Economia Circular e recuperação energética

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Brasil tem potencial de recuperar 800 mil toneladas de metais por ano com Economia Circular

 

Economia Circular é um Tratado Internacional publicado em 2015 e obrigatório para todos os países membros da União Europeia, entrou em vigor em 2020. O Tratado traz diversas medidas para aumentar a reciclagem, efetuar o tratamento térmico e biológico da fração pós-reciclagem (ou não reciclável) e eliminar por completo a utilização de aterros sanitários, permitindo apenas a disposição de materiais inertes em aterros que não podem ser reciclados, reutilizados ou aproveitados a sua energia.

Segundo Yuri Schmitke A. B. Tisi, presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética (ABREN), a recuperação energética é parte essencial e importante nessa equação, pois são poucos os resíduos passíveis de serem reciclados. Muitos dos materiais plásticos não são recicláveis e têm elevado poder calorífico que seria desperdiçado caso fosse destinado aos aterros sanitários, que além de causar severos danos ambientais, não contribui em absolutamente nada para a Economia Circular, e por isso não são mais considerados uma solução inserida dentro da Economia Circular.

Certificados “zero landfill” começam a tomar força, ainda mais com a agenda ESG que permeia as atividades empresariais, e produtos brasileiros exportados para a União Europeia passarão a perder valor se não forem devidamente certificados. Uma delas é o certificado da UL denominado zero landfill. A indústria que pretender aderir ao certificado deve reciclar todos seus resíduos que forem economicamente viáveis e tecnicamente possíveis, e destinar o restante para o tratamento térmico ou biológico, a depender da fração que se pretende tratar, sendo possível destinar para aterros apenas materiais inertes e que não trazem risco à saúde pública ou ao meio ambiente.

Yuri Schmitke comenta que hoje perde-se muito tempo em atividades periféricas de reaproveitamento e reutilização de resíduos, quando o foco deveria ser em implementar medidas de grande porte para os grandes centros urbanos, como o tratamento térmico por meio das usinas de recuperação energética (waste-to-energy) e o tratamento biológico por meio da biodigestão anaeróbia (apenas fração orgânica). Somente com a adoção de tais tecnologias é que se torna possível atingir plenamente o conceito de Economia Circular, e a participação do setor privado é essencial por meio dos modelos de concessão e project finance.

Segundo estudos da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA, 2015), o custo do atendimento médico à população afetada pela má gestão do lixo é calculado entre 10 e 20 $/T (dólares por tonelada) de resíduo sólido urbano (RSU), equivalente a uma média de 75 R$/t (reais por tonelada). Somente nas 28 regiões metropolitanas do Brasil com mais de 1 milhão de habitantes, seria assim possível economizar cerca de R$ 2,4 bilhões por ano, ou R$ 72 bilhões em 30 anos na saúde pública. Se consideramos todo o lixo não tratado e que pode causar dano à saúde pública, que representa aproximadamente 96% das 79 milhões de toneladas geradas por ano no Brasil, o gasto com a saúde pública perfaz a quantia de R$ 5,6 bilhões de reais por ano, ou R$ 160 bilhões em 30 anos.

Os locais onde as usinas de recuperação energética de resíduos (URE) foram implementadas apresentam também as taxas de reciclagem mais elevadas no mundo. No Brasil, elas permitiriam a recuperação de em média 23 kg de metais reciclados para cada tonelada de resíduo tratado. A implantação de usinas nas 28 regiões metropolitanas Brasileiras, com mais de 1 milhão de habitantes, teria potencial de recuperar mais de 800.000 toneladas de metais por ano, e que continuariam enterrados e perdidos. Aterros não permitem a recuperação de metais.

 

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Existe enorme potencial de investimento em biodigestão anaeróbia da fração orgânica dos resíduos, com geração de eletricidade a partir da queima do biogás ou utilização de biocombustível a partir do biometano, que constitui cerca de 55% da composição do biogás, e é um gás renovável que pode ser misturado em qualquer fração com o gás natural, podendo abastecer frotas de veículos, ônibus e caminhões. Outro importante potencial reside no coprocessamento, que consiste na separação e blendagem do Combustível Derivado de Resíduos (CDR), fração não reciclagem e inorgânica do RSU, que hoje já é utilizado em diversas cimenteiras em substituição ao coque (combustível fóssil), para produção de clínquer, utilizado na fabricação do cimento Portland, ou em outros processos industriais e para geração de eletricidade.

O Brasil possui 38 fábricas com licença ambiental para o coprocessamento, mas substitui apenas 16,2% do combustível fóssil por CDR, sendo que Alemanha substitui 62%, Bélgica 58%, Suécia 49%, França 35%, Itália 36% e Portugal 19%. Vale ressaltar, a utilização do CDR, que também pode ser por meio de resíduos industriais (têxtil, pneu, etc.), industriais perigosos e biomassa (carvão vegetal, lodo de esgoto e resíduos agrícolas), está dentre as metas de redução de gases de efeito estufa, sendo que a meta do Brasil para 2050 é substituir até 44% por combustíveis alternativos.

Se considerarmos um cenário hipotético que represente 58% de todo o lixo urbano gerado no Brasil (RSU), englobando as 28 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes, somados a 62 municípios com mais de 200 mil habitantes, poderão ser demandados investimentos de R$ 78,3 bilhões (CAPEX), nas 274 usinas URE (94), CDR (95) e Biogás (85), incluindo ainda o aumento de três vezes dos atuais índices de reciclagem.

Nesse cenário apresentado, é considerado o tratamento de 46 milhões de toneladas de RSU por ano, sendo destinado 62% para URE, 21% para CDR, 11% para biogás e 6% para reciclagem, sendo que somente 4% continuará sendo destinado para aterros. Serão gerados 15 mil empregos diretos, e evitados 63 milhões de toneladas de CO2 equivalente, o que corresponde a 192 milhões de árvores plantadas por ano, área similar ao Município de São Paulo.

