Primeiro lote de obras concluídas começa a ser entregue às famílias em setembro, serão 30 banheiros construídos no município.
Nesta quinta-feira (15), o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS), o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB RS) – Núcleo Caxias do Sul e o Ministério Público do Estado (MP/RS) participaram da entrega oficial do primeiro lote de unidades sanitárias a famílias de baixa renda contempladas pelo programa Nenhuma Casa sem Banheiro no município de Caxias do Sul.
Dos dois banheiros finalizados, um foi visitado pela equipe, o de Franciele Souza, que mora com mais cinco pessoas, no bairro Mariani. “A gente dava banho nas crianças e corria vento, porque era tudo aberto. O vaso não tinha descarga e agora tem. Tudo melhorou”, conta. Em seguida, o grupo foi conhecer a obra recém iniciada na casa de Luceni Pedroso. Seu banheiro passará por uma ampliação e adaptação para uso e circulação de cadeira de rodas, proporcionando mais qualidade de vida para ela e seu filho Jeferson, que possui deficiência físico-motora. “Poder entrar debaixo do chuveiro com a cadeira de rodas para dar banho no meu filho vai fazer muita diferença na nossa vida”, celebra.
Na cidade, o programa criado pelo CAU/RS foi possível a partir de uma parceria entre o IAB, que assumiu a coordenação dos projetos junto aos arquitetos e urbanistas responsáveis, a Prefeitura Municipal, que indicou as 30 famílias a serem beneficiadas, e o Ministério Público, que destinou R$ 400 mil para a execução dos projetos.
Franciele Souza com a equipe do CAU/RS, IAB RS, MP/RS e arquiteta responsável pela execução do projeto em visita à sua casa e ao banheiro entregue à família.
O Promotor de Justiça do MP/RS, Adrio Rafael Paula Gelatti, acredita na relevância e impacto social do programa. “O Ministério Público passou, então, a fazer a captação de recursos por meio de Termos de Ajustamento de Conduta e condenações por dano moral coletivo de Ações Civis Públicas e a redirecionar esses valores para o projeto”, após delimitar as diretrizes para sua realização na cidade, explica.
O arquiteto e urbanista Maurício Rossini dos Santos coordena a execução do Nenhuma Casa sem Banheiro em Caxias do Sul e explica que a verba destinada ao programa volta para a cidade, pois se procura trabalhar com mão de obra e comércio local, além de banco de materiais. Dentro do possível, as famílias também fazem parte das decisões.
“O entendimento que a gente tem é que, além das particularidades de cada banheiro, cada família tem uma história e uma projeção do que essa edificação vai ser. A riqueza do trabalho é essa, que seja um traço de identidade” – Maurício Rossini dos Santos
Manuela Rettore é arquiteta e urbanista responsável pela execução de três unidades sanitárias e acompanhou a equipe na visita às famílias. “É uma satisfação muito grande fazer parte desse processo, porque vai muito além do programa do CAU/RS. É toda a discussão sobre ATHIS, tudo o que foi feito até aqui para a gente poder entregar esses banheiros hoje”, salienta, reforçando o histórico do fortalecimento de políticas de habitação no Brasil.
O presidente do CAU/RS, Tiago Holzmann da Silva, comenta que os arranjos institucionais costumam ser a etapa mais demorada e destaca a relevância da parceria com o MP/RS, que abraçou o programa no município. “Nós estamos muito felizes por poder entregar os primeiros banheiros, ou seja, atingir efetivamente o objetivo que é oferecer a melhora da qualidade de vida a essas famílias por meio do trabalho de arquitetos e urbanistas”.
Também estiveram presentes na visita às famílias o conselheiro Rafael Ártico, o Chefe de Gabinete Paulo Soares e a Assessora Técnica do Gabinete de ATHIS Sandra Becker.
Prêmio de US$ 3 milhões atrai 4.538 inscrições de 152 países. Alto número de inscrições reflete a necessidade de sistemas mais resilientes em resposta aos crescentes impactos das mudanças climáticas globais.
Após uma fase bem-sucedida de inscrições de 4 meses, o Prêmio Zayed de Sustentabilidade, prêmio global pioneiro dos Emirados Árabes Unidos por reconhecer a excelência em sustentabilidade, encerrou oficialmente as inscrições para o ciclo de 2023. Mais de 4.500 inscrições foram recebidas nas cinco categorias do Prêmio de Saúde, Alimentação, Energia, Água e Ensino Médio Global, de um recorde de 152 países, demonstrando o crescente alcance e impacto global do Prêmio.
