano superou todas as expectativas, graças à confiança de um ecossistema que, mais uma vez, reconheceu a liderança internacional do evento. Com 370.824 visitantes, o Salone volta a ser um evento único a nível mundial, uma ponte essencial com as novas geografias de mercados, uma grande fábrica de significado e valor duradouro, produtos e empregos, cultura material e imaterial.” – Maria Porro, presidente do Salone del Mobile.Milano

 

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De fato, o Salone mais uma vez se estabelece como evento cultural, um espaço para realização de negócios e networking, capaz de atrair operadores qualificados, incluindo compradores, arquitetos, designers de interiores e meios de comunicação de todo o mundo, registrando resultados excepcionais graças à confiança de um ecossistema que, mais uma vez, reconheceu a liderança internacional do evento.

O desafio deste ano foi novamente criaras instalações mais circulares possíveis, que abrangessem técnicas voltadas para facilitar a desmontagem, materiais reutilizáveis e plantas, quase onipresentes, projetadas para serem devolvidas aos seus viveiros originais.  Além do design do zero, a recuperação de instalações de edições passadas está se tornando cada vez mais comum, visando as questões de reciclagem e sustentabilidade, incluindo a sustentabilidade econômica.

Diferentemente da disposição espacial dos stands no ano passado, que propôs algo mais aberto e orgânico, neste ano a Bienal EuroCucina, a International Bathroom Exhibition e a edição de aniversário do SaloneSatellite, apresentaram fluxos distribuídos ao longo de corredores tradicionais demarcados pelos perímetros muitas vezes fechados das arquibancadas individuais, que eram acessados em grande parte a partir de uma entrada principal.

Juntamente à maior feira de móveis do mundo, uma variedade de eventos paralelos aconteceu durante a mesma semana, conhecidos coletivamente como FuoriSalone, como instalações, exposições e palestras. Para esta edição, sobre o tema Materia Natura, o Fuorisalone apresenta uma abordagem mais sustentável e consciente ao design.

 

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8ª edição do Isola Design Festival, organizado pela plataforma de design digital e físico Isola.

 

The Salone Internazionale del Mobile 

Criada em 1961, o principal evento internacional da indústria do design apresenta uma vasta gama de produtos de mobiliário, que se distinguem pelo seu poder expressivo e pela inovação funcional, tecnológica e material. Inovação e excelência compõem o léxico familiar das empresas e marcas que expõem Salone, cada vez mais inclusivo e em diálogo com todo o mundo criativo e produtivo. É onde se apresentam protótipos e inovações em termos de mobiliário, espaços domésticos e estilos de vida, explorando a forma como vivemos.

Entre os nomes que moldaram a geografia deste Salone destaca-se o estúdio milanês Calvi Brambilla, responsável pelos stands Elica, QuadroDesign e Dooor, entre outros, em que a alma dos produtos expostos foram fundamentais para a concepção do espaço.

 

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Stand Elica, EuroCucina.

 

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Stand Gufram, Salone Internazionale del Mobile.

 

Os estandes de plano aberto, sem paredes divisórias, incluíam os da Campeggi, a produtora de assentos conversíveis com sede em Como, Maruni, com móveis de Naoto Fukusawa, Jasper Morrison e Cecilie Manz, Fogia, defendendo uma estética minimalista com uma grande divisória retroiluminada parede e paredes traseiras em cor creme dessaturada e, por último, Bitossi Ceramiche, que utilizou painéis de madeira clara para mostrar sua nova coleção, feita em colaboração com Objetos de Interesse Comum, para um toque doméstico.

 

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Stand Fogia, Salone Internazionale del Mobile.

 

100% japonesa – sendo uma das instalações mais fotografadas do Salone del Mobile.Milano 2024 – foi a instalação desenhada por Taiju Yamashita, fundador da DRAFT Inc., na qual o espaço foi preenchido com uma densa grade tridimensional de esferas de vidro suspensas. , gerando diferentes efeitos fractais de acordo com o ponto de observação.

Outra instalação que chamou a atenção por sua referência histórica no Pop: a instalação Hyper Poltronova idealizada por Donatello D’Angelo, diretor de arte da empresa toscana Poltronova, foi inspirada na exposição Invenção da Superfície Neutra de 1973, na qual grupos radicais participou.

 

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Stand DRAFT Inc.

 

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Stand Poltronova.

 

International Furnishing Accessories Exhibition

Alguns objetos de design têm o poder de tornar qualquer espaço único e pessoal, se tornando recipientes de histórias. O Salão Internacional de Acessórios de Mobiliário compreende que cada peça tem um valor narrativo que consegue dar personalidade a um espaço, nas quais os protagonistas são objetos e produtos cada vez mais sofisticados com propostas para enriquecer o âmbito do doméstico. Afinal, o que reúne todas estas peças na exposição?  A investigação, a qualidade e a atenção ao detalhe estético.

