IF Design Award 2024 premia o design sustentável

if design award x

Em Berlim, prêmio alemão concede três medalhas de ouro a projetos brasileiros que buscam impacto positivo ao usar o design para melhorar o mundo

 

No último dia 29 ocorreu a cerimônia de entrega dos prêmios do iF Design Award, o mais antigo e importante selo de design independente do mundo, que este ano laureou 71 projetos brasileiros, incluindo três iF Gold Award, troféu máximo da premiação.

Importante destacar que dos três reconhecimentos na categoria ouro, todos tinham a sustentabilidade como linha central de desenvolvimento. Alguns designers brasileiros que foram agraciados com prêmios em outras categorias também focavam no desenvolvimento de ideias promotoras de impactos positivos. Confira abaixo os três destaques iF Gold Award:

 

Escola Campana

o Pharus Design apresentou o projeto de rebranding, ou reformulação, da marca Campana, criada pelos irmãos Humberto e Fernando Campana, estes lendas do design brasileiro. Num momento em que a sustentabilidade ocupa um espaço cada vez maior no processo de criação e desenvolvimento de produtos e marcas, como destacou Cremering em sua fala no evento, o nome Campana aparece como pioneiro e guia desse movimento de promover o design como solução para problemas globais, como as mudanças climáticas e as desigualdades sociais.

Vivi Kano, criativa líder do escritório, destacou como os Campanas trouxeram, ainda na década de 90, conceitos modernos de produção. “Eles diziam que os materiais não eram os objetos, eles ‘estavam’ os objetos. O sentido é que tudo pode ser formulado e reformulado, num processo circular contínuo”, afirmou Kano.

A nova identidade ressalta essas características do trabalho dos irmãos e busca representá-las nas formas, cores e nos elementos tipográficos da marca Campana, e reforça na comunicação o pioneirismo da dupla. O prêmio é também uma homenagem da IF Design a Fernando Campana, que morreu em 2022.

IMG WA
Vivi Kano e Luca Bacchiocchi, do Pharus Design: legado dos Irmãos Campana materializado em formas, cores e tipografias.

 

Design contra mudanças climáticas

o estúdio VCA, de São José dos Campos (SP), uniu o desenho inspirado nas formas da floresta com a tecnologia para criar um sistema de monitoramento de indicadores ambientais voltado à proteção de matas nativas. O trabalho aproveita o ecossistema de produção industrial da cidade, sede da fabricante de aeronaves Embraer, para adicionar funcionalidades e melhorar a usabilidade de bons produtos pensados por engenheiros.

O Treevia Smart Forest é resultado de um trabalho conjunto entre o VCA e a Treevia Technologies, empresa de tecnologia focada em sistemas de monitoramento florestal. Ele aproveita as capacidades de equipamentos simples, utilizados em grande escala nas fazendas de eucalipto, mas adiciona funcionalidades, como sensores, viabilizadas pelo design. Victor Colhado, fundador do VCA, destaca a importância desse tipo de colaboração: “Nós levamos um olhar diferente aos engenheiros, o que nos permite pensar em diferentes usos para uma tecnologia. A chave é ter curiosidade e fazer perguntas”, afirma.

As caixinhas do Smart Forest são instaladas em árvores por meio de uma fita autoajustável, e coletam dados de temperatura, humidade, precipitação etc. O sistema de análise dos dados, criado pela Treevia, conta com uma interface amigável, que facilita a visualização das informações. Colhado também pensou no desenho da caixa que protege os circuitos de forma a reduzir o uso de plástico e facilitar seu manuseio, além, é claro, de ser agradável aos olhos.

IMG WA
Victor Colhado (ao centro) com sua esposa, filha e a equipe do VCA no palco do IF Design: parceria entre engenharia e design para gerar novas ideias.