Os vencedores do Prêmio Zayed de Sustentabilidade serão anunciados na Cerimônia de Premiação que será realizada em 16 de janeiro de 2023 como parte da Semana de Sustentabilidade de Abu Dhabi. O Prêmio testemunhou um aumento de 13% nas inscrições em relação ao ano passado de pequenas e médias empresas (PMEs), organizações sem fins lucrativos e escolas de ensino médio. O total de submissões de PMEs aumentou em todas as categorias, ressaltando uma tendência crescente de que as PMEs estão colocando a sustentabilidade no topo de sua agenda.
“Nos últimos 14 anos, o Prêmio Zayed de Sustentabilidade tem incentivado soluções práticas para desafios globais que geram impacto tangível ao nível comunitário mundial. Inspirado pelo compromisso com o desenvolvimento sustentável e o legado humanitário do Sheikh Zayed bin Sultan Al Nahyan, até o momento, o Prêmio melhorou a vida de 370 milhões de pessoas em 151 países. Este ano, vimos inscrições de um número recorde de países em todas as categorias, desde saúde, alimentação, energia, água e ensino médio global. Estou animado para ver quais soluções criativas os candidatos deste ano trarão para a mesa, principalmente porque os Emirados Árabes Unidos se preparam para sediar a COP 28 no próximo ano.” – H.E Dr. Sultan Ahmed Al Jaber, Ministro da Indústria e Tecnologia Avançada dos Emirados Árabes Unidos e Diretor Geral do Prêmio.
As inscrições deste ano foram mais diversas do que nunca, revelando o impacto das mudanças climáticas em todos os países em todos os continentes e refletindo uma crescente conscientização de que a ação climática urgente é fundamental para atingir as metas globais de carbono zero até meados do século.
Mais inscrições recebidas este ano vieram de países em desenvolvimento da África Subsaariana, Sul da Ásia, Leste Asiático, América Latina, Oriente Médio e Norte da África, o que é uma importante indicação da crescente participação dos países em desenvolvimento na luta contra as mudanças climáticas.
Os países que mais enviaram foram Quênia, Índia, China, Egito, Brasil e os Estados Unidos. Ao receber inscrições de uma ampla variedade geográfica, o prêmio está mais bem equipado para cumprir sua missão de impulsionar o desenvolvimento sustentável e humanitário, impactante, inovador e inspirador em todo o mundo. As categorias Alimentos (1.426) e Saúde (946) atraíram o maior número de inscrições, seguidas por Energia (736) e Água (601), enquanto a categoria ensino médio global recebeu 829 inscrições.
Na categoria Alimentos, que recebeu um aumento de quase 20% nas inscrições em relação ao ano passado, muitas inscrições apresentaram soluções destinadas a alcançar a produção sustentável de alimentos para enfrentar a crescente insegurança alimentar e desnutrição em um mundo ameaçado pelas mudanças climáticas.
Na categoria Saúde, várias entradas abordam as fragilidades dos sistemas de saúde expostos pela pandemia de Covid-19 e oferecem soluções que fornecem serviços de saúde mais resilientes, inclusivos, acessíveis e sustentáveis às pessoas mais necessitadas.
Na categoria Energia, o Prêmio recebeu inúmeras inscrições focadas em melhorar o acesso à energia sustentável em comunidades vulneráveis, apoiar o Objetivo 7 do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, energia acessível e limpa para todos e impulsionar a transição energética de baixo carbono.
Por fim, na categoria Água, várias inscrições ofereciam soluções destinadas a abordar os desafios de produção de água limpa, mudanças climáticas e gestão de recursos hídricos enfrentados em todo o mundo e, particularmente, em países em desenvolvimento.
O número de inscrições recebidas do ensino médio cresceu 55% em relação ao ano passado, o que é especialmente encorajador e uma prova da crescente conscientização dos jovens sobre os desafios e riscos apresentados pela crise climática e sobre a oportunidade de liderar o desenvolvimento sustentável. As inscrições, na categoria ensino médio global, propuseram soluções de gerenciamento de resíduos, sistemas de energia limpa e sistemas alimentares como hidroponia e aquaponia, refletindo o pensamento inovador dos alunos e a consideração cuidadosa dos projetos mais adequados para suas comunidades locais.
Após o encerramento das inscrições, o Prêmio entra agora na fase de avaliação. Todas as inscrições serão agora selecionadas por uma consultoria independente de pesquisa e análise. Um Comitê de Seleção, composto por especialistas do setor de renome mundial, avaliará as inscrições qualificadas e selecionará os candidatos. A terceira e última instância do processo de avaliação é o Júri, que se reunirá em outubro, para eleger por unanimidade os vencedores de cada categoria.