Outros programas também são importantes, como a implementação efetiva da coleta seletiva, programas de educação ambiental, logística reversa e exoneração tributária no beneficiamento e recuperação de materiais. Por meio de estratégias que induzam comportamentos positivos na sociedade, torna-se possível atingir melhores índices de reciclagem, reaproveitamento e reutilização de resíduos, assim como a aceitação de que a recuperação energética da fração não reciclável é parte vital neste processo. No entanto, espera-se que o Brasil possa efetivamente entender o que significa Economia Circular e aproveitar os seus benefícios, que ocorrem de forma especial na geração de energia limpa por meio da fração não reciclável dos resíduos.

 

Sobre a ABREN

A Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) tem como objetivo fomentar a recuperação energética de resíduos, resolvendo simultaneamente dois grandes problemas atuais do Brasil e do mundo: a destinação dos resíduos sólidos e a geração de energia limpa. A problemática dos resíduos, produzidos em quantidades cada vez mais monumentais, danificando o meio ambiente, a biodiversidade e a saúde pública, passou a ter uma solução, o da recuperação energética.

A ABREN integra o Global Waste to Energy Research and Technology Council (GWC), instituição de tecnologia e pesquisa proeminente que atua em diversos países, com sede na cidade de Nova York, Estados Unidos, tendo por objetivo promover as melhores práticas de gestão integrada e sustentável de resíduos por meio da sua recuperação energética, conhecida como Waste-to-Energy (WTE) ou Energy from Waste (EfW). O Presidente Executivo da ABREN é também o Presidente do WtERT Brasil, representando desta forma o Conselho Global do WtERT (GWC).

É também associada da Associação Internacional de Resíduos Sólidos ou International Solid Waste Association (ISWA) e da Federação da Indústria Alemã de Gerenciamento de Resíduos, Água e Matérias-primas ou Bundesverband der Deutschen Entsorgungs, Wasser-und Rohstoffwirtschaft e. V. (BDE), o que permite à ABREN receber informações relevantes sobre o mercado de resíduos internacional, participar de eventos, integrar grupos técnicos de trabalho e buscar a troca de conhecimento para o desenvolvimento do mercado brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: ABREN
Imagens: Ilustrativa

 

 

 

 

Sustentável e criativo

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Um escritório que desperte a imaginação e promova o bem-estar conectando funcionários e natureza caracterizam este projeto no Vale do Silício

 

Alugado inteiramente pela Apple, Inc., o Central + Wolfe, um campus curvilíneo de concreto e vidro com 18 acres projetado pelo escritório norte americano HOK, possui três edifícios principais em forma de pétala, um edifício autônomo de comodidades e uma estrutura de estacionamento. O ecossistema único do norte da Califórnia está em exposição total em todo o local, com praças abertas, quadras esportivas, trilhas e espaços verdes paisagísticos que integram sequoias, carvalhos vivos e gramíneas nativas.

Uma fachada de vidro curvada tricota as três asas de escritório para formar uma instalação unificada em forma de trevo. Os edifícios de escritórios parecem flutuar acima da ponte de entrada do terceiro andar porte-cochères que se assemelham a varandas gigantes e dão aos transeuntes vistas claras para o coração do campus. O design flexível permite que os três edifícios operem juntos para um único inquilino ou independentemente e subdivididos para múltiplos ocupantes. 

 

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Central Wolfe Exterior x

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O design biofílico traz o exterior para dentro de casa e cria espaços de trabalho ao ar livre, proporcionando uma rica variedade de experiências que colocam os funcionários em contato com a natureza. Os três edifícios e construções de comodidades separadas incluem um quadrilátero interior que funciona como principal centro social e local de encontro.

 

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O campus alcançou o status LEED Platinum e os edifícios foram projetados para serem zero energy.  As saliências de concreto atuam como uma extensão da laje do chão e protegem as paredes de vidro do ganho de calor solar. A estratégia do estacionamento foi preservar 53% do local com espaço aberto. Jardins de águas pluviais repletos de flores silvestres nativas e perenes coletam e tratam o escoamento da água da chuva em biowales.
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Central Wolfe Overall Courtyard x Easy Resize com
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Fonte: HOK
Imagens: TIM GRIFFITHS e Divulgação

Oxigênio na produção de cimento: substituição de combustíveis

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Enriquecimento do ar de combustão com O2 no processo de produção é um dos mais buscados pelo setor de construção, bem como o uso do nitrogênio

 

O setor da construção civil no Brasil teve o maior crescimento em oito anos segundo *dados da Câmara Brasileira da Industria da Construção (Cbic). Outro dado, da *Associação Brasileira de Materiais de Construção (Abramat), aponta que os 22 segmentos que compõem o setor tiveram expansão real de mais de 24%, no último semestre. A projeção de crescimento para o setor foi revisada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e passou de 4% para 8%.

São boas notícias, portanto, para o segmento de cimento, material fundamental para a construção civil, cuja produção, por sua vez, está ligada à indústria de gases industriais, que fornece oxigênio e nitrogênio a fim de tornar todo o processo produtivo, seguro e sustentável.

A aplicação do oxigênio pela indústria de cimento ocorre, no estágio inicial.  A matéria-prima, composta de calcário, argila e outros materiais, é misturada lentamente a altas temperaturas (em torno de 1450 ºC) e para isso são utilizados grandes fornos rotativos com queimadores e câmaras de pré-calcinação, que queimam combustíveis na presença de ar, composto majoritariamente por nitrogênio e por apenas 21% de oxigênio, o elemento comburente.

O segredo para a maior produtividade desse processo é, portanto, a adição de oxigênio puro ao ar de combustão, elemento que aumenta a temperatura da chama da combustão e também possibilita queimar maiores quantidades de combustíveis alternativos, como pneus e blends, em substituição ao coque, (carvão mineral), gerando redução de custos com combustíveis.