 

Em memória

O terceiro brasileiro gold da noite traz algumas reflexões de maneira lúdica, tendo como ponto de partida o desastre de Brumadinho. Em 2019, o rompimento de uma barragem da mineradora Vale na cidade mineira deixou um rastro de destruição e causou a morte de 272 pessoas. A empresa foi condenada, e fez uma série de acordos com autoridades que a obriga a indenizar as vítimas. Entre eles, o compromisso de construir um memorial para manter viva a memória da tragédia, um exemplo material dos prejuízos que a negligência corporativa com a responsabilidade socioambiental pode gerar.

O projeto vencedor, assinados pelos escritórios Greco Design e Blackletra e projetado pelo arquiteto Gustavo Penna, propõe uma jornada meditativa por entre flores de ipê em aço, uma para cada vítima, luzes e natureza viva. “É importante, numa sociedade cada vez mais rápida e tecnológica, manter essas conexões com o aspecto transcendental da vida, com o que é sagrado e imaterial”, comenta Gustavo Greco, que assina o design.

IMG WA
Gustavo Greco: memorial para as famílias de Brumadinho propõe uma jornada medidativa entre aço e natureza para manter viva a memória do desastre.

Cofundador do aclamado escritório Furf, Rodrigo Brenner segue a tradição dos Campana de pensar em formas naturais e usar novos materiais. Brenner foi agraciado com o prêmio IF Design, uma categoria abaixo da gold. O projeto apresentado ressignifica a tradição de espalhar as cinzas de entes falecidos no mar, um desejo de muitos. Ele desenvolveu uma urna funerária biodegradável, que se dissolve lentamente na água salgada. É uma forma poética de homenagear os mortos e refletir sobre a fluidez da vida, a inevitabilidade da morte, imaterialidade e materialidade da alma e do corpo.

Batizada de Sale, a urna tem o formato de um barco de papel e sua matéria-prima é obtida a partir do micélio, elemento que, apesar do nome remeter a algum metal do tipo do nióbio, é totalmente orgânico. O micélio é um emaranhado de fibras que dá sustentação e alimenta fungos, como os cogumelos – para quem já cultivou shitake ou shimeji, é a parte branca embaixo da camada de terra. O material foi desenvolvido pela Mush, startup brasileira criada por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná.

 

IMG WA
Rodrigo Brenner (à esq.), Ubiratan Sá (à dir.) e a equipe da Mush: pesquisa científica aliada ao design viabiliza a introdução de novos materiais sustentáveis.

 

No palco do IF Design Awards 2024, Dieter Rams recebeu um reconhecimento especial pela carreira, uma das trajetórias mais influentes do segmento. É a primeira vez que a instituição concede esse tipo de honraria.Pode-se compreender sua relevância ao dizer que muitos produtos da Apple, entre eles o iPod e o iMac, foram inspirados em suas criações.

Rams aproveitou o momento para fazer um pedido. “Façam design para melhorar o mundo”, afirmou, ao receber o prêmio das mãos de Uwe Cremering, CEO da IF Design. Os projetos premiados mostram que os designers, ou ao menos uma parte deles, já levam o conselho de Rams a sério. Especialmente os brasileiros!

 

IMG WA
Dieter Rams, ao centro, recebe o prêmio da IF Design: “Façam design para melhorar o mundo”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Exame
Imagens: Rodrigo Caetano

Prêmio La Fonte de Arquitetura abre inscrições para arquitetos e estudantes

Puador Porta Easy Resize com

Com inscrições abertas, a iniciativa escolherá os melhores projetos de arquitetos e design de interiores

 

Os profissionais e estudantes de arquitetura e design de interiores já podem se inscrever para participar da primeira edição do Prêmio La Fonte que vai escolher os melhores projetos residenciais e não residenciais. Com o tema “Linhas & formas para um novo pertencer“, os participantes terão a chance de concorrer a premiações no valor de até 15 mil reais.

Com inscrições abertas até o dia 20 de outubro de 2024, o concurso contará com a categoria profissional, aberta para escritórios ou profissionais graduados em arquitetura e/ou designs interiores de forma individual ou em equipe, e a categoria universitária, para recém-formados e estudantes dos cursos brasileiros de arquitetura e/ou designs interiores de forma individual ou em equipe com matrícula vigente em 2024.