Desde o seu lançamento em 2008, o Prêmio de US$ 3 milhões transformou, direta e indiretamente, a vida de mais de 370 milhões de pessoas em todo o mundo. Seu impacto global continua a crescer, pois catalisa ainda mais o alcance humanitário e o desenvolvimento sustentável. Cada vencedor nas categorias de saúde, alimento, energia e água, recebe US$ 600.000 para expandir o escopo e a escala de sua(s) solução(ões) de sustentabilidade, enquanto a categoria ensino médio global tem seis vencedores, representando seis regiões do mundo, com cada vencedor recebendo até para US$ 100.000.
O executivo ganhou destaque ao liderar o seu negócio de grande impacto em terras brasileiras, que coloca o bem-estar das pessoas acima do lucro
Giovanni Savio, co-fundador da Planet Smart City – que idealizou e construiu três cidades inteligentes e inclusivas em terras brasileiras, foi destaque na Forbes Italiana como um dos 100 empresários e gerentes italianos que estão liderando seus negócios com a visão de grandes líderes, levando em conta o momento delicado pelo qual a sociedade atravessa.
Fundada em 2015, a proptech possui escritório no Brasil e em diferentes países. Foi Savio quem implantou a Planet no Brasil junto com Susanna Marchionni que coordena as operações no País. A Smart City Laguna, que é a primeira cidade inteligente brasileira, foi construída do zero – da infraestrutura ao aplicativo em uma área de 330 hectares, que é semelhante a um “condomínio aberto” de grandes proporções – ou uma pequena cidade, com capacidade de abrigar até 25 mil moradores quando estiver completamente pronta.
O projeto que combina planejamento sustentável, conectado e colaborativo foi idealizado para acolher diferentes classes sociais, incentivando o senso de comunidade a partir do compartilhamento de espaços públicos e de serviços disponíveis, pensados para melhorar a qualidade de vida dos moradores. O executivo comenta sobre a importância de ter investido em digitalização para oferecer um projeto que é único e em um lugar onde a habitação de qualidade é um privilégio para poucos.
“A Smart City Laguna foi o nosso primeiro projeto que o público entendeu e confiou. A chegada inesperada da pandemia fez com que a nossa equipe e outras empresas buscassem por recursos tecnológicos para conectar a sociedade durante o isolamento social. O momento delicado só mostrou a importância de continuar investindo cada vez mais em tecnologia e na digitalização de serviços e projetos voltados para o mercado imobiliário que muitas vezes é deixado de lado” – Giovanni Savio, co-fundador da Planet Smart City.
A empresa proptech Planet Smart City projeta e constrói cidades e bairros inteligentes inclusivos, que fornecem mais do que apenas residências e melhora a qualidade de vida de seus moradores, aplicando sua experiência em integração de soluções inteligentes, tecnologias digitais, serviços e inovação social. O grupo fundado em 2015 pelos especialistas imobiliários italianos Giovanni Savio e Susanna Marchionni é líder global em Cidades Inteligentes Inclusivas, e tem sede em Londres, com escritórios na Itália, Brasil, Reino Unido e India. A Planet está executando um plano de expansão que inclui o lançamento de 30 projetos no mundo até 2023.
A proposta única da Planet se tornou realidade no Brasil, onde estão sendo construídos projetos horizontais – Smart City Laguna (CE), Smart City Natal (RN), Smart City Aquiraz (CE) – e verticais na cidade de São Paulo, com mais de 2.500 apartamentos com o parceiro local InLoop com a marca Viva!Smart.
Os cursos abordam adaptações de projetos de construção civil, mobiliário urbano, calçadas e sinalização visual, sonora e tátil para pessoas com deficiência
A ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, divulga três cursos online sobre acessibilidade voltados para as áreas de construção civil e gestão pública e pessoas que se interessem pelo tema. As próximas turmas acontecem durante os meses de abril, maio e junho. As aulas acontecem pela plataforma Zoom. O link de acesso para as aulas e a versão digitalizada do material didático são fornecidos no e-mail de confirmação do curso.
Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos – Interpretação da ABNT NBR 9050:2020
O curso busca qualificar os profissionais quanto ao planejamento de ambientes acessíveis para pessoas com deficiência a partir dos princípios do Desenho Universal, das normas ABNT e da legislação federal – que prevê a acessibilidade dos ambientes para todos. É voltado para arquitetos, engenheiros civis, técnicos em edificação e segurança, profissionais das áreas de construção, projetos e gestão pública e privada. A próxima turma está prevista para os dias 13 a 23 de abril no período da tarde, entre às 14h e 18h.