 

“Quando aumentamos a concentração de oxigênio nos processos de combustão, a temperatura da chama se eleva, o que gera mais calor, possibilitando aumento de produção. O aumento do % de oxigênio no ar de combustão possibilita também a queima de maior quantidade de combustíveis com menor poder calorífico, como resíduos descartados por outras empresas, que iriam parar em aterros. Com a utilização de ar enriquecido se consegue obter aumentos de mais de 100% na quantidade de combustíveis alternativos queimados, em substituição ao coque, combustível não-renovável, o que torna a operação mais benéfica ao meio ambiente” – Fábio Mimessi, Engenheiro de Aplicações Especialista da Air Products Brasil.

 

Outro gás muito usado na produção de cimento, por razões de segurança, é o nitrogênio, diretamente aplicado nos silos em que o coque é armazenado. “Por se tratar de um produto combustível e que gera grande quantidade de particulados (poeira de carvão), os silos de carvão são atmosferas explosivas, com altos riscos de incêndios e explosões”, explica Mimessi.

Além de manter a segurança, o nitrogênio é usado para o resfriamento rápido do concreto, em obras de médio e grande porte, que podem precisar que o concreto atinja temperatura entre 15 ºC e 25 ºC a fim de evitar trincas e fissuras na produção de blocos. O resfriamento é feito por meio de injeção de nitrogênio líquido à temperatura de – 196º Celsius, no caminhão-betoneira ou na esteira de alimentação, que vai do silo até o caminhão.

Por ter uma temperatura tão baixa, o nitrogênio líquido resfria o concreto muito mais rápido, reduzindo em mais de 50% o tempo de preparação do concreto e gerando economia para a empreiteira. Em locais com temperatura ambiente acima de 30º a 32º C, o ganho é ainda mais notável, já que é muito difícil ou quase impossível se fazer o resfriamento adequado com gelo ou água gelada, devido às limitações destes produtos em termos de capacidade de resfriamento. Nestes casos, o uso de nitrogênio líquido é a única maneira de se conseguir baixas temperaturas no concreto, em pouco tempo e com viabilidade econômica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Valor. Globo /  Air Products Brasil.
Imagem: Divulgação

 

Museu da Língua Portuguesa será reinaugurado em julho

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Após incêndio, espaço reabre ao público reconstruído e com conteúdo renovado

 

O Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo,  será reinaugurado no próximo dia 31 de julho, reconstruído após o incêndio que o atingiu em dezembro de 2015. Um dos primeiros museus totalmente dedicados a um idioma, instalado na cidade com o maior número de falantes de português no mundo, na histórica Estação da Luz, o Museu celebra a língua como elemento fundador da nossa cultura. Por meio de experiências interativas, conteúdo audiovisual e ambientes imersivos, o visitante é conduzido a um mergulho na história e na diversidade do idioma falado por 261 milhões de pessoas em todo o mundo.

O Museu da Língua Portuguesa foi projetado pelo arquiteto britânico Charles Henry Driver e construído entre 1895 e 1901 pela São Paulo Railway Company. Iniciado em 2000 e inaugurado em março de 2006, o projeto arquitetônico da conversão em museu das outrora salas de escritório que ocupavam os seus interiores foi concebido por Paulo Mendes da Rocha e seu filho Pedro. O prédio é tombado pelo Iphan, Condephaat e Conpresp.

A reconstrução do Museu da Língua Portuguesa é uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo em parceria com a Fundação Roberto Marinho e tem como patrocinador máster a EDP; como patrocinadores Grupo Globo, Grupo Itaú e Sabesp; e apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e do Governo Federal por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O ID Brasil Cultura, Educação e Esporte é a organização social responsável pela sua gestão.

A cerimônia oficial de inauguração, no dia 31, terá transmissão ao vivo pelas redes sociais do Museu (Facebook e YouTube). A posterior abertura ao público se dará sob as restrições determinadas pelas medidas de combate à COVID-19. Os ingressos poderão ser adquiridos exclusivamente pela internet, com dia e hora marcados, e a capacidade de público está restrita a 40 pessoas a cada 45 minutos. Os visitantes receberão chaveiros touchscreen para evitar toque nas telas interativas.

 

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Passagem para o primeiro andar, vista para um dos saguões da estação da Luz.

 

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Uma das novidades do espaço é o Terraço, agora aberto ao público.

 

O conteúdo do Museu foi atualizado. Em sua exposição de longa duração, o Museu terá experiências inéditas e outras anteriormente existentes, que marcaram o público em seus 10 anos de funcionamento (2006-2015). Entre as novas instalações estão “Línguas do Mundo”, que destaca 23 das mais de 7 mil línguas faladas hoje no mundo; “Falares”, que traz os diferentes sotaques e expressões do idioma no Brasil; e “Nós da Língua Portuguesa”, que apresenta a língua portuguesa no mundo, com os laços, embaraços e a diversidade cultural da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Com curadoria de Isa Grinspum Ferraz e Hugo Barreto, o conteúdo foi desenvolvido com a colaboração de escritores, linguistas, pesquisadores, artistas, cineastas, roteiristas, artistas gráficos, entre outros profissionais de vários países de língua portuguesa. São nomes como o músico José Miguel Wisnik, os escritores José Eduardo Agualusa, Mia Couto, Marcelino Freire e Antônio Risério, a slammer Roberta Estrela d’Alva e o documentarista Carlos Nader. Entre os participantes de experiências presentes na expografia estão artistas como Arnaldo Antunes, Augusto de Campos, Laerte, Guto Lacaz, Mana Bernardes e outros.

Continuam no acervo as principais experiências, como a instalação “Palavras Cruzadas”, que mostra as línguas que influenciaram o português no Brasil; e a “Praça da Língua”, espécie de ‘planetário do idioma’ que homenageia a língua portuguesa escrita, falada e cantada, em um espetáculo imersivo de som e luz.