O júri escolherá entre projetos para residenciais e projetos para outros cenários, como estabelecimentos comerciais, shoppings, hotéis, hospitais, entre outros. Para as categorias profissionais, os projetos vencedores receberão um voucher em viagens no valor de 15 mil reais. Na categoria universitária, os projetos escolhidos ganham um notebook no valor de 8 mil reais, além de troféu e diploma.

“Na última Expo Revestir a coleção de puxadores, maçanetas e dobradiças que a La Fonte apresentou foi inteiramente inspirada no minimalismo brasileiro. Estamos certos de que o alto-nível dos profissionais brasileiros tem muito a acrescentar ao mercado mundial e isso passa pela valorização e divulgação de projetos. O Prêmio La Fonte vem para potencializar novos talentos da arquitetura e design de interiores” – Claudia Lopes, Gerente de Marketing da La Fonte.

A comissão julgadora, formada por arquitetos, designers, jornalistas e personalidades relacionadas à arquitetura e design, avaliará cada projeto em cinco competências: originalidade, inovação, criatividade, design e sofisticação.

Para participar do Prêmio La Fonte é fácil e gratuito. Basta se inscrever pelo site: https://premio.lafonte.com.br

 

Px Lumiere StdCMF CR Easy Resize com

 

 

 

 

Em diálogo visual

RAIZ MSA Easy Resize com

Projeto de residência no interior paulista foca em integração e funcionalidade, favorecendo permeabilidade visual entre os ambientes graças ao uso abundante do vidro

 

Um casal com filho único solicitou aos arquitetos Alexandre Ferraz e Elias Souza, sócios do escritório Raiz Arquitetura, uma residência permeável, integrada, funcional, e que tirasse partido do terreno, um pequeno aclive, para aproveitar a vista para o vale. Implantada em ‘U’, a Residência MSA, localizada no condomínio Terras de São José II, no interior paulista, conta com 1.320,27 m² de área construída.

Visando proporcionar maior privacidade e tranquilidade aos moradores, foram realizados diversos estudos sobre as variações térmicas e climáticas da região a fim de entender a melhor forma possível de otimizar a ventilação natural e a incidência solar ideal nos interiores durante todas as estações.

 

RAIZ MSA Easy Resize com

 

Os usos sociais foram estabelecidos no centro do programa da casa; espaços de lazer, gourmet e cozinha na extremidade mais longa e a fachada de entrada na extremidade mais curta, aproveitando o bloco suspenso no pavimento superior como marquise, bloqueando a incidência solar para quem adentra a casa.

Os interiores do térreo contam com uma ambientação mais leve e integrada, fruto da utilização do elemento do vidro para a criar permeabilidade visual entre os ambientes. No primeiro pavimento, já na entrada, uma ampla sala principal se divide três ambientes: sala de jantar; sala de estar com poltrona e sofá; e espaço para lareira, estruturado em pé direito duplo.

 

RAIZ MSA Easy Resize com

RAIZ MSA Easy Resize com

 

A cozinha da residência se destaca pela presença de uma ilha central e portas de correr, que possibilitam o isolamento e a conexão com os usos sociais e o espaço gourmet. O térreo ainda conta com um lavabo de apoio, sala de TV e um escritório, que se integra visualmente à caixa envidraçada do jardim de inverno. Um elevador conecta o pavimento à garagem no subsolo.

 

RAIZ MSA Easy Resize com

RAIZ MSA Easy Resize com

RAIZ MSA Easy Resize com

RAIZ MSA Easy Resize com

 

Uma escada, feita totalmente em madeira cumaru, dá acesso aos usos privativos no pavimento superior. O andar conta com 6 dormitórios, sendo duas suítes master para os moradores. A suíte do casal está localizada na menor extremidade e tem parte do revestimento externo feito em madeira ripada, que traz privacidade ao mesmo tempo em que camufla uma das janelas laterais. Esse ambiente ainda conta com um banheiro privativo, que pode se integrar visualmente ao quarto através de caixilhos de vidro.