 

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EuroCucina

Realizada pela primeira vez em 1974, a EuroCucina tornou-se instantaneamente o evento de cozinha referência a nível internacional, graças a vasta gama de expositores e elevada qualidade dos produtos expostos. Propostas e narrativas, refletindo novas visões e hábitos, reproduzem as tendências em formas e materiais, cores e tecnologias, potenciando as novas rotinas que se vão estabelecendo, e fortalecendo o sentido de comunidade e pertencimento que o lar doméstico nunca deixou de evocar. Este ano, a mostra evidencia a hibridização de contextos, o desejo pelo ar livre, a sustentabilidade e a inteligência artificial.

 

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International Bathroom Exhibition

Criada em 2006, a Exposição Internacional de Banheiros é uma exposição dinâmica apresentando o que há de melhor na produção internacional: de móveis e acessórios a cabines de chuveiro, de louças sanitárias a radiadores, de torneiras a banheiras. Cerca de 200 expositores participam do evento e os produtos expostos refletem a evolução contínua deste espaço particular, que se torna cada vez mais tecnológico e de orientação verde, centrados na avançada – mas invisível -tecnologia, na poupança de água e na utilização de materiais de baixo impacto, recicláveis ​​e circulares.

 

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Euroluce

Realizada pela primeira vez em 1976, a Euroluce é o Salão Internacional de Iluminação, que narra a evolução da luz no espaço doméstico, suscitando investigação e inovação e reflexão sobre a cultura de design neste campo específico. O evento apresenta a luz não apenas como elemento tecnológico e funcional, mas sobretudo como dimensão estética, força emocional e fator determinante para o conforto dos espaços. Os produtos em exposição este ano abarcam os mais recentes dispositivos de iluminação exterior, interior, industrial, teatral e de eventos, e dispositivos de iluminação para usos especiais, como sistemas de iluminação, fontes de luz e software para tecnologias de iluminação. A luz está, de fato, tornando-se cada vez mais central ao nosso mundo hiperconectado, influenciando percepções, desempenho, preferências, comportamentos e humor.

 

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Workplace3.0

Em 2015, Workplace3.0 passou a ser uma exposição anual, apresentando soluções alinhadas aos novos formatos de trabalhos e as novas necessidades de design para “habitar” espaços profissionais, públicos e contratuais, graças a globalização, a migração e as emergências, incluindo as relacionadas com a saúde. Dedicado ao design e à tecnologia deste espaço cada vez mais flexível, poroso e mutável, o evento apresenta soluções atuais que olham para o futuro, e ajudam a melhorar a experiência profissional, social e criativa, expondo produtos que atendem às novas demandas.

 

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S.Project

A S.Project é dedicada a produtos de design, soluções decorativas e técnicas de decoração de interiores, apresentando uma vasta gama de propostas que vão desde mobiliário de interior a exterior, revestimentos a soluções de iluminação e de acústica até produtos de bem-estar e têxteis, destacando as linhas de investigação contemporâneas mais significativas: a hibridação de contextos, a transição do design de peças únicas para o do ambiente e os estímulos emocionais, como a necessidade de se construir espaços totalmente coordenados e acolhedores, que estabeleçam real conexão com o usuário.  As propostas evidenciam a investigação tanto da responsabilidade ecológica como do valor estético dos produtos.

 

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SaloneSatellite

Posto avançado da criatividade, pautado pela crença na experimentação de quem sai da faculdade pronto para construir a carreira, O SaloneSatellite é o primeiro evento a dedicar especial atenção aos jovens designers, tornando-se instantaneamente o ponto de encontro por excelência dos empreendedores/caça-talentos e dos designers mais promissores. A sua criação – em 1998 graças a Marva Griffin Wilshire, que ainda é a sua curadora, foi uma aposta no potencial criativo dos designers com menos de 35 anos, juntamente com 270 Escolas e Universidades Internacionais de Design, que participaram e tornaram-se nomes proeminentes no cenário do design.  Pautado desde o início pela crença na experimentação, este centro visionário explora o mundo do design do futuro, caracterizado como um lugar de exploração da vida contemporânea. Todos os anos, o Prémio SaloneSatellite premeia três dos projetos mais merecedores e atribui algumas Menções Especiais.

 

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As interações profissionais que surgem durante o evento são alimentadas pela cultura do design e do projeto. As palestras e mesas redondas intituladas “Drafting Futures. Conversations about Next Perspectives”, com curadoria de Annalisa Rosso, é o resultado de um trabalho coletivo desenvolvido ao longo do ano no Salone del Mobile.Milano. O Pavilion 14, arena projetada por Formafantasma, sediou talks e mesas redondas com algumas das personalidades mais interessantes do nosso tempo. Uma inovação deste ano é o lançamento do projeto Biblioteca do Salone, preparada para crescer com o tempo. Os primeiros volumes da nova biblioteca foram sugeridos por alguns dos principais palestrantes e personalidades do Salone, a quem foi pedido que recomendassem autores que foram importantes na sua formação.