Já a exposição temporária de reabertura do Museu, “Língua Solta”, traz a língua portuguesa em seus amplos e diversos desdobramentos na arte e no cotidiano. Com curadoria de Fabiana Moraes e Moacir dos Anjos, a mostra conecta a arte à política, à vida em sociedade, às práticas do cotidiano, às formas de protesto e de religião, em objetos sempre ancorados no uso da língua portuguesa.

 

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Obra “Manuais de Liedo – lote1” – Marcelo Silveira

 

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Painel Português do Brasil.

 

Novo terraço e reforço de segurança contra incêndio 

Um dos principais prédios históricos de São Paulo, marco do desenvolvimento da cidade e querido por toda a população, a Estação da Luz tem uma importância simbólica única: foi uma das portas de entrada para milhares de imigrantes que chegavam ao Brasil. Era lá que eles, depois de desembarcarem dos navios em Santos, tinham o primeiro contato com a língua portuguesa.

Com a completa recuperação arquitetônica e readequação de seus espaços internos, o Museu manteve os conceitos estruturantes do projeto de intervenção original – assinado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e seu filho Pedro, em 2006 ­–  e ganhou aperfeiçoamentos. No térreo, o museu abre-se à estação, reforçando sua comunicação com a cidade. Nos andares superiores, espaços foram otimizados, novos materiais foram introduzidos e o museu ganhou mais salas para suas instalações. E no terceiro piso haverá um terraço com vista para o Jardim da Luz e a torre do relógio. Este espaço homenageará o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que morreu este ano. A nova versão foi concebida por Pedro Mendes da Rocha e desenvolvida nas etapas de pré-executivo e projeto executivo pela Metrópole Arquitetura, sob coordenação de Ana Paula Pontes e Anna Helena Villela.

A reconstrução também incorpora melhorias de infraestrutura e segurança, especialmente contra incêndios, que superam as exigências do Corpo de Bombeiros. Entre as novas medidas, está a instalação de sprinklers (chuveiros automáticos) para reforçar o sistema de segurança contra incêndio. No caso do Museu, os sprinklers não são uma exigência legal, mas foi uma recomendação dos bombeiros acatada para trazer mais segurança para o projeto.

Todas as etapas foram aprovadas e acompanhadas de perto pelos três órgãos do patrimônio histórico: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), órgão de âmbito estadual; e Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).

Sustentabilidade: foco no selo LEED e madeira recuperada 

O museu também será reaberto com certificação ambiental. As diretrizes de sustentabilidade pautaram toda a obra, e o Museu obteve o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) — um dos mais importantes do mundo na área de construções sustentáveis — na categoria Silver. Entre as medidas estão a adoção de técnicas para economia de energia na operação do museu; a gestão de resíduos durante as obras; e a utilização de madeira que atende às exigências de sustentabilidade (certificada e de demolição) em todo o Museu.

Cerca de 85% da madeira necessária para a recuperação das esquadrias foram utilizados do próprio material já existente no edifício, com a reutilização de madeira da cobertura original, datada de 1946. Já na construção da nova cobertura, foram empregadas 89 toneladas (67 m³) de madeira certificada proveniente da Amazônia.

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Praça da Língua, com vídeos projetados em 360 graus.

 

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Espaço Falares, que reúne vídeos e áudios de pessoas anônimas e famosas.

 

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Totens interativos trazem palavras cruzadas.

CONHEÇA MAIS 

EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA (1º Andar)

O 1º andar do Museu é dedicado às exposições temporárias. A mostra “Língua Solta”, que traz os diversos desdobramentos da língua portuguesa na arte e no cotidiano, marca a reinauguração do espaço. São 180 peças que vão desde mantos bordados por Bispo do Rosário até uma projeção de memes do coletivo Saquinho de Lixo, com curadoria de Fabiana Moraes e Moacir dos Anjos. Os visitantes terão contato com o embaralhamento proposto pelos curadores, conectando a arte à política, à vida em sociedade, às práticas do cotidiano e às formas de protesto, de religião e de sobrevivência – sempre atravessados pela língua portuguesa. Cartazes de rua, cordéis, brinquedos, revestimento de muros e rótulos de cachaça se misturam a obras de artistas como Mira Schendel, Leonilson, Rosângela Rennó e Jac Leirner, entre outros.

EXPOSIÇÃO DE LONGA DURAÇÃO (2º e 3º andares) 

2º andar – Viagens da Língua. Experiências:

Línguas do mundo – Em uma das novas experiências do museu, 23 mastros se espalham pelo hall do 2º andar, cada um com áudios em um idioma. São saudações, poemas, trechos de textos e canções em gravações feitas por falantes de português, espanhol, italiano, alemão, francês, inglês, russo, hindi, grego, armênio, farsi, árabe, idishe, mandarim, japonês, coreano, turco, yorubá, quimbundo, quéchua, guarani-mbyá, yanomami e basco. As línguas foram escolhidas entre as 7 mil existentes no mundo segundo os critérios de seus laços com o Brasil – principalmente pela imigração – ou por representarem diferentes regiões do mundo e suas famílias linguísticas.

Laços de família – O tema das várias línguas do mundo e sua organização em famílias segue pela parede do corredor da Rua da Língua. Um diagrama animado desenvolve-se para mostrar a evolução da família indo-europeia, da qual o português faz parte, e o parentesco entre grupos linguísticos.

Rua da Língua – A instalação que se estende por toda a Grande Galeria – mimetizando a linha do trem da Estação da Luz alguns andares abaixo – teve seu conteúdo todo renovado. Para convidar o visitante a refletir sobre a linguagem na vida urbana contemporânea, as telas “se transformam” em paredes, murais, outdoors. Como nas ruas das cidades, ali surgem a poesia-relâmpago dos fragmentos verbais eruditos e populares: expressões, provérbios, pichações, poemas, propaganda, inscrições anônimas da grande cidade, em desenhos surpreendentes. São criações de artistas como Augusto de Campos, Arnaldo Antunes, Guto Lacaz, Felipe Grinaldi, Fábio Moraes, GG (Susto), Mana Bernardes e Coletivo Bijari, a partir da consultoria especializada de José Miguel Wisnik e Antonio Risério, com roteirização de Wisnik e Leandro Lima. A experiência tem trilha sonora original de Alê Siqueira e Cid Campos.