Acessibilidade para comunicação e sinalização visual, tátil e sonora, conforme as normas da ABNT
Direcionado para profissionais da área de projetos, construções e gestão pública, o curso procura preparar os profissionais para desenvolverem projetos com base no princípio do Desenho Universal considerando as diversas condições de percepção e cognição de um usuário em potencial. As aulas acontecerão do dia 25 de maio a 1º de junho, das 14h às 18h.
Calçadas Acessíveis para todas as pessoas – Como Assegurar Mobilidade Ativa em Atendimento as Normas da ABNT
Voltado para arquitetos, construtores, engenheiros, gestores e urbanistas, o curso aborda a importância do conforto e segurança na mobilidade ativa a pé, em cadeira de rodas, andadores, scooters e carrinhos de bebê previstos na NBR 12255, incluindo questões relacionadas a travessias, sinalização visual e tátil. As aulas serão realizadas do dia 14 a 18 de junho, das 14h às 18h.
Para mais informações e realização da inscrição, entrar em contato no e-mail cursos@abnt.org.br.
Propostas podem ser enviadas até 31 de agosto. Participe!
O Edital de Chamamento Público 01/2021 lançado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) disponibiliza R$ 259.236,00 – divididos em cotas de até R$ 40.000,00 por proposta – para patrocinar projetos relevantes para o desenvolvimento da Arquitetura e Urbanismo no Rio Grande do Sul!
Podem participar entidades exclusivas de arquitetos e urbanistas ou com instâncias deliberativas compostas exclusivamente por arquitetos e urbanistas, com sede e atividade no Rio Grande do Sul. As propostas, planos de trabalho e documentos para habilitação jurídica deverão ser enviados até dia 31 de agosto, para o e-mail parcerias@caurs.gov.br.
Com a realização de editais para a sociedade civil e entidades, o CAU/RS ajuda a financiar ações de valorização e divulgação da Arquitetura e Urbanismo! Nos três anos da gestão anterior (2018-2020), os editais de Patrocínio e Apoio foram responsáveis pela concretização de 84 iniciativas, realizadas por cerca de 22 entidades. Ações que contribuíram para promover e ampliar o conhecimento sobre a profissão em todo o Rio Grande do Sul. E o trabalho para que esse número seja cada vez maior segue firme: a cada ano, o CAU/RS busca aperfeiçoar ainda mais os processos de divulgação e execução de editais, para que todas as etapas sejam mais ágeis e menos burocráticas.
A importância de um bom planejamento urbano para lidar com as abundantes chuvas de verão.
Durante longo período, a estratégia da engenharia fluvial e hidráulica esteve focada em retificar o leito dos rios e córregos para que suas vazões fossem dirigidas pelo caminho mais curto e com a maior velocidade de escoamento possível, visando ganhar novas terras para a agricultura, novas áreas para a urbanização e minimizar os efeitos locais das cheias. E apesar de ser natural o ser humano estabelecer sua morada próximo a cursos d’água, construir cidades sob essa concepção gerou consequências negligenciáveis, principalmente à nível de planejamento: a variedade de biota é reduzida de uma maneira alarmante e as cheias hoje causam prejuízos cada vez maiores, por vezes irreversíveis.
Quando o curso hídrico atinge sua capacidade máxima de água ela começa a vazar e, sem a devida área de preservação nas margens, escorre sem controle. A ausência de infraestrutura urbana para a adequada coleta e direcionamento da água da chuva pode acarretar diversos danos para as áreas atingidas que vão além de um simples alagamento, como erosões em áreas desprotegidas e terrenos íngremes, assoreamento de corpos hídricos e problemas estruturais nos pavimentos, além de deslizamentos de terra e graves inundações.
Nas cidades, a impermeabilização do solo, que é provocada tanto pelas construções de casas, comércios ou indústrias quanto pela pavimentação de ruas e calçadas, eleva o escoamento superficial durante o período chuvoso, que natural ou artificialmente flui para a parte mais baixa que são os córregos e rios. Por vezes, no processo de escoamento, a água não é direcionada da maneira correta para os corpos d’água, o que faz com que ela chegue com muita energia, destruindo completamente o leito do manancial e suas margens, provocando consequentemente as enchentes. As áreas que deveriam ser preservadas para suportar o transbordamento do rio são ocupadas por inúmeras construções civis.
Portanto, além do crescimento urbano desordenado, os principais problemas residem no desrespeito humano à um planejamento ambiental eficiente e, claro, na falta de atitudes conscientes desta problemática. Uma ocupação urbana inadequada, a falta de infraestrutura em drenagem, a poluição, o desmatamento, as queimadas e o descarte incorreto de resíduos sólidos são ações que só agravam. O depósito de entulhos de construção, lixo e esgoto também dificultam o escoamento de água, além de facilitar a proliferação de vetores de doenças. Na pressa por dar uma resposta ágil à população, o poder público vai pelas vias mais rápidas e não necessariamente mais baratas, na tentativa de minimizar os efeitos e prejuízos.