 

RAIZ MSA Easy Resize com

RAIZ MSA Easy Resize com

RAIZ MSA Easy Resize com

 

O posicionamento em uma cota mais alta do terreno foi essencial para garantir maior privacidade aos usuários durante os usos de lazer da residência, que também conta com uma prainha, sauna e um SPA para 6 pessoas. Foi posicionada em frente ao “U” uma piscina com borda infinita, margeando a pele de vidro que revestem parte do ambiente da sala, possibilitando a vista dos interiores para a região do vale.

 

RAIZ MSA Easy Resize com

RAIZ MSA Easy Resize com

RAIZ MSA Easy Resize com

 

 

 

 

 

 

 

Por Redação
Imagens: Leonardo Giantomasi

 

 

 

 

Impressão 3D não-planar facilita formas fluidas e curvaturas

fluid forms () Easy Resize com

Impressão 3D não planar melhora a precisão e a qualidade de superfície em áreas de alta curvatura, além de reduzir a necessidade de suporte sacrificial e impulsionar a economia de material

 

A impressão 3D tem sido caracterizada pela construção de objetos através da deposição horizontal de material, camada por camada, algo que ainda restringe a fabricação de elementos e limita a forma dos primeiros protótipos dentro da faixa que permite a adição de material em uma única direção, dificultando a criação de formas complexas com curvas suaves.

No entanto, a equipe da disciplina de Tecnologias de Construção Digital na ETH Zurique – integrando design computacional, fabricação digital e novos materiais – tem explorado um método de fabricação aditiva robótica não planar, que facilita a impressão de estruturas finas com dupla curvatura.

 

fluid forms Easy Resize com

fluid forms () Easy Resize com

 

Para testar a impressão 3D robótica não planar, a equipe criou ‘Fluid Forms‘, uma concha de 2 metros de altura e 140 cm de largura, composta de plástico PETG translúcido misturado com tons de azul e prata. Durante o processo de fabricação de quase 3 semanas, o braço robótico seguiu caminhos de impressão não planares em um design inspirado pela superfície mínima de Costa. Esta família de formas minimiza a área para um limite dado, resultando em uma geometria com propriedades estruturais notáveis. O protótipo é então materializado através de caminhos de impressão alinhados com suas principais direções de curvatura.

 

 

fluid forms () Easy Resize com

 

A estrutura de 40 peças e 120 quilogramas foi montada através de um método seco usando parafusos para facilitar sua desmontagem e reutilização de suas partes uma vez que a vida útil do projeto tenha acabado. “A orientação do caminho de impressão é controlada através de um método de otimização de campo vetorial que foi ajustado para as necessidades e restrições específicas da impressão 3D não planar. Para aumentar a rigidez da estrutura, são introduzidas ondulações que são ortogonais à direção de impressão”, explica a equipe.

 

creating fluid double curved shapes through non planar d printing Easy Resize com

 

Esses avanços não apenas maximizam a agilidade da fabricação robótica para alcançar maior produtividade e eficiência, mas também revelam mais explicitamente a lógica da geometria que suporta o elemento final, descobrindo uma camada oculta de informação. “A forma permite olhares surpreendentes enquanto se caminha ao redor, às vezes assumindo o papel de uma fronteira opaca e às vezes de uma cortina transparente. Com isso, oferece uma perspectiva sobre uma arquitetura que borra as fronteiras entre dentro e fora e está cheia de cores e surpresas,” acrescentam.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Archdaily- Eduardo Souza (Tradução)
Imagens:  Dominik Vogel, Andrei Jipa

 

Arranha-céu de madeira pretende ser o mais alto do mundo

perth australia tallest timber building

Carbono negativo, estima-se que 42% do edifício de 50 andares será construído em madeira e contará com mais de 200 apartamentos

 

O Painel de Avaliação de Desenvolvimento Conjunto do Metrô Interior-Sul (JDAP) de Perth aprovou a proposta da Grange Development para um arranha-céu, atualmente apelidado de edifício C6, que teria quase o dobro da altura do atual detentor do recorde de edifício de madeira mais alto do mundo. Os desenvolvedores afirmam que 42% da torre de de 191,2 metros de altura proposta será construída em madeira, com colunas e núcleo em concreto armado.