Beco das palavras – Uma das experiências que se mantiveram no Museu, com tecnologia renovada. Nas mesas interativas, o público deve formar palavras, descobrindo, de forma lúdica, a origem das palavras da língua portuguesa e os mecanismos secretos com que nossa língua pode sempre se renovar. A consultoria é do linguista Mário Viaro, com roteirização de Marcelo Tas.

Palavras cruzadas – Um dos principais espaços expositivos do Museu desde sua inauguração, também teve sua tecnologia multimídia renovada. Oito totens interativos com recursos audiovisuais e painel explicativo expõem as influências das principais línguas e povos que contribuíram para formar o português do Brasil. A navegação pode ser feita por palavra, descobrindo sua forma e pronúncia na língua de origem, ou por povos, investigando sua cultura, tradições e sua chegada no Brasil.

O português do Brasil – Estudar o português do Brasil é também estudar a história da formação do país e de seu povo. Esta Linha do Tempo passeia por diferentes períodos históricos – desde o Império Romano e Mundo Árabe, passando pelas Grandes Navegações, influências indígenas e africanas até questões atuais – através da combinação de diferentes recursos expográficos, como vitrines com objetos, textos, depoimentos de especialistas, mapas animados, vídeos históricos e obras literárias

Nós da língua – A instalação “Nós da Língua Portuguesa”, novidade na exposição e que amplia a presença da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no Museu, tem duplo objetivo. De uma parte, mostrar a presença estabelecida da língua portuguesa no mundo: o idioma é falado hoje em cinco continentes por 261 milhões de pessoas. De outra, mapear suas novas movimentações.

Na instalação audiovisual, os pontos em comum e a diversidade que marcam a língua portuguesa no mundo são reveladas através de três eixos: o intercâmbio entre os povos com o mesmo idioma; a ruptura dos colonizados com a língua dos colonizadores; e a invenção, com as trocas que enriquecem a língua até hoje. O visitante navega pelos diferentes rostos e sotaques; imagens históricas; conflitos; paisagens; culturas e formas de comunicação que compõem as identidades dos países.

3º andar – O que quer e o que pode essa língua. Experiências: 

Falares – “Falares” é como a língua se expressa nas falas do Brasil, nos territórios, nos corpos – nas gírias, na fala dos mais velhos, na linguagem das ruas, nas rezas, nas brincadeiras das crianças. Uma das novas experiências audiovisuais do Museu – com consultoria de Marcelino Freire e Roberta Estrela Dalva, roteiro e direção de Tatiana Lohman –, forma o mosaico de um Brasil diverso.

Nove grandes telas verticais – que retratam anônimos e famosos, como a cartunista Laerte – formam uma espécie de “bosque” de falares, mostrando a diversidade do português brasileiro, suas variações geográficas e socioculturais. O visitante passeia por entre as telas, percebendo diferentes aspectos da língua portuguesa viva. Os depoimentos se desenvolvem em loop, com alguma conexão entre palavras, expressões e assuntos. Uma estação multimídia permite aos visitantes aprofundar a pesquisa sobre variação linguística, com o acervo de falares do país, depoimentos sobre a língua e explicações de especialistas.

O que pode a língua – No auditório, o público é convidado a mergulhar em um filme poético sobre o desenvolvimento da linguagem e seu poder criador, concebido e dirigido por Carlos Nader.

Praça da Língua – Uma das experiências originais do Museu, a Praça da Língua, espécie de ‘planetário do idioma’, mantém parte do seu conteúdo, homenageando a língua portuguesa escrita, falada e cantada em um espetáculo imersivo de som e luz.

Concebida por José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski, traz um mosaico de músicas, poesias, trechos literários e depoimentos em língua portuguesa – de Carlos Drummond de Andrade a Dorival Caymmi, passando por Fernando Pessoa, Nelson Rodrigues e Lamartine Babo –, interpretados por nomes como Maria Bethânia e Matheus Nachtergaele.

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Rua da Língua é um corredor com mais de cem metros que recebe projeções em vídeo.

 

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Auditório, no terceiro andar.

Fonte: Museu da Língua Portuguesa

Imagens: Eduardo Knapp

Expectativa para a COP-26 reacende debate sobre o mercado de carbono

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Se regulamentado, as discussões sobre o artigo sexto do Acordo de Paris podem colocar o Brasil como um dos maiores fornecedores do mundo de crédito de carbono

 

Apontado como uma das principais apostas para driblar a crise econômica gerada pela covid-19, mas ainda sem consenso global, o mercado de carbono é um dos assuntos mais esperados da última década e, caso seja regulamentado, pode se tornar importante fonte de investimento para o Brasil. Essa é a defesa da especialista em Direito Socioambiental Samanta Pineda.

A advogada explica que, com a aproximação da COP-26 (Conferência das Nações Unidas sobreas Mudanças Climáticas), agendada entre os dias 1 e 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, é chegada a hora dos Países que assumiram grandes responsabilidades durante a COP-21 prestarem contas e apontarem os avanços relacionados ao artigo sexto do Acordo de Paris.

O tratado, criado em 2015 e discutido por mais de 190 nações, substituiu o Acordo de Kyoto, que já havia tentado implementar mecanismos de desenvolvimento limpo, e visa reduzir o aquecimento global – isso inclui, principalmente, esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C, em relação aos níveis pré-industriais. Além disso, tem o propósito de proporcionar mais cooperação entre a sociedade civil e o setor privado e, entre outros pontos importantes, regulamentar o mercado de compra e venda de créditos de excedentes de redução de emissões.