A questão só poderá ser enfrentada com eficiência se as diferentes abordagens e soluções para a drenagem – as do urbanismo e as da engenharia, forem combinadas. No verão, com o aumento dos índices pluviométricos, quando as chuvas são muito intensas, as enxurradas tendem a ocorrer e intensificar o poder das enchentes. A instalação de sistemas de drenagem são meios que ajudam a conter ou a escoar o curso das águas por meio de bocas de lobo, piscinões ou dutos, que levam o excesso de água para outra localidade.
A mudança das chuvas, com picos de precipitação concentrados em determinados locais, vem exigindo que a engenharia reveja procedimentos de dimensionamento. Melhorar o sistema de piscinões e promover soluções de drenagem com qualidade urbanística – parques lineares, renaturalização e estruturação de redes associadas a eixos de mobilidade – são meios previstos e em uso.
Existe ainda outro aspecto a ser considerado com relação às chuvas: as estruturas urbanas são vulneráveis também a chuvas não tão intensas, mas que se estendem por muitos dias. Os espaços que absorvem e detém as águas, seja o solo de áreas verdes permeáveis ou piscinões, esgotam sua capacidade. A canalização dos rios, que é feita para aumentar a velocidade de escoamento e posteriormente se voltaram ao armazenamento de grandes volumes em piscinões, também não resolvem este cenário de chuvas.
Há mundialmente uma forte promoção quanto ao processo de renaturalização, buscando a revitalização e a recuperação, como o controle efetivo das cargas poluidoras na bacia hidrográfica, o reestabelecimento das funções ecossistêmicas dos corpos d’águas e a integração da população no processo, a fim de garantir sua efetividade e durabilidade.
A implementação de projetos voltados para a renaturalização de rios exige a disponibilidade de áreas e novos conceitos na engenharia hidráulica e de planejamento territorial. Dentre alguns pontos que podemos destacar na está exatamente a remoção das canalizações que são trocadas por quebra-correntes de gabiões e pedras. As barragens podem servir para controle do fluxo de água no rio, mas ao invés de comportas e vertedouros, fazer uso de tentos transversais, que facilitam a migração de espécies, por exemplo.
Renaturalizar significa voltar ao natural, é a volta às características naturais do rio, com intervenções que visam promover um aspecto natural que favorece tanto a harmonia paisagística quanto a flora e a fauna do corpo d´água, procurando estabelecer um equilíbrio e uma dinâmica entre os limites e peculiaridades de um ambiente urbanizado e um ambiente mais natural, além de também visar a preservação e recuperação das áreas naturais de recarga e inundação.
A verdade é que as cidades ocuparam o espaço dos rios, alteraram solos e fluxos de superfície, e precisam ser adaptadas para que os moradores convivam em segurança com as chuvas. Um trabalho de integração dos diferentes tipos de conhecimento sobre a cidade é necessário e deveria acontecer em vários níveis da prática. Maior entrosamento entre procedimentos de drenagem e compreensão do potencial urbanístico ajuda planejar locais estratégicos para a implantação de parques e áreas verdes, áreas de risco prioritárias para receber projetos de qualificação habitacional ou até melhorar processos de controle do assoreamento. Uma melhor distribuição de recursos, maior monitoramento e real controle de riscos são questões que devem ser mobilizadas em conjunto; caso de não somente considerar a boa articulação de uma gestão urbana, mas primeiramente humana.
As margens renaturalizadas do Meno (Main), em Frankfurt.
São Paulo é uma das cidades que enfrentam grandes problemas no assunto devido ao crescimento urbano desordenado e sem planejamento ambiental. A CM conversou com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA), criada recentemente em 2019, que tem o objetivo de conduzir de forma sustentável o desenvolvimento socioeconômico em todo o território de São Paulo, por meio da gestão sistêmica das Políticas Estaduais de Meio Ambiente e Infraestrutura. Para desempenhar suas atribuições: Infraestrutura, que congrega as áreas de recursos hídricos, saneamento, resíduos sólidos, energia e mineração; e Meio Ambiente, que aglutina a coordenação do Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais – SEAQUA.