 

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A Thinking Room, por David Lynch

O “Thinking Room”, quarto duplo projetado pelo famoso cineasta David Lynch e montados com a curadoria de Antonio Monda, atua como um prólogo e introdução ideal ao Salone del Mobile.Milano 2024. Localizado no início da visita a toda a área expositiva, duas conchas ovóides circundadas por cortinas circulares de veludo vermelho despertaram o interesse do público. A surpresa e a curiosidade também são despertadas pelo fato de esses objetos estarem em meio a pavilhões lotados de estandes, cujo atrativo está na transparência. Já as “zonas” gêmeas, elaborado pelo escritório de arquitetura italiano Lombardini22, têm uma opacidade semi-absoluta: é normal ter que contorná-las para entender exatamente o que são e encontrar a entrada. A ideia foi criar uma zona de descompressão de função prática, que controla as entradas e exige um certo grau de reflexão pessoal, ao mesmo tempo que marca uma diferença, uma ruptura ambiental com o resto do espaço expositivo. “Lynch consegue nos seduzir ao reafirmar que a verdadeira arte não oferece respostas, mas faz perguntas”, comenta Antonio Monda.

 

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Presença Brasileira

Marcas brasileiras de design autoral e assinado, atuantes geralmente no mercado de alto padrão, se destacam no cenário global. Nove empresas ostentaram seus estandes próprios, demonstrando a criatividade, a qualidade e a sustentabilidade do design nacional. São elas: ArboReal, Century, São Marcos, GH Group, Modalle e St. James, no pavilhão 3 C19/D18; Zen, no pavilhão 10 A1; e Sollos + Jader Almeida, no pavilhão 18 C09.

Além delas, o Projeto Setorial Brazilian Furniture também esteve presente com a mostra “DESIGN + INDÚSTRIA”, apresentando 41 novas peças desenvolvidas por 22 marcas em colaboração com designers nacionais por intermédio do programa, uma iniciativa da ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), que visa incrementar a competitividade e, consequentemente, as exportações da indústria de móveis brasileira, promovendo a internacionalização e ampliando a presença dessas marcas no mercado global.

O programa atua em todas as etapas do desenvolvimento e comercialização do produto, desde a concepção até a produção, marketing e promoção comercial, conectando designers e fabricantes de móveis que se alinham e se completam para integrar e impulsionar o potencial criativo e tecnológico do setor moveleiro nacional. “O Design + Indústria dá suporte às diversas etapas desse processo, colaborando não só em termos estéticos, mas também em eficiência, para que nossa indústria possa desenvolver produtos de qualidade cada vez maior, que atendam aos desejos e necessidades do mercado nacional e internacional”, comenta Cândida Cervieri, diretora executiva da ABIMÓVEL e gerente do Brazilian Furniture.

 

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A designer Roberta Rampazzo assina o Sofá Friends para a Modalle Móveis. Seu design permite que os usuários utilizem a peça em posição mais amigável, projetado para promover conexões significativas entre as pessoas, incentivando conversas e convidando os usuários a se conectarem em um nível mais profundo.

 

A premiada designer Roberta Rampazzo esteve visitando o espaço e foi conferir de pertinho seu próprio exemplar: o Sofá Friends, que assina para a Modalle Móveis. “É animador ver a crescente presença de brasileiros, e do público em geral, refletindo um interesse global ainda maior. E isso me faz refletir sobre a necessidade de aprimoramento na organização do evento, incluindo a infraestrutura e logística, pois as longas filas e a espera prolongada resultaram em uma perda preciosa de tempo e oportunidades de visitação“, comenta.

Sobre o Design apresentado em geral, Roberta nos conta que achou a diversidade fascinante, desde o conceitual até o industrial e em grande escala, refletindo a riqueza da semana de Design de Milão. Porém, segundo ela, a discreta discussão sobre IA lhe chamou a atenção. “Gostaria muito de ouvir mais sobre o assunto. Visto que o design reflete o comportamento da sociedade, é crucial incorporar essa mudança em nossas conversas sobre o futuro do design e compreender como ela influenciará aspectos como conceito, sustentabilidade, artesanato, tecnologia, natureza, artificialidade, entre outros“.

A participação dessas empresas e profissionais brasileiros ao lado das maiores marcas mundiais do setor em Milão, demonstra mais uma vez o posicionamento do setor moveleiro nacional no mercado global, ao mesmo tempo em que destaca todas as particularidades que compõem a identidade brasileira no design do país, conhecido por suas matérias-primas naturais, especialmente madeiras nativas e outros elementos como fibras e cordas, couros, tecidos, lãs e tramas; além de cores orgânicas; práticas sustentáveis e técnicas especiais “Milão é simplesmente inigualável. Cada visita é uma experiência transformadora. A intensidade de informação, energia e inspiração é muito grande“, finaliza Roberta.