 

“Essas revisões ocorrem a cada cinco anos. Então, a expectativa é que o mundo fale sério e regulamente esse mercado oficialmente em novembro. Como o mecanismo de desenvolvimento limpo apresentado pelo Acordo de Kyoto não aconteceu, e sem a presença de um mercado oficial mundial de carbono, passou a ser
executado um mercado voluntário, onde, sem exigências legais, as empresas que emitem, compram daquelas que não emitem. Por isso que a expectativa em Glasgow é tão grande” – Samanta Pineda, especialista em Direito Socioambiental.

 

Se aplicado, a troca de ITMOs (Resultados de Mitigação Internacionalmente Transferidos), prevista no artigo 6.2, mas ainda pouco definida, será uma boa oportunidade para o Brasil – inclusive para a iniciativa privada. Isso porque o termo faz referência a transferências de resultados de emissões ou remoções de gases de efeito estufa de um País para o outro. Havendo consenso, ganha quem tem potencial para excedente de NDC (em português: Contribuição Nacionalmente Determinada). A sigla envolve compromissos voluntários criados por cada país signatário do Acordo de Paris para colaborar com a meta global de redução de emissão. E os dados estão a favor do Brasil.

Ainda de acordo com Samanta Pineda, esses países que emitem precisam pagar para quem emite menos, no caso o Brasil. “Nós temos um grande potencial de captação de gases de efeito estufa e a gente precisa desse mercado regulamentado”, finaliza a advogada, lembrando que o território brasileiro tem capacidade de ser um dos maiores fornecedores do mundo em crédito de carbono.

 

Brasil no mercado de carbono

Segundo um levantamento feito em 2018 pelo Seeg (Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa), que avaliou as nações que mais provocam desequilíbrios no efeito estufa, o Brasil aparece bem abaixo de regiões como a China, Estados Unidos, União Europeia e Índia. Naquele ano, ocupou a sétima posição do ranking e emitiu 1,9 gigatonelada de carbono.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Juliana Rangel
Imagem: Divulgação

Exuberância INTEGRADA

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Projeto integra floresta nativa e reduz ao máximo desperdícios

 

Localizada no condomínio Iporanga, em Guarujá – São Paulo, dentro de uma área bem protegida de Mata Atlântica original, a Casa Guarujá precisou cumprir alguns pré-requisitos por conta de sua privilegiada localização: de modo a preservar a exuberância dessa floresta nativa, a lei permite ocupar apenas 30% da superfície do terreno e o desafio para o escritório Nitsche Arquitetos era acomodar um programa que exigia não menos que 450 m2 para ser construído. Para conseguir isso, foi necessário dividir o programa em três níveis.

O lote de 1.310m² com inclinação constante de 14% permitiu a inserção de um porão, coberto por uma laje de concreto, no qual localizam-se a garagem, áreas técnicas, sauna e spa; estes últimos com vista para a mata no exterior. Há também uma pequena acomodação para um casal de empregados, uma lavanderia e um depósito.

 

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Quatro pilares de aço elevam o volume dos quartos definidos por duas Pratt Truss, criando um espaço livre entre o primeiro andar e o porão. As janelas do quarto se abrem para o topo das árvores e a sombra criada por essa estrutura define a área social. O andar central se constitui por um espaço quase inteiramente aberto, protegido por painéis deslizantes de vidro transparente, permitindo que a floresta seja vista em todos momentos. Painéis camarão de cimento garantem a privacidade, trazendo também dinamismo à fachada. As grandes portas de correr de vidro permitem que os quartos e a cozinha se misturem com um espaço externo coberto, dissolvendo os limites entre interior e exterior, fazendo com que todos os espaços desse nível se integrem.

 

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A construção configurou-se mais como montagem de peças do que processo in loco, reduzindo o desperdício no canteiro de obras e agilizando a construção, tendo em vista a área de trabalho limitada, utilizando os materiais industrializados de forma mais eficaz possível. Garagem é em concreto aparente com sistema de laje tipo cubeta moldada in loco e os materiais em destaque são concreto, aço e vidro. Estruturas metálicas da Engemetal, painéis da fachada da Soltis , marcenaria de Leonhardtdecor e  iluminação da Reka.

 

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Por Redação

Imagens: André Scarpa

 

 

 

Floresta Vertical

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Projeto de conceito pioneiro na construção ecológica une ciência inovadora, sistemas passivos bioclimáticos e tecnologias pró-ativas

 

A torre sustentável Tao Zhu Yin Yuan, em construção no Distrito de Xinyi, na cidade de Taipei, em Taiwan, foi inspirada na estrutura de dupla hélice do DNA e contará com aproximadamente 23 mil árvores, arbustos e plantas distribuídos em seus 20 andares, cujo conceito arquitetônico é se tornar uma eco-construção residencial autosuficiente de energia, cuja energia é elétrica, térmica e também alimentar.

O projeto de aproximadamente 42.705 m² de área total, idealizado pelo escritório Vincent Callebaut Architectures e ganhador do International Architectural Competition em 2010, propõe criar um fragmento de paisagem vertical com consumo de energia mínima, uma espécie de “árvore habitada”. O edifício de design sinuoso completa uma torção de 90 graus à medida que sobe, uma volta de 4,5 graus por nível, e o formato foi escolhido aplicando-se o conceito taiji do ciclo incessante da vida, com base em quatro critérios: integrar-se ao perfil piramidal da volumetria da edificação, determinada pelos afastamentos urbanos; gerar uma área para jardins em cascata, suspensos ao ar livre; oferecer vistas panorâmicas do skyline de Taipei para todos os residentes; e fornecer privacidade a cada apartamento, evitando eixos visuais diretos.