“As iniciativas da SIMA, com o apoio da Defesa Civil, buscam reduzir danos materiais e, principalmente, preservar vidas durante o período chuvoso. Por meio do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), nós temos realizado o desassoreamento dos rios, manutenção de pôlderes, construção e limpeza de piscinões, entre outras medidas preventivas. O recente estudo divulgado pelo Instituto Geológico também é uma ferramenta fundamental e que contribui para minimizar os efeitos de eventos, como deslizamentos de terra e inundações” – Marcos Penido, secretário da SIMA
Em 2020 o Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE, assumiu a operação dos conjuntos de pôlderes (equipamentos hidráulicos para controlar cheias) das pontes das Bandeiras, Casa Verde e Anhanguera, na Marginal Tietê. Com esta ação mais 26 bombas foram integradas ao sistema do DAEE, que já operava outros pôlderes nas pontes do Limão, Aricanduva, Vila Maria e Vila Guilherme. Os conjuntos funcionam de maneira integrada e permitem maior eficiência do processo. O DAEE realizou ainda a limpeza, capina, roçada e desassoreamento de 25 piscinões. Apenas em 2020 foram retirados 220.477 m³ destas estruturas e capinados mais de 892.090 m².
Para minimizar o impacto das chuvas na capital paulista, promoveu-se ações de desassoreamento de córregos, rios e piscinões, assim como a integração de pôlderes (estruturas hidráulicas artificiais), que minimizam os prejuízos na época das cheias. A marginal do rio Tietê possui 12 conjuntos de bombas, distribuídos em 7 pontes: Aricanduva, Vila Maria, Limão, Vila Guilherme, Bandeiras, Casa Verde e Anhanguera. São 47 equipamentos instalados que podem bombear, em média, 16,16 m³ metros cúbicos por segundo (16.160 litros por segundo) das marginais de volta para o rio. O bombeamento auxilia na retirada da água das marginais e do grande volume que chega dos bairros durante as chuvas. A ação é eficiente: A Holanda, por exemplo, é um dos países que utilizam em larga escala o sistema de pôlderes e a região se destaca no desenvolvimento de engenharia especializada nesse tipo de edificação. O país possui cerca de 3 mil pôlderes, alguns com mais de 50 mil hectares.
Além disto, outras ações contribuem ao quadro geral: atualmente, 24 piscinões são administrados pelo DAEE e no ano passado foram contabilizadas a remoção de 220.470 m³ de sedimentos nestes. Executa-se também um pacote de projetos para serviços e obras que visam combater as enchentes nas regiões do Rio e Alto Tietê. Em 2020, o DAEE desassoreou um volume de 431,5 mil m³ de sedimentos do rio.
Ponte Aricanduva tem 2 pôlderes. Na imagem, lado direito com 4 bombas instaladas.
Trabalhos de desassoreamento no Rio Pinheiros, em São Paulo.
O Encontro Regional Salvador acontece em formato virtual e marca o início de uma série de eventos que serão realizados em todas as capitais do país nos próximos meses.
No dia 23/02, a partir das 09h, o Connected Smart Cities e Mobility, iniciativa da Necta, realiza o Encontro Regional Salvador para debater sobre as iniciativas de smart cities no contexto da capital baiana. A edição conta com parceria da SPIn Soluções Públicas Inteligentes e marca a agenda de eventos regionais da plataforma, em 2021, em todas as capitais do país, contemplando 26 ações entre fevereiro e agosto.
O encontro em Salvador, Bahia, acontece ao vivo, em formato virtual, e reunirá especialistas em smart cities. A programação abordará indicadores de desenvolvimento da cidade, no contexto do Ranking Connected Smart Cities, e a apresentação do Plano Diretor de Tecnologias da Cidade Inteligente (PDTCI) de Salvador, lançado no início de 2020, que transforma a cidade na primeira capital brasileira com um plano diretor de tecnologia. Durante o Encontro Regional Salvador serão apresentados os destaques da cidade no Ranking Connected Smart Cities, que compreende 11 eixos analisados e 70 indicadores.
“A capital baiana melhorou 12 posições no Ranking, na comparação 2019/2020, com destaque para Mobilidade, Urbanismo, Governança, Empreendedorismo e Tecnologia e Inovação. Como toda cidade brasileira, Salvador possui pontos a evoluir, e o desenvolvimento do seu ‘Plano Diretor de Tecnologias da Cidade Inteligente’ é um dos seus principais aliados em seu desenvolvimento para uma cidade mais inteligente, sustentável e humana” – Willian Rigon, sócio e diretor comercial e marketing da Urban Systems, responsável pelo Ranking.
O Encontro faz parte das ações da 7ª edição do evento nacional Connected Smart Cities e Mobility, que acontece entre os dias 01 e 03 de setembro de 2021 e conta com várias iniciativas pré-evento, atividades que proporcionam espaços para integração e estimulam a inovação no setor público.