O arranha-céu ultrapassará o edifício híbrido de madeira e concreto mais alto do mundo, a torre Ascent, em Milwaukee, no Wisconsin, EUA, que tem 25 andares ou 86 metros, de acordo com o Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano. A estrutura proposta, localizada na Charles Street, em South Perth, também será mais alta do que a futura sede da Atlassian híbrida em madeira em Sydney, que está prestes a reivindicar o recorde da Ascent, mas ainda não foi concluída. Assim como a Atlassian, a proposta torre C6 combinará vigas de madeira laminada com um exoesqueleto de aço para suportar a estrutura.

 

perth australia tallest timber building
Edifício de madeira terá 50 andares e mais de 200 apartamentos na Austrália.

 

De acordo com a Grange Development, a torre de 50 andares conterá mais de 200 apartamentos e será o primeiro edifício residencial carbono negativo da Austrália Ocidental, utilizarando 7.400 metros cúbicos de madeira colhida de 600 árvores. Além de usar madeira, o plano de Grange também inclui recursos verdes, como um jardim na cobertura, uma fazenda urbana e acesso dos residentes a 80 novos Tesla Model 3 totalmente elétricos.

“Não podemos cultivar concreto. Nossa aspiração com o C6 é mudar o foco para uma abordagem mais consciente do clima. um novo projeto de código aberto que utiliza metodologia de construção híbrida para compensar o carbono em nosso ambiente construído, que é o maior contribuinte para as mudanças climáticas” – James Dibble, diretor da Grange Development.

 

perth australia tallest timber building
Representação artística de um apartamento na torre C6.

 

A obra é uma oportunidade de afirmar uma preocupação genuína tanto com a crise climática mundial. Philip Oldfield, professor associado de arquitetura e chefe da Escola de Ambiente Construído da Universidade de Nova Gales do Sul, esclarece que, do ponto de vista ambiental, o projeto tem “fortes credenciais”. “Normalmente construímos edifícios altos de aço e concreto. O cimento é responsável por 8% de todas as emissões de CO2. Portanto, ao substituir o concreto e o aço por um biomaterial como a madeira, o impacto ambiental do edifício será bastante reduzido”, pontua Oldfield.

Por outro lado, o professor afirma que única maneira de ser carbono negativo seria se o edifício armazenasse mais carbono na madeira do que foi liberado (pelos) outros materiais. “Isso pode ser possível, mas sempre será temporário. Mas no geral, acho que é um grande avanço”, finaliza.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: CNN
Imagens: Grange Development

 

 

 

 

 

 

 

O grafite que ganha as ruas e o lambe-lambe que ganha as casas

Easy Resize com ()

O emblemático lambe-lambe — tipo de cartaz que desde o século XIX é pregado nos muros e postes das ruas como forma de expressão artística, política e cultural – vem sendo escolha para décor de interiores

 

Nos últimos anos, é de se observar uma fascinante transformação: a valorização da arte de rua no Brasil, uma forma de expressão cultural há muito tempo subestimada e marginalizada. O mais interessante é que essa mudança não se limita às ruas das cidades, mas também foi incorporada no design de interiores, seja nas casas, lojas ou escritórios das pessoas, trazendo consigo a essência vibrante e autêntica da arte urbana.

As cidades estão mais coloridas. Projetos de grafite dentro e fora das capitais têm desempenhado um papel fundamental na valorização e legitimação da arte de rua e da cultura Hip Hop como um todo. Essas iniciativas transformam a paisagem urbana, promovem o diálogo cultural, a inclusão social e o empoderamento das comunidades locais ao gerar oportunidades de trabalho para os grafiteiros e democratizar o acesso à arte, promovendo sua apreciação pública.