Projetado também para aproveitar as condições climáticas e ambientais de seu terreno, as áreas verdes pretendem que o edifício absorva 130 toneladas de dióxido de carbono do ar anualmente, com cobertura verde de 246%, o que é quase cinco vezes maior do que o exigido pela regulamentação local. O escritório realizou análises de iluminação natural, análises térmicas e eólicas para refinar o projeto, otimizando a luz natural e a ventilação em todo o edifício. Design proposto para codificar um verdadeiro purificador de ar!

 

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O núcleo central do edifício possui um sistema de fachada dupla, que permite o controle passivo do clima na circulação vertical e espaços internos. Outras características ambientais incluem um sistema de reciclagem de água da chuva, vidro de alta performance, uma matriz solar fotovoltaica na cobertura, elevadores eficientes e monitores de poupança de energia automatizados que se adaptam às condições climáticas.

A estimativa é que toda essa “floresta verde”, habitada e cultivada através de seus próprios habitantes, absorva cerca de 130 toneladas de carbono por ano – um número cinco vezes maior que o exigido pela regulamentação local. As plantas fornecem oxigênio, deixam o ambiente mais úmido e atenuam o barulho.

 

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VCA TAO ZHU YIN YUAN Easy Resize com

 

As plantas baixas das unidades seguem dois layouts típicos em pavimentos alternados, para melhor se ajustarem à estrutura de vigas treliçadas. Cada unidade contém 550 metros quadrados de espaço aberto, sem colunas, permitindo a máxima flexibilidade dos layouts internos e cada dupla hélice é representada no projeto por duas unidades habitacionais formando um nível completo. O edifício conta com um sistema estrutural de alta resistência à terremotos e intempérie, integrando um conceito sísmico de grau nuclear.

 

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Por Redação
Imagens: Vincent Callebaut Architectures

 

 

WELL: Certificação para SAÚDE e BEM-ESTAR

Imagens Recorte MIDIAS T Easy Resize com

Certificação WELL pode ser obtida em qualquer fase do ciclo de vida da edificação

 

A Certificação WELL surgiu em 2014 e é a primeira no mundo voltada exclusivamente sobre a saúde, qualidade de vida e bem-estar das pessoas que utilizam o ambiente construído. Durante a live de estreia da série BW Works, promovida pelo Movimento BW Expo, Summit e Digital, no dia 27 de maio, o engenheiro Eduardo Straub, sócio-proprietário da StraubJunqueira, afirmou que a certificação pode ser obtida em qualquer etapa do ciclo de vida da edificação, uma vez que é possível fazer adaptações no empreendimento construído. Após a primeira certificação, é necessário realizar uma recertificação a cada três anos justamente para verificar se suas características estão sendo mantidas. Como presidente do Comitê de Qualidade do Ar para adaptação da Certificação WELL na América Latina e atuando desde 2009 com as certificações de empreendimentos que buscam selos verdes, Straub comentou sobre os requisitos de desempenho da WELL, que englobam sete categorias: ar, água, alimento, luz, fitness, conforto e mente.

Todo esse processo é responsável por impulsionar o mercado e desafiar os arquitetos e designers a olharem não somente para o meio ambiente, mas também para as particularidades deste ambiente construído que impactam diretamente na saúde e bem-estar dos usuários. Portanto, a importância da certificação WELL é trazer à tona essa necessidade de reinventar os edifícios de forma que o usuário seja colocado em primeiro lugar.

 

“Sem dúvida, é mais fácil incorporar os requisitos da certificação no projeto, mas no Brasil existem dois edifícios construídos que foram adaptados para obtenção da WELL. Mesmo em construção, é possível também conquistá-la. Isso porque ela é uma certificação muito mais voltada à operação” – Eduardo Straub

 

Na avaliação de Straub, a WELL trabalha fortemente o Social da sigla ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa), pois atua diretamente com o stakeholders internos das empresas, ao proporcionar condições adequadas ao ambiente de trabalho. A certificação contribui na implantação de políticas de Recursos Humanos relacionados à saúde e bem-estar dos profissionais, em questões ligadas aos benefícios, suporte ao colaborador e sua família.

Em termos de ambiente, ele trouxe exemplos para melhorar a qualidade do ar, a iluminação, a acústica e utilizar mais elementos naturais no interior dos edifícios. Além disso, a certificação incentiva as empresas a adotarem programas que podem ajudar as pessoas a buscarem novos hábitos saudáveis em sua rotina e a realizar mudanças positivas de comportamento.  “Ao promover um ambiente de trabalho que levem os colaboradores a se sentirem bem resulta em pessoas felizes, seguras e engajadas e como consequência há um aumento de produtividade”, reforçou Straub.

Em termos de valores, uma certificação, em geral,  impacta de 3% a 5% no custo total da construção, conforme calcula Straub. Mas, esse índice pode ser maior ou menor, de acordo com as intervenções no ambiente construído, durante a construção ou no projeto. Outro ponto importante é que a WELL é complementar as certificações verdes, em especial o LEED. “Não se pode tirar nem uma nem outra. Precisamos continuar com foco na sustentabilidade ambiental e, ao mesmo tempo, se preocupar com as pessoas que estão no ambiente construído”, finalizou.

 

O BW Works Well Certification está disponível no site oficial do Movimento BW.