“Somos a principal plataforma do ecossistema de cidades inteligentes e mobilidade urbana no Brasil e fomentar esse tema da forma mais abrangente possível faz todo o sentido para o nosso trabalho. Os encontros e outras atividades permitem que o debate e as boas práticas para a cidades e mobilidade urbana alcancem mais municípios. E, assim como em Salvador, teremos uma agenda importante nas demais capitais e o envolvimento de vários atores com atuação no desenvolvimento mais sustentável das cidades” – Paula Faria, CEO da Necta e idealizadora do Connected Smart Cities & Mobility.
O Connected Smart Cities funciona como uma plataforma completa de conteúdo com múltiplos canais e formatos que permitem aos profissionais do ecossistema de cidades inteligentes acesso aos conteúdos: crível, analítico e relevante, por meio do: Ranking, evento, Prêmio, Learn e o portal, além do Connected Smart Mobility, que conta com site e conteúdo dedicado às discussões relacionadas a mobilidade urbana no Brasil
O Connected Smart Cities & Mobility, principal plataforma especializada no mercado de cidades inteligentes e mobilidade urbana no Brasil e uma das maiores da América latina, foi desenvolvida pela Necta e a Urban Systems e envolve empresas, entidades e governos. A iniciativa tem por missão encontrar o DNA de inovação e melhorias para cidades mais inteligentes e conectadas umas com as outras, sejam elas pequenas ou megacidades.
Cartilha lançada pela prefeitura de Salvador pode ser aproveitada por outras cidades, especialmente as que possuem bioma Mata Atlântica.
A prefeitura de Salvador, na Bahia, criou o Plano Diretor de Arborização Urbana, e como parte das ações lançou uma cartilha bem completa para plantios nos espaços urbanos. Quais espécies são mais indicadas e como plantar árvores em calçadas são algumas das dúvidas respondidas no documento que, apesar de ser intitulado “Manual Técnico de Arborização Urbana de Salvador”, pode ser aproveitado por qualquer cidade, especialmente as que possuem bioma Mata Atlântica.
Para plantios em passeios, por exemplo, o manual destaca a necessidade de verificar a largura do corredor, para harmonizar a circulação dos pedestres e o desenvolvimento da árvore. É preciso usar espécies com sistemas radiculares que reduzem danos nas calçadas e sistemas subterrâneos como água, esgoto e telefonia. Dentro os fatores de maior importância a se considerar para o plantio estão o porte, formato da copa (reduzindo a demanda constante e dispendiosa por podas) e adaptação ao clima. A distância da árvore de mobiliários urbanos como sinalização de trânsito, semáforos e hidrantes, é outro elemento importante considerado de acordo com o manual.
Um dos diferenciais do documento é o guia com fotografias e a ficha técnica contendo informações e características de cada uma das de 50 espécies indicadas para serem plantadas em ambiente urbano, como ambiente de origem, porte, locais para plantio e folhagem. Todas as plantas citadas são nativas da Mata Atlântica.
A publicação está disponível para download gratuito AQUI.
Saiba mais sobre a pegada de carbono na construção civil e como reduzi-la.
A construção civil é uma das áreas que mais contribui para a emissão de gases do efeito estufa, sendo praticamente protagonista no problema atual da pegada de carbono. A pegada de carbono é uma metodologia utilizada para calcular a emissão de gases do efeito estufa (GEE). Todos os gases nocivos ao planeta são convertidos em carbono equivalente. Os principais gases considerados para o cálculo são:
CO2 – Dióxido de Carbono: queima de combustíveis fósseis, desmatamentos e queimadas, transporte.
CH4 – Metano: agricultura, aterros sanitários e lixões.
N2O – Óxido Nitroso: combustão em carros, manutenção de solos agrícolas.
HFC – hidrofluorocarboneto: ar condicionado, refrigeração, retardadores de chamas, aerossóis e solventes.
PFC – perfluorocarbonetos: produção de alumínio.
SF6 – hexafluoreto de enxofre: equipamentos de eletricidade e energia.
Cada um desses gases possui um potencial diferente para aquecer a atmosfera. O Óxido Nitroso (N2O), por exemplo, é 310 vezes mais prejudicial que o dióxido de carbono. Isso significa que cada Kg de N2O equivale a 310 Kg de CO2. Dessa forma, utiliza-se o carbono como medida de grandeza para contabilizar esses gases.
O impacto ambiental causado por tais substâncias tem ganhado espaço na sociedade e na mídia. Diversos países se reúnem para discutir estratégias de redução de emissão de gases e assinam acordos de investimentos e comprometimento, como por exemplo o Acordo de Paris. 195 países assinaram o tratado mundial que objetiva conter o aquecimento global durante a COP21 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2015), em Paris. As medidas e metas do tratado passaram a valer no ano passado (2020), cada país dentro de seu contexto de crescimento populacional e econômico.