 

Easy Resize com ()

Easy Resize com ()

 

Se antes São Paulo (SP) era a única referência em grafite no Brasil, hoje outras cidades se destacam nesse campo. Belo Horizonte (MG), por exemplo, se tornou um grande pólo da arte de rua na última década. Para uma capital nascida de um projeto urbanístico de inspiração europeia, com uma educação apegada ao barroco mineiro e o modernismo de Niemeyer, é impressionante que em um intervalo tão curto de tempo a cidade tenha se pintado da arte de origem afro-americana que surgiu contestando o status quo.

Esse novo cenário urbano, aos poucos, molda o olhar das pessoas: oferece um novo repertório estético e cultural, diversifica as referências artísticas e amplia o que se entende por arte. Torna-se natural, então, incluir essas novas referências e narrativas nos espaços da nossa identidade.

 

Easy Resize com ()

 

Uma das manifestações mais emblemáticas dessa tendência é o lambe-lambe — tipo de cartaz que desde o século XIX é pregado nos muros e postes das ruas como forma de expressão artística, política e cultural — que agora encontra uma nova função dentro da vida das pessoas, sendo usado para dar mais personalidade e originalidade aos ambientes.

A decoração de interiores ganha nova vida com a adesão do lambe-lambe. Artistas locais e trabalhos 100% autorais estão nos conectando mais profundamente com a nossa brasilidade. É possível encontrar trabalhos que partem de elementos da natureza tropical e símbolos culturais do país, em uma verdadeira celebração da diversidade e das riquezas naturais.

 

ColecaoSertoesColado CreditoEstudioColado Easy Resize com

ColecaoCordel CreditoEstudioColado Easy Resize com

ColecaoBrasilidadesColado CreditoEstudioColado Easy Resize com

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por: Paula Mesquita Lage*,  produtora-executiva do Fábrica de Graffiti, projeto itinerante que humaniza distritos industriais no Brasil por meio da pintura de painéis de grafite e da oferta de oficinas de arte-educação em escolas públicas. Ela também é fundadora da Colado܂art, estúdio de lambe-lambe que produz estampas a partir de obras autorais de artistas visuais parceiros.

Imagens: Fábrica de Graffiti e Colado܂art

 

MASP anuncia maior projeto de preservação do histórico edifício de Lina Bo Bardi

DJI Easy Resize com

Ícone da arquitetura moderna brasileira recebe intervenções de restauro nos pórticos vermelhos e no vão livre com patrocínio da AkzoNobel

 

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand anuncia uma importante etapa do projeto de preservação do histórico Edifício Lina Bo Bardi com a realização do restauro e da repintura dos pilares e vigas externas, assim como da laje de cobertura do vão livre – ambas estruturas que apresentam desgastes significativos causados pela ação do tempo e pela exposição às intempéries. “É a primeira vez que essas estruturas passam por um processo que leva em consideração critérios e parâmetros de restauro e preservação do patrimônio histórico. Nós assumimos o compromisso de aplicar metodologias científicas em todas as etapas, mantendo um rigor técnico que será também aplicado durante a obra no vão livre”, explica Miriam Elwing, gerente de Projetos e Arquitetura, MASP.

O restauro dos pórticos conta com o apoio dos patrocinadores master AkzoNobel e Citi. Para recuperar a cor vermelha, que chegou aos pórticos em 1990 para proteger a estrutura de concreto e foi uma escolha da arquiteta Lina Bo Bardi, a AkzoNobel desenvolveu um sistema de pintura de alto desempenho que garante resistência e durabilidade, respeitando a qualidade estética do simbólico vermelho do MASP. “Participar desse projeto é participar da renovação de um símbolo da arte e da cultura no Brasil. Ao renovar suas cores e proteger suas estruturas, estamos dando a nossa contribuição para que o museu possa continuar existindo em seu melhor estado para receber seus visitantes”, comenta Giuliano Tramontini, gerente comercial – Revestimentos Marítimos, de Proteção e para Iates na América Latina da AkzoNobel.