 

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A certificação WELL foi resultado de sete anos de pesquisa, em colaboração com profissionais da saúde e do meio acadêmico. A Certificação foi lançada pelo International WELL Building Institute (IWBI) e administrada em parceria com o órgão certificador Green Building Certification Institute (GBCI), também responsável pela certificação LEED Green Building Rating System.
Esta nova agenda da sustentabilidade agora inclui as pessoas como peça central, a certificação WELL é baseada no monitoramento dos impactos dos empreendimentos na saúde e bem-estar de seus ocupantes. A certificação permite que proprietários e incorporadores projetem espaços que promovam a saúde e bem-estar, bem como o aumento da produtividade e conforto dos usuários baseado em medições periódicas.
O Well possui uma abordagem holística sobre elementos do ambiente construído através de sete conceitos:

  1. Ar
  2. Água
  3. Nutrição
  4. Iluminação
  5. Fitness
  6. Conforto
  7. Mente

 

  1. AR

52% dos empreendimentos apontam (Occupational Safety and Health Administration, 1999) que os problemas relativos a qualidade do ar estão intrinsicamente ligados a ventilação inadequada. Em segundo lugar foi apontado problemas de contaminação interna do ar, com 16%, seguindo por fontes de contaminação externas ou desconhecidas.
A abordagem do WELL é otimizar e alcançar um desempenho superior na qualidade do ar no interior da edificação. Dentre os temas que representam esta categoria estão: o teste de qualidade do ar e seu monitoramento; filtragem e tratamento do ar interno; ventilação mínima necessária para a saúde dos usuários; controle de umidade do ar; seleção de materiais atóxicos; utilizar processo de construção que garantam uma melhor qualidade do ar para os trabalhadores durante a obra, reduzindo a quantidade de particulado em suspensão.

 

  1. ÁGUA

A grande preocupação no requisito de água, não é o consumo, mas sim, a qualidade da água consumida, acesso a água potável e filtragem da água. Uso de cloro e outros produtos para desinfecção; bactérias; sedimentos; quantidade de minerais dissolvidos na água; dureza da água são alguns critérios que devem ser considerados para a atendimento do WELL.

 

  1. NUTRIÇÃO

O WELL incentiva melhorias no habito alimentar através de cultivo de alimentos no empreendimento, respeito a restrições alimentares, local adequado para estoque e preparo de alimentos e pontos para higienização das mãos no empreendimento.

 

  1. ILUMINAÇÃO

Um projeto de iluminação adequado, dimensionamento de aberturas e controle de iluminação podem auxiliar no ritmo circadiano, além de melhorar a produtividade e humor dos usuários.
Os empreendimentos devem ser atentar aos seguintes conceitos para atendimento do WELL:  acesso a iluminação natural; iluminação artificial apropriada para a tarefa; ofuscamento; temperatura de cor.

 

  1. FITNESS

Para o atendimento desta categoria, o empreendimento deve estimular a atividade física. Os requisitos são voltados a incorporar atividades no dia a dia dos usuários, através da inclusão de escadas ergonômicas, projeto exterior agradável e com conexão a infraestrutura local, incluindo ciclovias, se possível.

 

  1. CONFORTO

As estratégias incorporadas no tema Conforto incluem: conforto térmico; acústico; ergonômico; e olfativo, acessibilidade e controlabilidade dos sistemas.

 

  1. MENTE

Os requisitos têm como objetivos melhorar a saúde mental e emocional dos usuários do empreendimento. O projeto deve acomodar espaços que promovam o relaxamento, desenvolver pesquisa de satisfação entre os funcionários sobre a qualidade do ambiente construído.

 

 

 

 

Fonte: BW e GBC Brasil
Imagens: Divulgação

 

Concreto VERDE

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Respeitando a topografia em aclive, casa é construída com materiais e sistemas sustentáveis

 

 

Localizada em Salto de Pirapora, uma cidade satélite a 25 km de Sorocaba, a casa de 220 m²  projetada por João Paulo Meirelles de Faria, do Vereda Arquitetura, foi construída em um terreno aclive, com vista para uma pequena reserva legal, que margeia um córrego. “O projeto se estrutura a partir de três volumes de alvenaria parcialmente enterrados e com níveis variados de acordo com a topografia”, explica o profissional.

Em busca de uma construção sustentável – tanto em uso de materiais, como em sistema de infraestrutura – a casa possui cobertura de concreto apoiada em quatro pilares. “Ela foi concretada a partir de formas de painéis pré-moldados e sua forma regular – um retângulo de 14 X 10,40 m – não coincide com os perímetros dos demais blocos, produzindo áreas cobertas abertas, varandas e jardins internos”, explica. As lajes se tornaram telhados verdes que captam água de chuva e, ao fundo do terreno, placas solares e caixas d’água atendem a casa, aproveitando o desnível.

Respeitando a inclinação do terreno, que possui cerca de mil m², a casa foi construída com materiais simples, que dispensam pintura. É dividida em três volumes – no primeiro está a cozinha e lavanderia; no segundo, os quartos e, por último, o banheiro, closet e quarto principal.

A arquitetura da casa foi constituída a partir de quatro pilares, que apoiam a cobertura de concreto. A cobertura da casa foi feita a partir de painéis com capa pré moldada (M3SP Engenharia) e, depois, preenchidos com concreto moldado in-loco. Como o terreno tem inclinação acentuada, isso levou a criação de diferentes alturas de pé-direito. As lajes tornaram-se jardins, que se mesclam com o verde do entorno e garantem conforto térmico. Aproveitando o aclive, placas solares e caixas d’água foram alocadas no fundo do terreno.

 

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Internamente, a casa tem área social integrada, com pé direito de 4 metros. Uma arquibancada de concreto é, além de escada, também uma boa prateleira. Além do concreto, o vidro (Blindex) aparece como um material importante, como divisória e porta, que permite entrada de luz natural. A madeira (Armazém Brasil – Móveis e Projetos) também aparece, ao fundo, na porta.

Aberta para o exterior, a área social é fluida e sem barreiras. No mezanino, o quarto do casal pode ser fechado com cortinas, quando a privacidade for desejada. O mobiliário é solto e leve. O piso é de cimento queimado, feito no local.

A laje se estende, em um dos lados da casa, sombreando uma pequena varanda, perfeita para aproveitar a vista. Toda a casa se conecta com o exterior e é constantemente banhada por luz natural. Sua arquitetura privilegia a ventilação cruzada, garantindo conforto térmico.

 

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A casa foi construída para se adaptar ao formato do terreno, bastante íngreme. Em busca de sustentabilidade, diversos estudos foram feitos, considerando uma laje com jardim e captação de água pluvial.

 

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Por Marcela Millan
Imagens: André Scarpa