Hoje, o Brasil ocupa o 15º lugar na classificação mundial de quantidade de emissões de CO2 por consumo de energia. Muitas indústrias vêm atuando na redução da pegada de carbono. Contudo, ainda contam com baixos resultados, atingindo somente 10% nas reduções. A meta brasileira corresponde a uma redução de 66% na emissão de gases do efeito estufa por unidade do PIB até 2025 e de 75% até 2030. Ambas em relação a 2005.
Esquema de pegada de carbono por estado brasileiro. (2018)
Como a pegada de carbono é contabilizada
Diversas atividades do nosso cotidiano envolvem a emissão de gases poluentes. Boa parte dos alimentos que compramos chegou até o mercado pelo transporte de caminhões. Antes disso, ocupou terras de plantio ou de pasto. Tanto os caminhões quanto o desmatamento para agricultura e pecuária são atividades que aumentam os níveis de carbono na atmosfera. Para fazer a conta desses níveis é possível utilizar dois métodos: o ‘top down’ ou o ‘botton up’.
De cima para baixo, divide o total de emissões de uma entidade (organização, cidade, país…) pelas suas atividades.
‘Bottom Up’:
Atividades Geradoras ÷ Emissões = Emissões totais
Nesse caso são somadas as emissões de carbono de cada uma das atividades individuais.
A quantificação da emissão de carbono é necessária para contabilizar reduções e seu possível valor de comercialização. Sim, o carbono pode ser comercializado. Você já ouviu falar em créditos de carbono? É basicamente uma moeda de troca que consiste na não emissão de dióxido de carbono.
Representa um mercado de créditos que são gerados tanto na base da não emissão de gases, como em ações que revertem o problema. Programas de plantio de árvores ou de geração de energia renovável são exemplos dessas ações. Esses créditos podem ser comercializados. Assim, países ou empresas que não conseguem cumprir suas metas de redução, podem adquirir créditos.
Utilizamos o termo “sequestro de carbono” para atividades que absorvem carbono da atmosfera. A maior e mais natural delas é o crescimento de florestas. Cada hectare de floresta em crescimento pode absorver de 150 a 200 toneladas de carbono. A compensação de carbono é a procura pelo contrapeso das emissões de determinada empresa ou país.
A Construção Civil e a Redução da Pegada de Carbono
Em um edifício, devemos considerar os efeitos da pegada de carbono em dois momentos: Durante o período de construção e ao longo dos anos de uso. Um bom projeto e gerenciamento de obra são fundamentais para otimizar o processo, não adianta projetar uma casa eficiente se não forem considerados materiais e técnicas em sua construção. A etapa da obra geralmente é quando se tem o maior impacto. Cada material da construção (revestimentos, iluminação, estrutura, tijolos, portas, janelas…) também passa por um processo de fabricação, por isso o momento de especifica-los é de imprescindível importância, assim como entender o impacto desse processamento no ciclo de vida do material.
No Brasil, por exemplo, a siderurgia responde por cerca de 35% das emissões de carbono do setor industrial. Enquanto isso, a produção de cimento corresponde por 19%. Contudo, o aço pode ser reciclado, já o cimento, não. Se não houver uma logística de reciclagem, é muito possível que a destinação final seja o aterro sanitário ou algum lixão. Ambos são grandes emissores de gás metano e dióxido de carbono, portanto, quanto menos processado for o material, melhor. Deve-se priorizar o uso de materiais naturais facilmente assimilados pelo ambiente. Os principais materiais que emitem gases de efeito estufa são: aço, cal e o cimento.
Além da escolha dos materiais, existem outras técnicas que abrangem a redução da pegada de carbono em uma edificação e colaboram para reduzir os impactos do edifício durante seu uso. Uso de energia renovável (solar, eólica…); elementos passivos para conforto térmico, como brises e ventilação natural; captação de água da chuva; tratamento de água quando possível; paisagismo com vegetação densa; medição para alcançar melhorias; direcionar resíduos de obra para reciclagem, compostagem ou outras obras., etc, são algumas estratégias para empreendimentos mais sustentáveis e menos poluentes. É fundamental promover pesquisas acerca de materiais e técnicas construtivas. Assim, garante-se uma evolução constante de eficiência e qualidade na construção civil.
Uma boa ferramenta para elaboração de projetos de baixo impacto é a “Climate Positive Design”. Gratuita, ela permite que você simule o projeto com tipologias genéricas de plantas. Então, ela cria uma estimativa de quanto carbono foi poupado ou sequestrado com seu design.