 

DJI Easy Resize com

 

 

 

 

A inovação dos produtos aplicados na obra proporciona um maior espaço de tempo para a manutenção da pintura, preservando as cores características do MASP. Para manter a identidade colorimétrica, a AkzoNobel teve o suporte do seu time de coloristas para alcançar o padrão da cor original. A tonalidade foi batizada como Interfine 878 Vermelho MASP.

 

International Tin Easy Resize com

 

AVANÇADAS METODOLOGIAS DE PRESERVAÇÃO E RESTAURO

O MASP tem atuado de forma comprometida com a aplicação das mais avançadas metodologias do campo de preservação, restauro e recuperação estrutural, respeitando a magnitude histórica do seu edifício. Para reparar o concreto armado dos pórticos, são utilizados dois produtos químicos de nanotecnologia que atuam diretamente nos aços da estrutura. O primeiro elimina a ferrugem comprometida e o segundo cria uma proteção para evitar futuras corrosões – os produtos agem de forma não invasiva, sem a necessidade de expor as barras completamente. Para acompanhar e se antecipar a potenciais adversidades, foram instalados sensores de monitoramento em estruturas.

Após solucionar os problemas do aço, é feita a recomposição do concreto nos pontos que ele foi retirado. Com a finalidade de evitar uma aparência desigual com as intervenções, foram desenvolvidas argamassas com diferentes pigmentações, para se adequar às cores existentes no concreto do MASP, que, com o passar do tempo, desenvolveu colorações específicas.

Por último, para aplicar novamente a cor vermelha característica do MASP, a AkzoNobel desenvolveu um sistema de pintura que conta com tecnologia de ponta e oferece extrema resistência com a finalidade de estender a vida útil da renovação. Todos os testes foram acompanhados e aprovados pelo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, órgão que avaliou tecnicamente e aprovou as soluções apresentadas para a necessidade da construção.

Desde 2015, com a retomada dos cavaletes de cristal e concreto projetados por Lina Bo Bardi, como suporte para as obras, a instituição está desenvolvendo um extenso projeto de preservação do patrimônio histórico com o objetivo de recuperar os conceitos originais da construção e realizar adequações necessárias para acolher as demandas contemporâneas. Inaugurado em 1968, o edifício é um dos mais importantes legados da arquiteta e sua visão de mundo norteia a gestão do MASP, que entende o edifício como parte da identidade e memória da sociedade. Conservá-lo garante modos de compreensão da história e, consequentemente, dos valores que a projetam para o futuro.

O plano de preservação do MASP tem como propósito entregar para a cidade e o país o histórico Edifício Lina Bo Bardi restaurado junto ao projeto de expansão, que consiste em um novo edifício nomeado Pietro Maria Bardi – com 14 andares ocupados por cinco galerias expositivas e duas galerias multiuso, ampliando a área expositiva do museu em 66%. Com a união dos dois prédios, o MASP irá oferecer uma estrutura ampliada para exposições, programas educativos e serviços de restauro de obras, possibilitando ao público maior acesso à cultura.

 

PRESERVAÇÃO DO EDIFÍCIO LINA BO BARDI NA ÚLTIMA DÉCADA

O projeto de restauro dos pórticos iniciou-se com uma pesquisa histórica e um levantamento documental sobre a estrutura do edifício acerca de todas as intervenções implementadas em seus pilares e vigas, desde a sua construção até o período atual. Visando a conservação e preservação da materialidade da estrutura de concreto, foram elaborados testes de campo para a definição dos procedimentos de remoção da pintura existente e de recuperação do concreto, de forma a preservar a sua textura e coloração. Diversos testes também foram feitos para retomar a cor vermelha dos pórticos.

Como parte do conjunto de ações do plano de preservação do edifício, também serão realizados serviços de manutenção e conservação na laje que cobre o vão livre. Essa etapa inclui a limpeza da laje, mapeamento de patologias e testes de recuperação e restauro do concreto armado. As intervenções atendem às crescentes e múltiplas demandas de ocupação do edifício e serão executadas de forma gradual para minimizar o impacto da operação do museu e não comprometer o acesso do público ao espaço. Durante o período de obras, será instalado um tapume no vão por medidas de segurança. Futuramente, a instituição irá realizar o restauro dos bancos, a instalação de guarda corpo de segurança, o refazimento de impermeabilização dos espelhos d’água, das jardineiras e do piso, além da adequação às normas de acessibilidade.

A primeira intervenção se deu com a retirada das divisórias de gesso do 2º andar, retomando os cavaletes de cristal e concreto, projetados por Lina Bo Bardi, como suporte para as obras. Entre 2016 e 2022, o edifício foi adequado às normas de segurança contra incêndio, com mudanças relevantes sem comprometer as características que conferem significância cultural ao edifício. Também foram executados projetos para transformações espaciais nos 1° e 2° subsolos, substituição dos elevadores, reforma do grande auditório adaptado às normas de acessibilidade e a instalação de um novo sistema de iluminação dos pórticos. “A administração atual do MASP, em colaboração com as empresas parceiras e patrocinadores, está dedicando todos os esforços para preservar e honrar o legado do Edifício Lina Bo Bardi, de imensa importância para a cidade e todo o país”, pontua Heitor Martins, diretor-presidente, MASP.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Imagens: Pedro Truffi

 

Refúgio aconchegante

anuário arq laura costa comercial () Easy Resize com

Em projeto concebido para proporcionar acolhimento e aconchego, porcelanatos transformam a loja de chocolates Divine

 

Cada vez mais, os consumidores procuram por experiências que vão além de simples produtos e serviços de qualidade. Foi com essa mentalidade que a Divine Chocolates e Café, situada em Encantado, Rio Grande do Sul, criou um novo espaço projetado para envolver os sentidos dos consumidores. Laura Costa Fraporti, responsável pelo projeto, relata que a obra demandava algo verdadeiramente único: “Quando começamos o processo criativo do projeto, levamos isso em consideração e nosso foco principal foi proporcionar experiências a todos que frequentam o espaço, sejam clientes ou funcionários”, pontua Laura.

O estilo arquitetônico do ambiente é clássico, evidenciado pelos móveis provençais, pela presença da madeira, do veludo e o uso pontual da cor dourada em alguns detalhes. Laura comenta que a ideia foi criar diferentes espaços que ofereçam experiências e sensações aos visitantes; uma barra de chocolate gigante, uma cascata de café e salas temáticas foram os principais destaques.

 

anuário arq laura costa comercial () Easy Resize com
“Buscávamos por produtos de qualidade, resistentes e esteticamente alinhados ao conceito da Divine. Por essa razão, optamos pelos porcelanatos da coleção Copan Fendi Natural, Bali Jatobá Natural, Ibirapuera e o Madero Jatobá da Villagres, distribuídos por todo o projeto”, comenta Laura Costa Fraporti, responsável pelo projeto.

 

Cada sala remete a um país. “Criamos a sala Dubai, país em que a marca Divine importa o chocolate, salas África, Ásia e Europa. De verdade, foi um projeto diferenciado onde é possível oferecer a oportunidade de viver a  experiência de comer um chocolate e tomar um café, desfrutando de um ambiente, pensado cuidadosamente em todos os detalhes, desde o desenho do piso até o detalhe do puxador, do aroma ao barulhinho de água escorrendo na cascata, do aconchego provocado pelos tons quentes ao visual detalhado e personalizado com a marca Divine”, pontua a arquiteta.

 

anuário arq laura costa comercial () Easy Resize com

anuário arq laura costa comercial extras () Easy Resize com

anuário arq laura costa comercial () Easy Resize com

 

Na área interna, o piso foi usado de forma estratégica na área demarcada de fluxo e pontos de destaque da loja. De acordo com a arquiteta, a referência da madeira tanto nos móveis como no piso foi planejada para oferecer acolhimento e harmonia.

 

laura costa divine (parte b) () Easy Resize com
Na área externa de aproximadamente 300 m², a intenção foi criar a sensação de um deck tradicional, mas com o uso do porcelanato que reproduz a aparência da madeira e possui acabamento próprio para áreas externas, já que o espaço é aberto e fica sujeito à chuva.